quinta-feira, 30 de outubro de 2014

CURA NUM SÁBADO Lc 14,1-6 - 31.10.2014


HOMILIA

Esta narrativa de Lucas é mais uma dentre as inúmeras narrativas encontradas nos evangelhos, que destacam a reação e a perseguição dos chefes religiosos de Israel diante do comportamento libertador de Jesus. A cena tem bastante semelhança com a cura no sábado, do homem da mão seca ou da mulher encurvada. Este homem e esta mulher simbolizam o povo imobilizado e encurvado pelo sistema opressor da Lei da sinagoga e do Templo. Agora, o hidrópico representa os ilustres convivas do chefe fariseu, inchados de orgulho e satisfação por suas posições privilegiadas e pelo poder de sua doutrina. A cura do hidrópico significa o ato libertador de Jesus para com os submissos à ideologia doutrinal e legal.
            O descaso para com a observância sabática é uma das práticas mais comuns de Jesus, o que causa a reação dos fundamentalistas observantes. Libertar os que estão sob jugo da ideologia opressora é uma opção prioritária de Jesus. Jesus age com uma coerência que desnorteia aqueles que, apegados ao poder, o rejeitam. Acabarão decidindo, então, que só resta o caminho da violência para eliminar Jesus.
            Porém, Jesus se vai entregar em Sacrifício para ser nosso alimento: Tomai todos e comei. Tomai todos e bebei, isto é o meu corpo este é o meu sangue.  E tudo acontece e tem o seu final no dia da Ressurreição do Senhor, como nos diz são Paulo. Se Cristo não ressuscitou vá é nossa fé.
            Assim sendo, a Eucaristia faz parte do domingo. Na manhã de Páscoa, primeiro as mulheres, depois os discípulos, tiveram a graça de ver o Senhor. Nesse momento, compreenderam que, doravante, o primeiro dia da semana, o domingo, seria o dia dele, o dia de Cristo. O dia do início da criação tornava-se o dia da renovação da criação. Criação e redenção caminham juntas.
            É por isso que o domingo é tão importante. É belo que, nos nossos tempos, em tantas culturas, o domingo seja um dia livre ou, com o sábado, constitua mesmo o que se chama o fim-de-semana livre. Esse tempo livre, contudo, permanece vazio se Deus não estiver aí presente.
            Às vezes, num primeiro momento, pode tornar-se talvez incómodo ter de prever também a Missa no programa do domingo. Mas, se a tal vos comprometerdes, constatareis também que isso é precisamente o que dá a verdadeira razão ao tempo livre. Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudem também os outros a descobri-la. Porque a alegria de que precisamos emana dela, devemos certamente aprender a perceber cada vez mais a sua profundidade, devemos aprender a amá-la. Comprometamo-nos nesse sentido porque isso vale à pena! Descubramos a profunda riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não fazemos a festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que nos prepara uma festa.
Fonte Padre BANTU SAYLA

O AMOR DE JESUS POR JERUSALÉM Lc 13,31-35 - 30.10.2014


HOMILIA

Após apresentar a denúncia de Jesus sobre a infidelidade de Israel, Lucas insere este diálogo envolvendo alguns fariseus e Jesus. Estes fariseus simulam proteger Jesus das ameaças de Herodes, preposto do império romano, com autoridade sobre a Galiléia. Pois, Herodes já havia mandado matar João Batista, e Jesus, cuja prática se assemelhava à de João, estava também ameaçado. E não só agora com um forte propósito de terminar a Sua Missão: Vão e digam para aquela raposa que eu mandei dizer o seguinte: Hoje e amanhã eu estou expulsando demônios e curando pessoas e no terceiro dia terminarei o meu trabalho.
A resposta de Jesus é um recado a ser dado a Herodes por estes fariseus, que Jesus percebe estarem fazendo o jogo de Herodes. Jesus chama Herodes de raposa e, com uma frase repetida, afirma que continuará seu ministério e seu caminho rumo a Jerusalém. A morte não o intimida. Sabe que está mais próxima a morte por parte dos chefes religiosos de Jerusalém do que por parte de Herodes. Com uma sentença em estilo profético Jesus faz ainda um apelo à conversão a Jerusalém, capital do judaísmo, caracterizando-a como a cidade que mata os profetas.
Poderíamos assim dizer que Ele nem estava aí tanto pelo que herodes haveria de fazer-lhe quanto do que o povo dizia. Ele está a caminho de Jerusalém. Com o seu ensinamento revela a sua rejeição pelo judaísmo e a sua acolhida por parte dos gentios. Mais do que a Herodes, Jesus sabe que paira sobre si a ameaça de morte por parte das autoridades religiosas com sede em Jerusalém. E então o clamor de indignação doe Jesus: Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!
Com uma sentença em estilo profético, Jesus faz ainda um apelo à conversão de Jerusalém, caracterizando-a como a cidade que mata os profetas.
Os judeus eram o povo escolhido de Deus. A este povo ele tirou do Egito, conduziu-os à terra prometida e lhes livrou dos inimigos. Sobretudo, a este povo Deus prometeu e enviou o Salvador Jesus.
Porém, este povo não foi grato a Deus. Desprezou a Jesus e não o aceitou como o seu Salvador. Quando Jesus esteve aqui na terra, dedicou muito tempo à cidade de Jerusalém. Durante três anos ensinou ao povo lá no templo o amor de Deus e a necessidade do arrependimento.
Jesus se preocupou com este povo porque ele viu que os seus corações estavam endurecidos. O povo de Jerusalém se tornara materialista, ocupando-se demais com as coisas do mundo e esquecendo-se de Deus.
A preocupação com as coisas materiais era tão grande que haviam tornado até o próprio templo numa casa de comércio. Em lugar de usar o templo para a pregação da Palavra de Deus, usavam-no para fazer dinheiro, vendendo e comprando objetos.
Jesus chamou várias vezes este povo ao arrependimento, mostrando-lhes o perigo que estavam correndo e a necessidade de se voltarem para Deus. Porém, o povo permaneceu indiferente. Não se arrependeu. Não reconheceu os seus pecados e nem se voltou para Deus.
Jesus esperava que eles chorassem de arrependimento. E como eles não chorassem, Jesus chora por eles. Chora de pesar, de tristeza e compaixão.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A PORTA ESTREITA Lc 13,22-30 - 29.10.2014


HOMILIA

A doutrina do "povo eleito" e da "Aliança" com Abraão, contida na Torá, dava ao povo judeu a certeza da salvação. Assim, aqueles que eram "filhos de Abraão" julgavam-se salvos.
Neste Evangelho Jesus fala, especialmente, para todos nós que caminhamos com Ele, meditamos na Sua Palavra e nos consideramos Seus servidores, mas não suportamos passar por provações, dificuldades e perseguições. O seguimento a Jesus Cristo implica, necessariamente, que passemos pela “porta estreita”, isto é, a via que para ser adentrada precisa que nós nos despojemos de toda a bagagem acumulada pela mentalidade do mundo, e, também, sejamos, purificados e alisados nas nossas arestas. A bagagem pode ser intelectual, psicológica, material, racional, idéias, pensamentos, julgamentos, pecados, etc. Portanto, é justo que passemos pelas dificuldades inerentes à nossa missão, em cada situação da nossa vida, as quais nos lapidam, para que estejamos aptos passar pela porta “estreita”.
Passar pela porta estreita requer de nós a vivência da humildade, da renúncia, da solidariedade, do perdão, da compreensão, da justiça que é o amor. Se não vivermos conforme os padrões evangélicos, mesmo que estejamos a serviço do Evangelho, nunca iremos caber na entrada que nos dá acesso a Casa do Pai. Isso não significa, porém, que só possamos ser salvos se passarmos por sofrimentos, todavia, por causa da nossa humanidade prepotente e vulnerável, somos seres que precisam ser polidos a fim de caber dentro da veste da santidade que o Senhor nos reservou. Às vezes, nós podemos estar ajuizando que pelo simples fato de que estejamos falando de Deus e anunciando o Seu amor, nós já temos garantida a nossa passagem pela “porta”. No entanto, o próprio Jesus fala que “virão homens do oriente e do ocidente… e tomarão lugar à mesa do reino de Deus!” Isso denota que os que ainda não tiveram acesso a Palavra de Deus, mas já a praticam, mesmo sem conhecê-La estão mais aptos a assumir o posto no reino de Deus e a participar do Banquete preparado para todos os povos. Entretanto, também podemos avaliar que nós, os que temos consciência dessa realidade, somos chamados a ser primeiros, quando, vivemos e assumimos as conseqüências da nossa adesão ao Evangelho, encarnando os ensinamentos da justiça de Deus na nossa vida.
Para você o que significa a porta estreita? – O que para você é mais difícil viver no seguimento de Jesus? – Você carrega muita bagagem: intelectual, material, idéias próprias, vontade própria? – O que você já tem desprezado para entrar pela porta estreita?
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O SEU PLANO DE AÇÃO! Lc 6,12-19 - 28.10.2014


HOMILIA

Sempre que Jesus se isolava para rezar, é porque havia algo de estrema importância por fazer. Dessa vez foi a escolha dos Doze Apóstolos. Apesar d’Ele ter o raciocínio rápido até demais para dar as respostas mais sensatas, na hora de tomar decisões importantes Ele passava a noite inteira em reflexão, em oração. Traçando um plano de vida, e querendo cumpri-lo sem dar margem a erros, no Evangelho de hoje, Jesus vaí ao monte e passa aí a noite inteira. Monte aqui significa intimidade profunda com Deus Seu Pai. Pois Ele, veio para fazer não a Sua vontade mas a d’Aquele que o enviou. Então essa deve ser a primeira lição de hoje para nós: buscar uma meta, um objetivo de vida, e traçar um plano para alcançá-lo. Mas tenhamos também certeza de que sozinho não o conseguiremos. Eu te pergunto, qual é o teu plano hoje? O plano de Jesus foi difundir o Evangelho para toda a humanidade. O nosso não precisa ser tão pretensioso, mas é preciso que cada um saiba para onde vai, o que vai fazer lá e o porque?
Outro ponto importante é que Jesus, sendo um líder servidor, com certeza acompanhava um por um dos seus Doze Apóstolos e Amigos. Devia conhecer a intimidade de cada um, seus anseios, suas preocupações, suas dúvidas, seus amores e no decorrer dos 3 anos deve ter feito um profundo processo de cura e transformação nesses 12 homens, para que eles soubessem como deveriam ser com os seus próprios seguidores, quando chegasse a vez deles. Jesus sabia que estava formando os 12 não para Ele próprio, mas para o mundo. Como um verdadeiro Pai, que escuta, acolhe, compreende, perdoa, e dá forças e meios para superar as dificuldades, e principalmente as próprias limitações. Estamos no período de eleições no Brasil, como seria bom se tivéssemos líderes, mais padres, mais coordenadores, mais pais, mais mães, mais irmãos, mais professores que se sentissem responsáveis pelos seus como Jesus.
Por fim, a força que saía de Jesus e que curava a todos. Na linguagem de hoje, poderíamos dizer que Jesus era uma pessoa que tinha presença. Ele é a Luz, por isso atraía a todos quer pessoas ruíns quer boas. Sua postura é sempre impecável. Mesmo lidando com doenças e demônios, Jesus conservava uma atitude positiva, conservando em tudo a firmeza de ânimo. Assim como Ele, nós devemos praticar a firmeza de ânimo. Épreciso traçar um projeto de vida, sermos determinados e tocar para frente, contando sempre com a ajuda dos outros. Pois uma mão lava a outra e as duas ficam limpas. Jesus ao escolher os seus discípulos não faz outra coisa senão confiar-lhes também a responsabilidade e os envia em missão para onde Ele mesmo deveria ir. Precisamos ter atitudes positivas no nosso dia-a-dia. Uma atitude positiva mesmo frente aos problemas da vida. Isto nos fará superar todas as dificuldades.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

VOCÊ ESTÁ CURADA Lc 13,10-17 - 27.10.2014


HOMILIA

O Evangelho de Lucas traz uma mensagem universal, global, anunciando Jesus como o Salvador do mundo; mas faz isso usando de uma linguagem e estilo literário regionais. As parábolas de Jesus são organizadas no Evangelho de Lucas de forma a comporem um todo doutrinário, que pode melhor ser compreendido a partir do entendimento da cultura da época.
            Entre os Evangelhos, o livro de Lucas é o único que possui a narrativa da cura da mulher encurvada. Jesus estava mais uma vez ministrando na sinagoga e entre a multidão estava uma mulher possessa de um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; ela andava encurvada sem de modo algum poder endireitar-se. Vivia debaixo de um governo maligno. Sua enfermidade era espiritual e refletia no físico. Suas vértebras se fundiram e era impossível consertar. Hoje temos obras científicas comprovadas de que as doenças do espírito provocam descargas muito fortes na estrutura física do homem provocando todo tipo de enfermidades. Quem sabe na vida daquela mulher a falta de perdão, ressentimentos, raízes profundas de amargura, foram as brechas para o inimigo trabalhar e lançar a enfermidade. Não sabemos, pois a Palavra não nos afirma assim, mas podemos conjecturar.
            Durante dezoito anos aquela mulher encurvada estava todas as semanas no templo, ouvindo as pregações, louvando, ofertando e sacrificando, mas sem nenhuma solução para o seu problema. Hoje temos muitos vivendo como essa mulher: vida pessimista, encurvada, oprimida por cargas e fracassos durante anos. O versículo 12 nos diz que Jesus viu aquela mulher. As mulheres na sinagoga ocupavam os últimos lugares, elas não adoravam junto com os homens, havia uma cortina que separava, mas Jesus a viu, chamou-a e liberou uma Palavra de Autoridade contra o espírito de enfermidade que a atormentava, e logo em seguida tocou-a e ela se endireitou e glorificava a Deus. O Mestre a contemplou nos últimos bancos, na ala das mulheres, sentiu compaixão pela dor daquela mulher, parou tudo, e chamou-a para frente, a ala dos homens, quebrando totalmente o protocolo da tradição e diante de todos libertou-a de todo o tormento.
            Em seguida os religiosos se levantaram contra a vitória daquela mulher, pois não aceitaram a cura em dia de sábado. Nunca haviam feito nada por ela em todo o decorrer dos anos, mas quando alguém fez levantaram-se contra. Jesus defendeu-a! A vida é muito mais importante do que as tradições e ritos. Quem sabe muitos tem se levantado contra a tua vitória, mas creia que Jesus no momento certo te defenderá diante de tudo e todos, tu serás justificado pelo Bom Mestre.
            No versículo 6 Jesus afirma que aquela mulher estava cativa e era “Filha de Abraão”, ou seja, era israelita, filha da promessa, mas Satanás a havia escravizado. Não é apenas Satanás que faz as pessoas se curvarem. O pecado (Salmo 38:6), a tristeza (Salmo 42:5), o sofrimento (Salmo 44,25) entre outros, também podem ter esse efeito. Jesus é o único capaz de libertar o cativo!
            Ao final da história, no último versículo, haviam duas classes de pessoas: os envergonhados e os que se alegravam com a vitória daquela mulher. Talvez você em alguma área da sua vida esteja encurvado. Você não consegue andar corretamente. Aquela mulher não levantava a cabeça, só olhava para o chão. Ninguém conseguia ver sua face, andava escondida, cheia de complexos. Mas quando Jesus chega, Ele muda tudo. Quando Jesus chega o inferno tem que se render diante do Seu grande Poder. Quando Jesus chega os inimigos tem que recuar e saírem envergonhados.
Meu irmão, minha irmã, este é o seu dia. Este é o seu momento! Levante-se, ergue a cabeça e tome posse do milagre! Jesus está lhe dizendo: “Você está curada. Vai em paz.”
Pai, que eu saiba dar ao amor ao próximo a devida primazia, não submetendo este mandamento a preceitos secundários que me impedem de descobrir a tua verdadeira vontade.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO Mt 22,34-40 - 26.10.2014


HOMILIA

Do amor a Deus e ao próximo dependem toda a Lei e os Profetas (Mt 22,40). É a conclusão a quem Jesus quer que todos nós cheguemos no nosso dia-a-dia. Com esta afirmação, Jesus estabelece um vínculo entre dois amores. Desconhecer este fato pode levar a graves deformações que abalam o equilíbrio interno da fé e consequentemente nos leva à morte.
É fundamental que todos nós, valorizemos as exigências do amor fraterno, procurando agir motivados pelo amor divino porque, se Deus não ocupar o lugar Lhe compete na nossa vida, até a caridade para com o próximo tende a se degradar e o caus se torna maior.
No Evangelho, Jesus retoma e comenta a essência da Lei. Após enfrentar a armadilha dos fariseus, através dos herodianos, sobre o imposto e a investida dos saduceus sobre a ressurreição, Jesus é colocado à prova por um dos fariseus sobre o maior mandamento da Lei. Jesus responde à questão, servindo-se em parte da versão deuteronômica: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento, Dt 6,5. Embora só fosse interrogado sobre o maior mandamento, Jesus acrescenta o segundo, servindo-se da versão do Levítico: Amarás o teu próximo como a ti mesmo cf. Lv 19,18). Segue-se a assertiva: Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
Embora a mentalidade ocidental tenha a tendência de privilegiar o papel da razão quanto ao conhecimento, mesmo o do amor, não faltam referências à compreensão como ato produzido pela experiência. Nesse sentido, a vivência torna-se também meio de conhecer, indo ao encontro daquilo que Jesus indica a respeito do amor a Deus. Não se trata apenas de compreensão racional ou entendimento mental, mas do conhecimento da fé, que, sendo entre outras coisas a experiência de ser amado por Deus, provoca a resposta humana do amor. Tal amor não exclui a inteligência das verdades reveladas e do próprio Deus, antes impulsiona a compreensão, através do estudo da fé. Sob este aspecto, a expressão ninguém ama o que não conhece, se for aplicada ao conhecimento humano sobre Deus, indica tanto a experiência quanto a intelecção da fé.
É sugestivo que Jesus acrescente o segundo mandamento, mesmo que o fariseu só se tenha interessado pelo maior mandamento para afirmar a semelhança do amor ao próximo ao amor a Deus e acentuar que desses dois amores dependem toda a lei e os Profetas.
Qual deve ser o parâmetro do amor entre nós? Jesus: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. No contexto da Lei Antiga o a ti mesmo aproxima o apreço que cada um tem por si, inclusive como membro do Povo de Deus, ao apreço que se deve ter pelo semelhante, respeitado por ser também membro do Povo, e, como tal, sujeito não só de deveres, mas também de direitos iguais (Lv 19,11-18). Outras vezes, o a ti mesmo refere-se ao apreço pelo outro que, mesmo sendo estrangeiro, é visto como semelhante ao israelita na situação de exílio já superada. Em ambos os casos, o apreço pelo semelhante supõe o amor a si mesmo e a experiência do amor de Deus, expresso na repetição: Eu sou Iahweh vosso Deus (Lv 19,10.14.16.18.32) e no incisivo: Eu sou Iahweh, vosso Deus que vos fez sair da terra do Egito (Lv 19,36). Também na Nova Lei, Jesus aproxima o amor que cada um tem por si mesmo ao amor do outro, através da regra: Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas (7,12; cf. Lc 6,31). Fazendo depender a Lei e os Profetas do amor a Deus e do amor ao próximo como a si mesmo, Jesus compõe a armadura ou o fundamento da religião. A supressão de um desses amores faz desmoronar todo o edifício.
Os fiéis de Cristo que não se preocupam em ser testemunhas visíveis do amor do Pai, pelo serviço aos irmãos, fazem com que seu testemunho perca o centro de todo o seu agir. Aliás, é na mútua articulação entre o amor a Deus e ao próximo que reside à diferença entre a caridade cristã e a filantropia. O amor a Deus se visibiliza no amor ao próximo e o próprio Deus ama seus filhos através dos irmãos que se reúnem e se encontram. Desta maneira, é o amor de Deus que possibilita o encontro sacramental do divino no humano, especialmente mediante a pessoa do pobre. Por isso, a própria luta em prol da justiça e a promoção social dos empobrecidos, são para o cristão motivado pelo amor a Deus, e devem assim permanecer, a fim de não se descaracterizarem em atitudes que a própria Moral cristã condena como a violência ou a vingança. Portanto, Amarás o teu próximo como a ti mesmo!
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

ARREPENDER-SE PARA VIVER Lc 13,1-9 - 25.10.2014


HOMILIA

Temos, nesta narrativa de Lucas, o único caso, nos Evangelhos, em que Jesus, em seus ensinamentos, faz referência a episódios recentemente acontecidos. Aqueles que trazem a notícia a Jesus, que seriam fariseus, pretendem intimidá-lo. Para eles, a morte dos galileus, por Pilatos, foi castigo por serem pecadores. Jesus afirma que nem os galileus nem os mortos sob a torre de Siloé eram mais pecadores do que estes que agora lhe falam. Em seguida, Jesus incita-os à conversão. Se não se converterem, eles morrerão em seus pecados, do modo como eles julgavam que aqueles morreram.
O amor a Deus e a misericórdia com os irmãos mais pobres nos santificam. Assim será comigo e contigo se andarmos pelo caminho do bem, da paz, do amor pelos doentes, presos, abandonados, movidos pela caridade para com o próximo, seremos santos. Veja que Jesus descarta o sofrimento e a morte como castigo de Deus. Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
            O mal, o castigo, a morte não vem de Deus. Pois se assim fosse, E então apelando pela memória, o Senhor diz aos presentes: lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
            Porque Jesus usa estas palavras e comparações? Porque este mesmo povo que reconhece em Deus o princípio da vida, em dado momento abandona sua fidelidade a Javé deixando de percebê-Lo como Senhor da história. Com isto, Israel vai perdendo sua identidade que estava centrada na Aliança com Javé: a de ser o povo eleito. Israel rejeita o Deus único e verdadeiro ao querer ocupar Seu lugar ou cair na tentação da idolatria (Ex 32, 1-6). Assim, aquele povo que recebia a vida de Javé, experimenta a morte como conseqüência de seu pecado, sendo que os profetas procuram alertar para a ligação existente entre a desestruturação do povo e a sua infidelidade ao Deus da vida (Jer 21, 4-8).
            Portanto, a nossa separação de Deus resulta da rejeição à conversão ao seu amor terá como conseqüência a nossa própria morte. Apesar de Deus ser longânime e é puro dom de amor. Escute, pois, a Palavra de Jesus: Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. “Vê, Eu te proponho, hoje, a vida e a felicidade ou a morte e a desgraça” (Dt 30, 15). “Pois Deus não fez a morte nem se alegra com a ruína dos vivos” (Sab 1, 13).    Jesus insiste a que nos convertamos, deixemos de praticar o mal e aprendamos a praticar o bem. Porque a irmã morte pode chegar no dia e na hora em que menos pensarmos.
            Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

OS SINAIS DOS TEMPOS Lc 12,54-59 - 24.10.2014


HOMILIA

Jesus lamenta que os seus ouvintes sejam capazes de interpretar os sinais do tempo e não captem os sinais dos tempos que representam a chegada do Reino de Deus entre eles. Não descobrem nele e nos seus sinais a importância do momento em que vivem. Portanto, Jesus repreende os seus contemporâneos, que sabem distinguir os sinais meteorológicos, mas não o sinal que Ele mesmo é: o Filho Unigênito enviado pelo Pai para salvação de todos. Compreender o tempo  em que vivemos é compreender as intenções de Deus que, em todo o tempo, sobretudo pelo mistério da Igreja e dos sacramentos, torna atual o mistério de Jesus com toda a sua eficácia salvífica.
            Saber fazer previsões do tempo, analisando os dados da meteorologia, implica uma atenção interessada. Se não estivermos realmente interessados e atentos para nos darmos conta da importância do tempo como tempo para exercer a justiça e a caridade, corremos sério risco. Há que reconciliar-se radicalmente com aqueles com que estamos em conflito. Caso contrário, podemos cair no redemoinho do não-perdão, donde não sairemos sem danos. É como se Jesus apontasse o sinal do tempo por excelência, que é Ele mesmo, como sinal de salvação, mas só para quem se compromete a viver como reconciliado, isto é, na paz, na justiça e na bondade.
            É na história que podemos compreender as intenções de Deus, e não fora dela. Daí a atenção que devemos dar aos sinais dos tempos. Deus atua dentro do tempo. É também no tempo que responde às nossas interrogações. Quantas vezes Lhe fazemos perguntas na oração, e encontramos as respostas na vida. É, pois, no tempo que havemos de ler os sinais de salvação e de perdição. O sinal de salvação por excelência é sempre Cristo, com o seu mistério pascal. Ele salva-nos à medida que, lendo os sinais dos tempos e confrontando-os com a Palavra, deixamos que ela mesma, a Palavra, produza frutos em nós e no nosso tempo. Pondo em prática a Palavra, permitimos a Deus fazer muito mais do que podemos esperar.
            Um dos sinais do nosso tempo é a chamada globalização, em que passamos de um mundo dividido e fragmentado, àquilo a que M. McLuhan chamou de a «aldeia global». Os meios de comunicação, que podem ser instrumentos de divisão e guerra, também podem e devem tornar-se instrumentos de união e de paz. Para isso, todos os homens de boa vontade, e particularmente nós, os crentes, havemos de superar a tentação do individualismo, que fragmenta, e dar espaço à unificação da nossa pessoa, e à união entre os homens. Como crentes, temos a certeza de que Cristo habita no nosso coração e que, fundados e radicados na sua caridade, podemos ser repletos da plenitude de Deus, e alcançar a unificação do coração e de todas as nossas faculdades e forças, a unificação da nossa pessoa. S. Paulo indica-nos os meios para isso: a humildade, a mansidão, a paciência, e o suportar amoroso de nossas índoles.
            A chave que temos ao alcance da mão, para contribuirmos para a unidade entre os homens, é procurar tudo o que une e deixar de parte tudo o que divide como dizia e fazia João XXIII. Com essa chave chegaremos à unificação pessoal, comunitária, eclesial, social e… planetária. Vivendo e realizando esse projeto, o nosso tempo, que está sob o signo de Jesus, tornar-se-á um tempo de claridade, iluminado pela luz da salvação. E, com Cristo e como Cristo, tornar-nos-emos instrumentos de unidade e de paz. A exemplo do Fundador, sintonizando com os sinais dos tempos e em comunhão com a vida da Igreja, queremos contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no mundo; queremos participar na construção da cidade terrena e na edificação do Corpo de Cristo empenhando-nos sem reserva, no advento da nova humanidade.
            Muitas vezes nós, como os conterrâneos de Jesus, temos um coração duro. Não sabemos olhar em profundidade e não descobrimos, ou não queremos descobrir, o sentido dos acontecimentos; inclusive, olhamos para o outro lado se o que vemos nos compromete.
            Pai, corrige a negligência que me impede de entregar-me inteiramente à ti, sem demora. Torna-me hábil para as coisas do teu Reino! Cura a minha cegueira, Senhor, e dá-me a luz do teu Espírito para ver a profundidade das pessoas.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O FOGO QUE JESUS VEIO TRAZER Lc 12,49-53 - 23.10.2014


HOMILIA

Jesus mostra sua expectativa de que o fogo do amor que ele veio lançar já estivesse aceso na terra. O fogo purifica, consumindo o que não se aproveita. Ou ainda, neste evangelho, Jesus mais uma vez se manifesta amoroso para conosco, convidando-nos a conhecer sua missão em meio às alegrias e dificuldades. Jesus veio nos trazer o Espírito Santo, o Espírito de amor, o Consolador, Aquele que nos ensina todas as coisas. Jesus nos deixa o exemplo: Ele que é o Rei se fez pequeno quando pediu a João Batista para o batizar, batismo esse que nos dá força em meio ao combate espiritual, onde a carne e o espírito conseguem vivenciar dentro de uma fraternidade de amor e paz. Após o batismo, somos chamados a vivenciar os frutos do Ressuscitado para que possamos ter uma vida plena e cheia do Espírito Santo.
Jesus era consciente de que um efeito (ainda que não desejado) do seu trabalho ia ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso inflamou a ira dos funcionários do templo e de todos os que se consideravam donos da verdade. O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários lúgubres saturados de doutrinas e sedentos de poder. Mas o fogo de Jesus não é o fogo das paixões políticas. É o fogo do Espírito que tem que ser aprovado na entrega total, no batismo da doação pessoal. É um fogo que prende aí onde se abandonaram os interesses pessoais e se busca um mundo de irmãos.
            A paz de Jesus é um fogo purificador que não se confunde com a Pax Romana? Aquela paz que Roma (e qualquer império) se esforça por proclamar. Esta é só uma tranquilidade institucional que garante a vantagem dos opressores sobre os oprimidos, do império sobre os subalternos, da injustiça sobre o direito.
            O fogo purificador de Jesus faz amadurecer os mensageiros, os discípulos, os profetas, os apóstolos. O destino deles, como o do mestre, é sair ao encontro da obscuridade com um clarão que põe às claras tudo o que a ordem atual esconde. O fogo põe as claras também às deficiências pessoais, as ambições subterrâneas, os desejos reprimidos. O fogo que se prova com a entrega total ao serviço do evangelho.
            Devemos observar que o Senhor Jesus Cristo não está atacando o relacionamento familiar, mas indica que nenhum laço terreno, embora muito íntimo, poderá diminuir a lealdade a Ele. Essa lealdade pode até mesmo causar em determinados membros de uma família que eles sejam afastados ou ignorados pelos outros por terem escolhido seguir a Cristo Jesus. Podemos resumir que o Senhor Jesus Cristo se refere a espada por ser um instrumento cortante e que na qual a sua vinda causará separação em muitas pessoas, não porque Ele quer, mas pela opção de cada um em segui-lo como Senhor e salvador.
            Pai, que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz, purifique-me de todo pecado e de toda maldade, como um fogo ardente, abrindo o meu coração totalmente para ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

QUEM É O CRISTÃO MADURO? Lc 12,39-48 - 22.10.2014


HOMILIA

Estas duas parábolas de Lucas vêm reforçar o tema da vigilância que a nosso ver é uma das qualidades do cristão maduro na fé à Deus e ao próximo. Estar preparado para o encontro com o Filho do homem (Jesus identificado com o humano) pode significar que, a partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com Deus
Quem é o maduro para Deus senão aquele que assume a própria responsabilidade? Vivemos numa sociedade onde a culpa não existe. E mais estamos expostos a um rolo de acontecimentos, com seu emaranhado de causas e consequênicas. Vale apenas ouvir as palavras que Jesus nos dirige como alerta máxima: vocês, também, fiquem alertas, porque o Filho do Homem vai chegar quando não estiverem esperando.  Qual é a razão da advertência de Jesus? É que os homens e as mulheres facilmente se metem num jogo de empurra e empurra. Os que erram são os outros, os culpados não somos nós, não sou eu. Para mim tudo o que faço está certo. Portanto, a culpa não existe e se existe, é dos outros, é dos dirigentes, é do governo, é da hierarquia. Não esquecemos que é índice de maturidade cristã também saber examinarmo-nos sem fraquezas e reconhecer a própria parte de responsabilidade. Nós somos responsáveis de muitos males que acontecem no mundo.
            Jesus nos dirige a palavra: Quem é, então, o empregado fiel e inteligente? É aquele que o patrão encarrega de tomar conta da casa e de dar comida na hora certa aos outros empregados. O evangelho apresenta o cristão vigilante com a psicologia do administrador, não do patrão. Todos querem ser patrões e querem mandar. Se esquecem que só Deus é o Senhor: Foi dito que o mundo iria melhor se tivesse menos arquitetos e mais pedreiros, menos discussões e mais trabalhos. Provavelmente mundo e Igreja precisam menos de patrões,  e mais de servos. Jesus chama a atenção fundamentalmente sobre os de casa. A autoflagelação não serve porém a humildade está sempre no centro da exortação de Jesus aos discípulos.
            Concluindo diremos que estas duas parábolas, a da chegada inesperada do ladrão e a do comportamento do servo que aguarda a chegada do senhor, continuam o tema escatológico da vinda gloriosa do Filho do Homem.
            O primeiro grande acontecimento escatológico é a encarnação. É o nascimento de Jesus. É a presença do Filho do Homem, Jesus, Filho de Deus, na história ao longo dos tempos. A partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com Deus. Os discípulos, na diversidade de seus dons, são chamados ao serviço à vida, construindo o mundo novo possível onde Deus se faz presente pelo amor. Aqui se incerta segunda a vinda gloriosa. Por isso, esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã deve permanecer atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Quero que saibas que a responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito. E tu sabes tudo o que deves fazer para teres como herança a vida eterna. Muito te será exigido. Pois diz Jesus: assim será pedido muito de quem recebe muito; e, daquele a quem muito é dado, muito mais será pedido.
Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 19 de outubro de 2014

VIGIAI - Lc 12,35-38 - 21.10.2014


HOMILIA

O tema da vigilância, que é o núcleo do Evangelho de hoje, era próprio das primeiras comunidades cristãs, entre as quais havia a expectativa de uma volta em breve de Jesus, morto e ressuscitado, seguindo-se o julgamento final. Diante da correria diária, trabalho, serviços, estudos e outras atividades que fazem parte de nossas vidas, ficam às vezes impossíveis ou esquecidos nosso momento de intimidade com o Senhor. Intimidade, aqui não queremos que entendas somente o ouvir uma música religiosa, fazer leitura bíblica. Mas sim, viver a regra beneditina que consiste no rezar e trabalhar. Pois o Senhor nos diz: felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Esse manter-se acordado estende-se ao serviço, seja na sua Paróquia, na comunidade dentro da sua pastoral ou ministério. Servir e trabalhar naquilo para o qual o Senhor nos chamou. Tu já descobriste o teu lugar na Paróquia, na comunidade? É fundamental que tu saibas qual o teu lugar e função aí para que Deus te fale ao coração.
            O Senhor nos pede que fiquemos os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Como estão os teus rins e os teus olhos espirituais? A virtude da vigilância é por si mesma, uma atitude escatológica a aguardar constantemente o retorno do Senhor.  Os serviços vigilantes, a representar os membros da comunidade eclesial, são felizes porque o próprio Senhor, por ocasião de seu advento, fará a função de servo, cingindo-os e colocando-os à mesa.
            A vigilância escatológica é a virtude de quem aguarda o fato derradeiro.  Por isso, o Filho do Homem que há de vir sobre as nuvens dos céus (Dn 7,13), por ocasião da parusia, assemelha-se ao ladrão que não avisa a hora do assalto.  A vigilância supõe e exige um estado constante de preparação para juízo escatológico, colocando os fiéis de Cristo em estado permanente de crise, de modo especial, aqueles que têm a missão de anunciar o Reino à semelhança do administrador fiel e prudente.  Neste caso, a escatologia possui uma dimensão presente e eclesial, pois o juízo definitivo supõe a avaliação das atividades atuais dos fiéis, mediante as penas impostas pelo Senhor.  A provação dos últimos tempos acentua a responsabilidade histórica do cristão, sobremaneira agradecido pelos bens messiânicos: a quem muito se deu e foi confiado, muito será pedido e reclamado.
            Por tudo quanto dissemos o importante é não se desviar, não se distrair. É manter-se sempre alerta, acordado, e esperar até final pela segunda vinda gloriosa do nosso Senhor Jesus Cristo. Feliz és tu se assim estás procedendo. Porque o próprio Senhor passando te servirá, como fez na Última Ceia, com seus Apóstolos.
            Pai, somente em ti quero centrar as minhas opções mais profundas, para não permitir que o egoísmo tome conta do meu coração e me afaste de ti.
         
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 18 de outubro de 2014

O RICO SEM JUÍZO Lc 12,13-21 - 20.10.2014


HOMILIA

Sabemos que Lucas não é muito favorável às grandes fortunas. É mais fácil um camelo entrar pelo olho de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus (18, 25). O parágrafo se inicia com uma advertência séria: Cuidado! Deveis estar em vigilantes de modo a evitar toda forma de cobiça ou ambição de ser ricos. Pois a verdadeira vida não depende da abundância dos bens materiais. Na realidade Jesus usa em presente de infinitivo o verbo exceder. A tradução seria: porque na realidade a vida de alguém não consiste em ter excesso de posses. A vida não consiste em acumular riquezas. E na continuação Jesus explica o porquê desta afirmação que vai fazer com que Paulo descreva a cobiça como uma forma de idolatria (Cl 3,5)
No Eclesiástico1, 18-19 podemos ler que quem se enriquece por avareza; está com os pés na cava. Pois quando ele disser: encontrei descanso, agora comerei dos meus bens, não sabe quando deixará tudo a outros e morrerá. Ou ainda como está nos Provérbio: Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz (27,1).
No evangelho Jesus fala homem cujas terras produziram uma colheita copiosa. Que farei, pois não tenho onde estocar semelhante riqueza? Ele só pensou em si mesmo, para viver uma vida de descanso e prazer. Como diz o apóstolo em 1Cor 15, 32 comamos e bebamos que amanhã morreremos. E com a finalidade que também propõe o livro do Sirácida, encontrei descanso; agora comerei de meus bens (11, 19), pensa em aumentar a capacidade de seus celeiros para ter uma vida fácil, sem preocupações, para descansar, comer beber e gozar como muitos fazem nos dias de hoje. Uma solução mais fácil seria repartir o que não coubesse nos celeiros com os mais necessitados, ou vender a preço mais acessível o excedente. Seria uma maneira de ajudar a quem não tem, e cumprir com o que Tobias recomendava a seu filho: Dá esmola de tudo que te sobrar e não sejas avaro na esmola (4, 16).
Num caso de justiça Jesus é interpelado. Mas Jesus recusa ser juiz. A justiça, considerada do ponto de vista humano, é falha e deixa muito a desejar. No litígio, os homens enfrentam uma guerra que mata não os corpos mas a amizade e o amor. Por isso Jesus dirá: Assume uma atitude conciliadora com o teu aniversário, enquanto estás no caminho, para não te acontecer que teu aniversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e assim, sejas lançado na prisão (Mt 5, 25). Porém a caridade não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade (! Cor 13, 5-6). De fato todas as revoluções em nome da justiça, da igualdade e da liberdade têm sido extremamente cruentas e abundantes em mortes humanas. Muitas buscam a desforra e a vingança, Por isso todas as encíclicas sociais terminam com a mesma advertência: a justiça deve ser temperada pela caridade que é a que tem a última palavra nas relações sociais.
Talvez não tenhamos em conta que num mundo tão injusto como o romano de escravos e cidadãos diversamente classistas, Jesus nada disse a respeito. Porém, a ênfase evangélica está na justiça divina para a qual Lucas deixa a definitiva sentença, como Ai de vós ricos, porque já tendes a vossa consolação (Lc 6,24).
O problema da desigualdade, por não dizer péssima distribuição das riquezas, tem como solução uma voluntária redistribuição das mesmas, de modo que os mais ricos enriqueçam os mais pobres com as riquezas que para eles sobram e para estes faltam. A chamada esmola deve ser considerada como uma necessidade voluntária de distribuição das riquezas. Mais do que condenar os ricos devemos pregar a pobreza voluntária, desterrando a ambição como programa humano e oferecendo a simplicidade e austeridade de vida como objetivo evangélico e ideal social.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DAMOS A DEUS O QUE É DE DEUS? Mt 22,15-21 - 19.10.2014


HOMILIA

Estamos na última semana da vida de Jesus. Ele atua como mestre no pórtico de Salomão ao oriente da esplanada do templo. Seus inimigos estão à espreita, para ver como apanhá-lo em suas palavras e por isso propõem diversas questões, que eram discutidas na época, com o intuito de ver seus conhecimentos e até de poder acusá-lo diante das autoridades por sua discrepância da Lei, ou sua oposição às autoridades romanas. Um destes episódios é o de hoje, Mestre, sabemos que o senhor é honesto, ensina a verdade sobre a maneira de viver que Deus exige e não se importa com a opinião dos outros, nem julga pela aparência. Então o que o senhor acha: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano?
É lícito significa se está de acordo com a lei. Pagar o tributo a César seria, segundo os zelotas e os fariseus, dar dinheiro a um representante de um deus pagão. Seria manter o princípio de propriedade do Estado Romano sobre terras que Jahvé-Deus tinha dado a Israel a título inalienável. Segundo os juristas romanos os indígenas tinham unicamente o usufruto das mesmas. Por isso a taxação era uma escravidão evidente segundo os radicais palestinos. Diante deste fato a resposta se fosse favorável aos romanos atrairia o desprezo do povo sobre Jesus. Mas se a resposta de Jesus fosse contrária ao pagamento do tributo, poderia ser causa suficiente para tratar Jesus como zelota e os herodianos acusá-lo-iam às autoridades, como realmente o fizeram, de impedir pagar tributo a César(Lc 23,2).
Jesus pede a moeda onde estava escrita ao redor da efígie do César: César Tibério, do divino Augusto filho, ele mesmo Augusto Pontifice Máximo. A moeda estava cunhada em Roma, como todas as moedas em ouro ou prata. Todos, tanto fariseus como herodianos, usavam a moeda o que era de fato aceitar o domínio do César. A tradução mais exata da resposta de Jesus seria: Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Sem dúvida que Jesus aponta para uma dívida que temos tanto com as autoridades civis como para com Deus:
1º Ele estabelece uma clara distinção entre os deveres cívicos e os religiosos, não confundindo as áreas, mas separando-as.
2º Toda autoridade da qual nos servimos, como se serviam do denário os judeus, tem origem divina, como ele respondeu a Pilatos: Nenhuma autoridade terias sobre mim se de cima não te fosse dada(Jo19,11).
Deus quer ser representado na autoridade do homem, como diz Paulo, independentemente dessa autoridade ser boa ou má. Em Rm 3,1 afirma: Não há autoridade que não proceda de Deus e as autoridades que existem foram por Ele instauradas.
No mundo moderno não interrogamos Jesus sobre o tributo a César, mas interrogamos a Igreja sobre o Jesus que está mostrando ao mundo: O homem oprimido tem substituído a mensagem evangélica sobre o verdadeiro Jesus, Filho de Deus, Redentor e Salvador. Do evangelho tomamos unicamente a mensagem sobre a justiça e igualdade; e a fé, fundamento da vida cristã fica diluída em termos humanos. O homem substitui o Deus encarnado.
Em Jesus queremos ver um revolucionário, e na revolução um remédio universal, uma redenção necessária embora dolorosa. Portanto devemos favorecê-la e acompanhá-la com ilusão e até propagá-la como remédio dos males modernos. Da frase eu vim evangelizar os pobres reduzimos o evangelho a uma simples conclusão de semelhante afirmação. O resto da boa noticia não interessa.
É por isso que os milagres de Jesus ou são silenciados ou são negados e entre eles a Ressurreição. A vida eterna do evangelho é traduzida como vida melhor na terra por um repartimento mais justo das riquezas. O natural é substituído pelo natural o pão de cada dia desloca o Pão Eucarístico necessário para a verdadeira vida. A política tem tomado o lugar da religião. Damos a César o que é de César; mas não damos a Deus o que é de Deus, embora esse Deus moderno seja o Grande Arquiteto que anula o Cristo do qual temos recebido o nome. A fé se reduz a uma idéia mais conforme com a Filosofia natural do que com a os versículos dos evangelhos.
Temos que nos perguntar se damos a Deus o que é de Deus. Porque, embora sabendo que Ele é o verdadeiro Senhor de nossas vidas muitas vezes O temos relegado a um segundo termo quando nos declaramos independentes ou buscamos nosso próprio bem no lugar da vontade que é absoluta no céu e que deveria ser também soberana na terra, como rezamos no Pai Nosso.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

A MISSÃO DOS SETENTA E DOIS Lc 10,1-9 - 18.10.2014


HOMILIA

A paz de Deus excede ao nosso conhecimento humano, porém, mesmo assim, todos nós somos enviados a abrir o caminho para o Senhor que deseja levar a Sua paz ao mundo. Jesus é a paz e através de nós Ele quer entrar nas casas e nos corações. A nossa missão é muito importante: somos trabalhadores da messe do Senhor, missionários do Seu amor.
O evangelho escreve setenta e dois os escolhidos e outros, significa dizer que esses setenta e dois somos todos nós que chamados para a missão, devemos ter firme o propósito de evangelizar toda criatura sem medo, sem preocupação, totalmente desprendido dos afazeres domésticos ou profissionais. Mas Jesus faz uma alerta que a missão não é fácil, faz-se necessário tomar algumas precauções, pois iremos encontrar sempre adversários por onde passarmos. Contudo não podemos parar, pois o Reino de Deus está próximo.
Cada um de nós é chamado a ser mensageiro da paz de Jesus e Ele nos ensina a levar a paz deixando de lado tudo o que pesa e complica a nossa vida. Bolsa, sacola, sandálias significam as coisas que acumulamos dentro de nós e que prejudicam o nosso relacionamento com Deus e com os irmãos: ódio, ressentimento, discriminação, julgamentos, riquezas, apegos etc.. Ele nos envia e nos orienta a fim de que o nosso trabalho seja frutuoso e não nos percamos no meio do caminho.
A nossa postura, como anunciadores da Palavra, deve ser de prudência, pois, na nossa trajetória nós iremos enfrentar lobos ferozes, isto é, pessoas que estão a serviço do mal. Porém a nossa confiança no Senhor nos fará vencer todos os desafios. A nossa vida com as nossas ações do dia a dia deve ser o itinerário que nós percorremos para manifestar Jesus no mundo, pois a todo o momento, e em qualquer circunstância, nós encontramos os doentes, os necessitados da paz, os carentes de amor e de atenção.
A essas pessoas é que Jesus nos envia. Ele nos dá a paz e providencia tudo o quanto for preciso para que a nossa missão tenha sucesso. Por isso não podemos perder tempo: o dia é hoje e a hora é agora e talvez nem precisemos ir muito longe da nossa casa.
Será que não existe aí perto de você alguém que precisa conhecer a Salvação e a cura? – Para você é difícil falar de Jesus para alguém? – Você tem visitado o coração de alguém que precisa de paz? Como você tem feito isto? Você tem deixado de lado os seus conceitos humanos?
Pai, que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas no apostolado não me faça recuar da missão de preparar o mundo para acolher teu Filho Jesus.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A RESPEITO DA FALSIDADE Lc 12,1-7 - 17.10.2014


HOMILIA

Diante do nosso mundo contemporâneo, podemos dizer que o Evangelho se torna escafedê-lo porque o mundo não consegue entender a pedagogia de Deus. Muitos não vêem que esse “temor de deus”, não significa um deus mal, mais sim um Deus que é justo e transparente. Quando Jesus fala advertindo os fariseus é porque ele, conhece a prática farisaica, um dos partidos messiânicos que, tinham falsamente a lei para os outros e viviam na hipocrisia, na mentira. Jesus dá exemplo das casas da Palestina porque, essas casas geralmente tinham terraço em cima, e dava para ouvir o que as pessoas falavam as ocultas dentro de casa.
Sabia meu irmão que, aqueles que estão mais próximos do Senhor são os primeiros que escutam os Seus ensinamentos, logo são os que mais aprendem com o Mestre. Milhares de pessoas se reuniam para escutar Jesus falar, porém Ele se dirigia primeiro aos seus discípulos! Todos nós que temos comunhão com Jesus e, através da oração, intimidade com Ele por meio do Seu Espírito Santo, recebemos o alerta para que não venhamos a cair na hipocrisia do mundo.
O fermento dos fariseus era a falsidade, isto é, eles falavam o que não viviam e exigiam dos outros, ações que eles mesmos não praticavam. As suas palavras, gestos e atitudes divergiam do que eles traziam dentro do coração. Faziam julgamentos inconseqüentes e não tinham compaixão com os erros das pessoas e, por essa razão eram temidos pelo povo. Jesus, no entanto pregava a transparência e a verdade, como norma de vida para todos os homens: “Não há nada de escondido que não venha a ser revelado”. E acrescentava “não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isso”; “temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno.”.
Deste modo, não tenhamos medo daqueles que tramam contra os filhos de Deus. Não tenhamos medo de dizer a verdade, de proclamar bem alto o que o Espírito nos inspirar. O Senhor que nos criou sabe tudo ao nosso respeito, sabe da nossa constituição, corpo, alma e espírito e conhece profundamente as nossas intenções. Valemos muito mais do que os pardais e nenhum de nós seremos esquecidos por Deus. O Senhor nos guarda com carinho para o Seu dia.
Jesus esta falando, da própria mensagem, ele aqui esta querendo dizer, que é a boa nova que estará escondido, mas que depois todo mundo conhecerá. Jesus adverte aos discípulos para não temer o medo da Morte, mas que tenham medo daquele que tem o poder de lançar a alma no inferno. Sim aqui a comunidade já experimenta a perseguição, e encoraja os discípulos para que não tenham medo. Quantos de nós irmãos temos medos de anunciar este Messias, a boa nova, de sair de nós mesmos, do nosso mundinho e se lançar mais profundo.
Aqui chamo atenção ao Santo Inácio de Antioquia, um dos padres da Igreja, o primeiro a chamar os cristãos de Católicos. Diante da morte, ele que não hesitou, e não falou as ocultas. Mas testemunhou com sua própria vida. Até chegar o seu caminho, o caminho de cruz. sua frase ” é melhor Calar e ser e falar do que não ser, serve para que aprendamos, a sermos verdadeiros, no dia-a-dia, uns com os outros e conosco mesmos.
Você tem medo dos homens? – Você costuma se render aos projetos dos homens por receio de que eles possam prejudicá-lo (a)?- Você é fiel ao Evangelho, mesmo que seja contra todo o mundo? – Você é uma pessoa dada a segredos, subterfúgios, ou você é transparente e claro (a) nas suas colocações?
Pai, que eu não me deixe encantar por falsos exemplos de piedade. Estejam meus olhos sempre fitos em Jesus, cujo exemplo devo seguir para ser agradável a ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A SABEDORIA DE DEUS Lc 11,47-54 - 16.10.2014


HOMILIA

Temos aqui as duas últimas invectivas, introduzidas por "Ai de vós", dirigidas por Jesus aos fariseus e aos doutores da Lei, por ocasião de uma refeição que tomava na casa de um deles. A primeira relembra os profetas que na história foram mortos pelos antepassados destes fariseus e doutores da Lei. É citado Zacarias, apedrejado no Templo (2Cr 24,20-22). Mais tarde Jesus pronunciará seu clamor: "Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados" (Lc 13,34). É uma alusão a ele próprio que, também, será morto em Jerusalém. Na conclusão, o "ai de vós" é dirigido aos doutores da Lei.
A promessa de Deus revelada por meio dos profetas e concretizada em Jesus está sendo abafada e amordaçada. A onda da desesperança que cresce no nosso meio, mesmo entre os cristãos, está enterrando a Palavra de Deus. As gerações estão cheias de medo. O Evangelho de Jesus Cristo deve ser encarnado por nós tanto nas coisas que nos agradam como também naquelas que questionam o nosso comportamento.
Quando Jesus se refere às más atitudes dos pais, que, atravessando as gerações,são copiadas pelos filhos, Ele está nos exortando a cortar pela raiz toda má ação que reproduzimos, porque também aprendemos daqueles que nos geraram. As gerações passam uma para outra a mesma mentalidade. Os filhos acompanham os pais e, assim, tornam-se responsáveis e testemunhas do fracasso “aparente” da humanidade. Assim como nos ensinaram os nossos antecessores, nós também hoje, somos os que temos o papel de formar as gerações futuras.
A chave de todo conhecimento do homem é a Palavra de Deus. Por isso, é que nós temos a chave da ciência, isto é, do conhecimento de Deus. Não podemos reter somente para nós, tudo o que aprendemos e recebemos de Deus. “Os mestres da Lei” hoje somos todos nós que pregamos a Palavra, mas não a vivenciamos. Precisamos, sim, como Seus cooperadores na construção do Seu reino, escancarar as portas do nosso ser para que por aí possam entrar aqueles que ainda não conseguiram penetrar nos mistérios da Salvação de Jesus.
Como é o seu comportamento na edificação do reino de Deus: você tem sido profeta ou perseguidor dos profetas? – O que você quer deixar para as gerações futuras? – O que você tem ensinado hoje é o mesmo que você aprendeu ontem? – Qual a influência que a Palavra de Deus tem na sua vida? – Como você encara as pessoas que ainda não tiveram nenhum acesso ao conhecimento de Deus? – Você abre o seu coração para que elas através de você possam conhecer o amor de Deus, ou acha que Ele é exclusividade sua?
Pai, que a compreensão de teu sábio plano de salvação para a humanidade me leve a estar atento às palavras de Jesus, o qual me indica o caminho para chegar a ti.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ESTE SERVIU PARA MIM! E PARA TI? Lc 11,42-46 - 15.10.2014


No Evangelho de hoje continua o relacionamento conflituoso entre Jesus e as autoridades religiosas da época. Hoje, na igreja acontece o mesmo conflito. As pessoas mais simples, os pobres são mais dóceis, afáveis se convidados a participar nas coisas de Deus. O que pode parecer exclusão por dos ricos e também alguns cristãos empenhados na Igreja.
E então, o Ai de vós, de Jesus, referindo-se aos Fariseus que deixam de lado a justiça e o amor a Deus e ao próximo. Esta crítica de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetida contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a justiça e o amor.
A observação final de Jesus dizia: é vós deveríeis praticar isso, sem deixar de lado aquilo. Esta advertência faz lembrar uma outra observação de Jesus que serve de comentário: Não penseis que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. (Mt 5,17-20). Jesus é a plenitude da lei. Sem Ele ninguém vai ao Pai. E então, ouvir Sua palavra, guardá-la, pô-la em prática vale mais do que toda a lei e os profetas.
Nos Evangelhos, a imagem que os fariseus passavam para o povo em geral era muito forte. Por fora, sempre parecem justos e bons, mas esse aspecto é um engano, pois dentro deles existe um sepulcro escondido que, sem o povo se dar conta, espalha um veneno que mata, comunica uma mentalidade que afasta de Deus, sugere uma compreensão errada da Boa Nova do Reino. Uma ideologia que faz do Deus vivo um ídolo morto! Não será esta a tua situação às vezes?
Talvez tu digas não. Isto não me diz respeito. Mas veja, ao mestre que reclama pela mensagem bem dada, Jesus responde deixando bem claro: Ai de vós também especialistas da lei! Porque vós impondes sobre os homens cargas insuportáveis, quando vós mesmos não tocais essas cargas nem com um só dedo. No Sermão da Montanha, Jesus expressou a mesma crítica que serve de comentário: Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vós deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo (Mt 23,2-4).
A hipocrisia mantém uma aparência enganadora. Até onde atua em mim a hipocrisia? Até onde a hipocrisia atua na nossa igreja? Jesus criticava os escribas que insistiam na observância disciplinar das coisas miúdas da lei como dízimo da hortelã, da arruda e de todas as ervas, e esqueciam de insistir no objetivo da lei que é a prática da justiça e do amor. Para mim esta critica vale! E para t?
Pai coloca-me em sintonia com Jesus para Quem a justiça e o amor a Ti valem mais que o legalismo dos que são incapazes de descobrir o Teu verdadeiro desígnio.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 12 de outubro de 2014

O AMOR À PUREZA INTERIOR Lc 11,37-41 - 14.10.2014


Estamos mais uma vez diante da admirável pregação de Jesus que move e comove tudo e todos. Sua palavra penetra até o fundo dos corações aponto de até os fariseus se sentirem na obrigação de convidá-lo para o banquete.
Estranho é notar que sobre a doutrina do Mestre eles não se questionavam. Mas quando se tratava de coisas superficiais como, por exemplo, o mero lavar as mãos antes de comer. Barafustavam e ficavam escandalizados como se o lavar ou não fosse questão de vida ou de morte. E, então a resposta d'Aquele que verdadeiramente convida os homens para o Banquete das Núpcias Eternas não se faz esperar: Vocês, fariseus, lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de violência e de maldade. Seus tolos! Quem fez o lado de fora não é o mesmo que fez o lado de dentro? Portanto, dêem aos pobres o que está dentro dos seus copos e pratos, e assim tudo ficará limpo para vocês.
O Homem tocado e envolvido pela palavra de Jesus se transforma numa pessoa íntegra. Que faz e mostra o que traz no seu coração. O que vai exigir dele uma pureza interior.
A pureza não ocorre por acaso; nem brota da noite para o dia. O apóstolo Pedro compara-a ao processo de depuração do ouro, 1 Pedro 1.6,7. O ourives tem de aquecer esse metal várias vezes, para que as impurezas e ligas venham à superfície e assim ele possa removê-las.
Isto nos leva a concluir que a purificação é um processo. Contudo, não basta desejarmos ser, puros. E mesmo que sejamos sinceros e nos empenhemos duramente, isso não é suficiente. Precisamos ter o propósito de sermos conforme a imagem de seu Filho Rm 8.29.
Jesus deixou bem claro que é impossível servir a dois senhores. Onde estiver nosso tesouro, aí estará também o nosso coração. Mt 6.2 1. Na luta pela formação de um caráter santo, precisaremos guardar no coração certos elementos e barrar a entrada de outros. Quem não cuida bem de seu coração, está se predispondo a ter problemas. Quem o guarda com todo cuidado, vence. O único fator que pode impedir que um homem se entregue à impureza é o intenso amor pela pureza interior. Portanto, lave e guarde a tua mente, o teu coração e não as tuas mãos e serás verdadeiramente puro.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sábado, 11 de outubro de 2014

O PEDIDO DE UM MILAGRE Lc 11,29-32 - 13.10.2014


Jesus denomina de "más" as pessoas que pedem um milagre como sinal da aprovação de Deus. Afirma que o Filho do Homem é o sinal para as pessoas de hoje. Não é um sinal espetacular que deve levar as pessoas à conversão, mas à adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus.
Jesus Cristo, o maior de todos os enviados de Deus, condenava uma geração que só acreditava em palavras antigas. Geração que como Jonas só acreditaria em milagres. Uma geração de homens parecida com a de hoje. Apesar dos muitos milagres, que hoje ainda acontecem, muitos ainda não crêem na Palavra de Deus. Na sabedoria, vemos muitos que hoje acham que caminham com Deus, sabemos que de fato não é verdade. No dia do julgamento, muitos serão condenados por não estarem completamente no caminho. O pior, é que os que sabem ainda esperam uma confirmação de Deus sobre sua presença. Pobres homens que esperam que a sabedoria chegue.
Deus escolhe aquele que merece o sinal da Verdade como muitos os que tiveram a presença de Maria e de Jesus em suas vidas. Não busquemos ser como os ninivitas, os tempos que estamos são de grandes provações. E as pessoas não estão amando como deveriam ao Pai.
No dia das acusações, vocês saberão que Deus terá misericórdia dos quais ele acha que permaneceram no caminho. Porém, aos desviados da Verdade, que seguem por outros tipos de ensinamentos, a estes o Senhor, pela justiça, jamais os dará o Reino de Deus. Era preciso que existisse unidade cristã, mas como esta nas Escrituras, os homens se dividiram. Deus cumpre sua Palavra e não há ninguém que controle o desígnio a não ser o Pai.
O que a Palavra diz para mim? Como é a minha fé? Fico à procura de milagres, sinais especiais em meu favor? Ou acredito em Deus, independentemente dos sinais? Os bispos, em Aparecida, apontam para um sinal muito importante na vida de todo cristão – o anúncio do amor de Deus: “Anunciamos a nossos povos que Deus nos ama, que sua existência não é uma ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa esperança em meio a todas as provas.” (DA 29).
Pai, torna-me dócil e sensível para acolher as palavras de Jesus, sem exigir sinais espetaculares como pré-requisito para aderir a ele.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

JESUS VAI A UM CASAMENTO Jo 2,1-11 - 12.10.2014


“No terceiro dia”: eis que, desde o começo, o Evangelista apresenta uma colocação temporal. Por que terceiro dia? O terceiro dia, na tradição hebraica, era o dia da Aliança, quando Deus manifestou-se no monte Sinai, segundo o livro do Êxodo. Portanto o evangelista coloca este texto, desde o começo, na perspectiva da Aliança, porque, e veremos, vai propor em Jesus a nova Aliança.
”Houve uma festa de casamento”. Sabemos que o relacionamento entre Deus e o seu povo era simbolizado como um casamento: Deus o esposo e Israel a esposa. “Em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava aí”. Aparece pela primeira vez este personagem que depois repetido por três vezes, porem sempre sem nome. Quando os evangelistas – sem dúvida S. João sabia que o nome da mãe de Jesus era Maria – apresentam a figura de uma pessoa, porem sem o nome dela, significa que são personagens representativos. E veremos qual é o significado deste personagem que é a mãe de Jesus. Enquanto a mãe pertence a este casamento, a esta aliança, Jesus não. Jesus foi convidado: “Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos”.
Eis agora o drama: “Faltou vinho”. No rito do casamento, o momento alto era quando os
esposos bebiam no mesmo copo de vinho; o vinho é o símbolo do amor. Então, neste casamento, que é símbolo da aliança entre Deus e o seu povo, falta a elemento mais importante: falta o amor. “Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm vinho’!“. A mãe não diz, como estamos acostumados a ler nas velhas traduções “Não tem mais vinho”. O vinho nunca esteve. E tampouco diz: “Não temos vinho”, porque o Israel fiel sempre conservou com Deus este relacionamento de amor. Portanto sempre existiu o vinho do amor. A mãe de Jesus se preocupa com a massa do povo “Não têm vinho” e portanto chama a atenção de Jesus sobre a situação do povo.
“Jesus respondeu: "Mulher, que existe entre nós? Quer dizer o que importa isso para mim e para você?” É bastante estranho que Jesus fale desta forma chamando-a com o nome de “mulher” que se usava para uma pessoa casada.
No evangelho de João, Jesus dirige sua palavra com este termo “mulher” a três personagens femininos que são as figuras das esposas da aliança. A primeira é esta que estamos comentando, é a mãe, é a esposa fiel do Antigo Testamento do qual provem o Messias o próprio Cristo, o próprio Jesus. A segunda é a samaritana a esposa infiel, a adúltera que o esposo reconquista com a oferta de um amor muito maior. Por fim a terceira será Maria de Mágdala – Madalena - a esposa da nova aliança. Portanto, Jesus se dirige com esta expressão para declarar o papel dela de esposa da aliança. “Minha hora ainda não chegou", a hora da aliança de Jesus será quando derramará o seu sangue na cruz. A nova aliança não será como a antiga, feita de sangue de touros, mas com o próprio sangue de Jesus, quer dizer do próprio filho de Deus. “A mãe de Jesus” – pela terceira vez aparece este termo – o numero três na simbologia hebraica significa o que é completo, o que está cheio – “disse aos que estavam servindo”: e aqui o evangelista usa o termo “diáconos” que significa não aqueles que devem servir, mas aqueles que servem livremente por amor e se colocam voluntariamente a serviço dos outros. "Façam o que ele mandar." As palavras da mãe de Jesus, a sua ordem, repetem aquilo que o povo disse a Moisés depois da aliança” Tudo o que o Senhor mandar fazer nós o faremos”.
 “Havia aí seis potes de pedra”, o numero sete indica a totalidade, o numero seis indica a imperfeição. Portanto, há algo de imperfeito. Estes potes pois, são de pedra e não de barro, portanto pesados, imóveis. Para que deviam servir estes potes? “Para os ritos de purificação dos judeus”. No texto original não existe a palavra ‘rito’. Fala-se simplesmente de “purificação dos judeus”. Eis aqui, no centro do episódio, o evangelista aponta o motivo pelo qual falta o amor. Porque falta o amor? Porque um relacionamento com Deus alicerçado só sobre a observância da lei fazia sentir o povo sempre indigno, sempre culpado... E sabemos quando nos sentimos sempre culpados, não podemos experimentar o amor de Deus. Eis o problema que existe neste casamento onde falta o vinho, falta o amor: é a purificação quer dizer uma religião, uma lei que fazia sempre sentir as pessoa indignas e sempre culpadas. Alem do mais, o evangelista afirma que deviam conter seiscentos litros ou mais e portanto sempre esta capa pesada da purificação.
E agora a intervenção de Jesus: “Encham de água esses potes”. Os potes não vão conter nunca a água da purificação. Será o próprio Jesus que irá fornecer a verdadeira água da purificação. "Agora tirem e levem ao mestre-sala". Aparece pela primeira vez um personagem importante que é o mestre-sala. Nestes almoços que podiam ter a duração de uns dias, havia um encarregado que devia vigiar o desenrolar da festa e , sobretudo devia ficar atento às provisões. No entanto este personagem importante não percebe que está faltando vinho.
Os chefes não se dão conta da situação do povo, que está sem amor. Para eles não interessa. No entanto Jesus diz: ”Agora tirem e levem ao mestre-sala". E eles levaram. “Este provou a água transformada em vinho”; os odres não conterão nunca vinho, símbolo do Espírito que Jesus vai efundir, mas a água se torna vinho quando é haurida dos potes. De fato o texto diz: “ Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água”, portanto nos odres tem água, mas quando sai se transforma em vinho, porque o vinho é o dom de Jesus. É a nova aliança alicerçada sobre o amor.
“Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha e exclama: “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora."
Senhor Jesus, que Maria me conduza sempre a ti e me leve a descobrir em ti o caminho da salvação que o Pai nos ofereceu.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O SEGREDO DA FELICIDADE Lc 11,27-28 - 11.10.2014


"Mais felizes são aqueles que ouvem a mensagem de Deus e obedecem a ela."     O mais importante, o fundamental para a nossa vida, é por em prática os ensinamentos de Jesus. E, aqueles que assim procedem, forma a família dos seguidores dos discípulos seguidores e imitadores de Cristo.
        Jesus, nos garante que nada substitui a vida da graça. Nada é mais importante que viver na presença de Deus. Nenhum bem ou gozo material ou corporal nos satisfaz tanto como a alegria de estar na presença de Deus por Jesus. Nada nesta vida terrena e passageira é melhor que fazer a vontade do Pai, praticando as palavras
de Jesus.
        Quando buscamos a felicidade no lugar e na hora errada, sempre pagamos caro por isso. Não só pelo peso da consciência por ter cometido o pecado e saído do verdadeiro caminho da verdade e da vida, mais porque procurar a felicidade falsa, nos trás sérias conseqüências mais cedo ou mais tarde.
        O querer se divertir a qualquer preço, sem medir as conseqüências, com certeza, pela lei da vida nos faz pagar muito caro por pequenos momentos de prazer o qual confundimos com felicidade, e que nos faz carregar para o resto da vida o fruto daquele momento inconseqüente no qual ignoramos o conselho do Mestre e agimos pelo impulso da nossa juventude. Jesus nos perdoa libertando-nos do pecado, mas ninguém nos livra das consequências daquele ato impensado, as quais temos de carregar como uma cruz para o resto da vida.
        Ser feliz significa Colocar em prática as palavras de Jesus. Significa ultrapassar os limites do prazer incorreto, com a pessoa errada, na hora errada e do modo errado. Significa desejar e fazer para os outros o que gostaríamos  que eles fizessem par nós.
        A verdadeira felicidade não reside no do delírio insano da posse incontrolada dos bens materiais. Pois apesar do conforto que eles nos trás, nenhum bem terreno será capaz de nos preencher com a mesma plenitude de ser preenchidos pelo amor de Deus.
        Para quem neste momento se encontra com os olhos vendados pelos prazeres e pelo conforto da riqueza, estas palavras não lhes dizem absolutamente nada. Mas para aqueles que já estão antecipando o delírio da experiência eterna, tudo o que leu até aqui faz sentido pleno.
Pai, dá-me a graça de compreender sempre mais que a grandeza de Maria consistiu em ser fiel à tua Palavra acolhida e posta em prática com generosidade sem limites.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

terça-feira, 7 de outubro de 2014

QUEM NÃO É POR NÓS É CONTRA NÓS! Lc 11,15-26 - 10.10.2014


No Evangelho de hoje, Jesus se revela, de forma categórica como o novo Moisés, combatendo o mal na busca da libertação da pessoa e do mundo. Ele é Aquele que vem com o poder de Elias. Com a expressão: se Eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, então o reino de Deus chegou até vós, Jesus quer dizer que Ele é o Filho de Deus, enviado pelo Pai. As suas obras manifestam que Ele trouxe ao mundo o reino de Deus; as suas obras não são obras do demônio, como queriam os seus inimigos. Mas sim a concretização do da oração do Pai nosso que Ele mesmo ensinou aos discípulos. Assim, tudo o que se pede com fé, confiança e esperança, se realiza porque Ele está presente e operante entre os discípulos.
Não podemos nos deixar dividir porque assim estaremos trabalhando contra nós mesmos. Por isso, Jesus hoje nos adverte: “todo reino dividido contra si mesmo será destruído”. Por mais segurança que tenhamos na realização de um projeto, tudo poderá ruir se permitirmos que haja divisões entre aqueles que o executam. Isto vale para todos os empreendimentos da nossa vida: familiares, sociais, espirituais. O homem foi feito para ter relacionamentos saudáveis. Aquele, que está em paz com os seus irmãos e irmãs, está em paz com Deus e consigo mesmo. Precisamos estar atentos às nossas ações para sabermos a quem estamos servindo. Podemos dizer que estamos fazendo alguma coisa em Nome de Deus e na realidade, estarmos servindo ao demônio. Tudo o que fizermos para o bem do próximo, de coração e por amor a Deus, com certeza, estaremos fazendo em função do reino dos céus. Mas, aquilo que fizermos em função de nós mesmos ou para atender apenas aos nossos interesses egoístas, estará passível de fracasso e corre o risco de que chegue alguém mais forte do que nós e apanhe o que possuímos para dividir com outros e assim o nosso reino estará destruído. O reino de Deus chega para quem está com Jesus e segue os Seus ensinamentos. O homem precisa ter o seu pensamento e a sua mente, ocupados com as coisas de Deus. Não podemos aceitar ficar vagando no nada, porque assim estaremos deixando a casa arrumada para que o mal se estabeleça. Jesus diz que quem acredita que é pelo dedo de Deus que Ele faz os milagres, esse tem fé e o reino dos céus chegou para ele. Estar com Jesus é deixar-se guiar completamente pelos Seus ensinamentos através do poder do Espírito e não permitir a intrusão de qualquer idéia ou pensamento que venha do inimigo.
Em nome de quem você tenta fazer as coisas? – Você não tem se equivocado nos seus projetos pensando que é pelo dedo de Deus que você quer conseguir as coisas? – Existe dentro de você algo que possa estar dividindo o seu modo de pensar com Deus ou com o inimigo de Deus? – Você se sente interiormente preenchido pelo poder do Espírito Santo? – Com que você tem alimentado o seu espírito?
Nesta pequena parábola Jesus quer fazer-nos compreender a importância da vigilância na luta contra os espíritos do mal que quer dividir dispersar e fazer muitos adeptos. E para tal é preciso não nos deixar enganar e apanhar. Porque Jesus nos diz: quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando.
Pai, afasta de meu coração todos os preconceitos que me impedem de acolher Jesus Cristo como teu enviado para trazer ao mundo a salvação e a libertação. Senhor dá-me a graça de estar sempre juntando contigo porque da união contigo depende o meu futuro.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

SENHOR ENSINAI-NOS A REZAR Lc 11,5-13 - 09.10.2014



No evangelho de ontem, Jesus responde ao pedido: Senhor, ensina-nos a orar, instruindo seus discípulos nos elementos da oração apropriada, pelo modelo de oração que ele dá. Hoje ele dá ênfase na importância da fé na oração feita com persistência conforme aparece claramente na parábola do amigo a meia-noite.
Nesta parábola, um homem é surpreendido na calada da noite por um hóspede inesperado e está embaraçado por não ter nada para alimentá-lo. Para cumprir esta exigência da hospitalidade do Oriente Médio, ele vai ao seu amigo vizinho, à meia-noite, pedindo três pães. A resposta é abrupta e insensível: Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar.
A reação do suplicante, contudo, é insistir, sem se acanhar, até que seu “amigo” veja que há menos inconveniência em honrar o pedido do que continuar uma discussão a essa hora da noite. A moral da história, indicada no versículo oito, é que a “persistência” ou a “falta de acanhamento” do hospedeiro embaraçado conseguiu seu objetivo numa situação em que os laços de amizade e de afinidade mostraram-se ineficazes. Portanto, a aplicação da parábola é para encorajar a persistência e a fé esperançosa na oração.
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.
É importante reconhecer que esta parábola é simplesmente ilustrativa, e não simbólica, pois Deus não é certamente um amigo insensível e de má vontade e ele não nos vê como vizinhos importunos, desavergonhados. O argumento, então, raciocina do menor para o maior, do pior para o melhor. Se verdadeiramente somos amados de Deus em vez de desprezados e se ele está ansioso antes que hesitante para ouvir nossos pedidos, por que a fidelidade na oração não produziria, não somente um ouvido atento, mas uma boa vontade em dar tudo o que pedimos que for consistente com sua sabedoria divina?
Jesus completa suas instruções em Lucas 11 sobre a fidelidade na oração indo além da certeza de que Deus ouve a oração de seu filho, a uma concentração no objeto da súplica. Enquanto há, certamente, exemplos de abusos cometidos contra crianças em volta de nós, a maioria das pessoas, não importa se são más, não dão intencionalmente aos seus filhos presentes perigosos. Se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? De novo, o argumento é feito contrastando o pior com o melhor. Se pudermos confiar nos humanos para fazerem a coisa certa pela razão errada ou por causa da “afeição natural” por seus filhos, não podemos ser absolutamente confiantes em que Deus, que é mais do que apenas um amigo e pai, tanto ouvirá como dará suas melhores dádivas (seu Filho e a influência de seu Espírito) àqueles que lhe imploram persistente e fielmente?
Esta mensagem de Lucas 11 deve fazer do teu coração o lugar da acolhida do projeto de Deus na tua vida. Com fé, esperança e confiança, bate a porta, suplique, chore apresentando todas as preocupações. Tenho plena certeza de que o Todo-Poderoso ouvirá, atenderá, e responderá abundantemente de acordo com o tamanho da nossa oração. O desafio se chama: persistência, disciplina e fidelidade na oração. Portanto, como disse Paulo aos novos convertidos de Tessalônica também digo a ti: reze sem cessar, ou seja: Não pare de rezar!
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

O PAI NOSSO Lc 11,1-4 - 08.10.2014



Muitos biblistas pensam que esta fórmula do Pai Nosso seja aquela que Jesus rezou. Ela é mais curta do que a oração que está no Evangelho de Mateus que já pode ter incluído o modo como o Pai Nosso era rezado na Igreja primitiva (Mt 6,9-13). Em Lc o texto é mais sintético. Em primeiro lugar, a oração é dirigida a Deus Pai, seu Nome deve ser santificado. Assim Jesus segue a tradição judaica de ter respeito com o nome de Deus, e acompanha o Profeta Isaías que defendi tanto a santidade de Deus. Deus é “Santo, Santo, Santo” (Is 6,3) e por isso o povo também deve ser santo. Depois devemos pedir que o Reino venha. O Reino é antes de tudo de Deus e por isso, devemos pedi-lo. Mas, o reino é também nosso, e por isso devemos anunciá-lo e colocá-lo em prática.
Pedimos a Deus o pão cotidiano, de cada dia, ou “o pão de amanhã”, como sugerem algumas traduções.  Quando nos propomos a seguir Jesus, e estar no caminho da fé; sabemos que esta fé tem que ser construída e alimentada a cada dia com nossas orações. Muitas pessoas que já são completamente fiéis a Deus, também são fiéis em suas orações. A oração está para o cristão assim o alimento está para o homem! Por isto, até mesmo Jesus orava em particular, fortalecendo a si mesmo e aos que o seguiam. Talvez algumas pessoas gostem mais de orações pessoais, entretanto, todos nós temos que compreender a grandeza da oração que Jesus nos ensinou a pedido dos discípulos. Nela, Jesus incluiu todos os pedidos realmente importantes para a vida de um cristão, que não está buscando riquezas, sucesso ou popularidade; mas que reconhece a Deus como Pai e Santo; que precisa da vontade de Deus, ultrapassando sua própria vontade; do alimento necessário a cada dia para manter-se vivo; do perdão do Senhor para os nossos pecados e também perdoar, para que assim sejamos prova do amor de Deus em nós; e finalmente pedindo para não cair em tentação!
Quando formos rezar esta bela oração, que ela não saia de nossa boca como algo mecânico, que já falamos sem sentir pois ficou automático para nós. Mas que ela seja um momento de profunda intimidade de Deus conosco, onde colocaremos para ele todos os nossos sentimentos a disposição de Sua vontade. Aqui Jesus continua seguindo fiel ao AT. Lá na dura caminhada pelo deserto foi o Senhor Deus que mandou o maná para saciar a fome do povo. Deus continua sendo o Deus que acompanha o seu povo. Pedimos também a Deus o perdão dos nossos pecados. Jesus sabe que somos humanos, e que por mais santos que sejamos, sempre teremos os nossos pecados contra os outros e contra Deus. Mas Jesus dá uma condição: nós queremos que Deus nos perdoe do mesmo modo que nós perdoamos os nossos irmãos. Por isso, para sermos perdoados por Deus, precisamos também perdoar.
Por fim, Jesus pede que Deus não nos deixe cair na tentação. Ele mesmo foi tentado e venceu. Todos estamos sujeitos s sermos tentados (poder, posse e prazer). Jesus não pede que não tenhamos tentações, mas que tenhamos forças para não cair nelas.
Pai, inspira-me a rezar como convém, de forma que a minha oração se expresse em gestos de solidariedade e de reconciliação, sinais inequívocos de minha comunhão contigo.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 5 de outubro de 2014

MARIA, SERVA DO SENHOR Lc 1,26-38 - 07.10.2014


Antes de pronunciar essas palavras Maria se chamara «a escrava do Senhor». Esta é a definição que Maria tem de si mesmo. No mesmo evangelho chamam-na os homens de Maria, Deus a conhece com o nome de cheia de graça e, finalmente, o nome que ela escolhe para si: escrava do Senhor.
A situação constituinte da vocação é oferta por Deus, mas ao mesmo tempo tem que se transformar em escolha pessoal, íntima, refletida. Quando alguém elege a disponibilidade para o serviço do Senhor tem que saber-se escravo, isto é, entrar no grupo dos anawins do Antigo Testamento, pertencer somente ao Senhor e d’Ele receber tudo. Quem deseja colocar-se a serviço de Deus tem que deixar que Deus o experimente: prepara o teu coração para a prova, sofre as demoras de Deus (cf. Eclo 2). O escravo não tem vontade própria, não escolhe trabalho, não pode ir atrás de seus gostos. Simplesmente deixa fazer. Por isso mesmo se vê a coerência do sentido que Maria tem de sua vocação quando, ao abandonar-se em escravidão ao plano misterioso de Deus, diz «faça-se em mim segundo a tua palavra». Maria, a serva do Senhor, aceita plenamente a sua Palavra, cooperando ativamente e de modo imediato à obra de Deus que o anjo anunciava. Dá um sim livre e consciente à concepção humana do Filho de Deus e vive, desse modo, aquele abandono grandioso que a fé pede.
            Nela se cumpre fisicamente a Palavra de Deus. Torna-se, de agora em diante, portadora da Boa-Nova da salvação que Deus havia escondido no seu coração e que, agora, chegada a plenitude dos tempos, revelava através da humilde serva do Senhor.
            Acolher a Palavra no coração e na vida: eis a grande lição que aprendemos do chamado de Maria. Gerou durante toda a sua vida a Palavra no seu coração e, por graça e eleição divinas, tornou-se sua Mãe.
            Não  é essa também a nossa missão? Não nos diz Jesus que temos que tornar-nos seus parentes quando diz que mãe e irmãos seus são aqueles que fazem a vontade do Pai que está nos céus? (cf. Mc 3,34). Desse modo, todo aquele que se torna imitador de Maria, buscando em tudo a vontade de Deus, conseqüentemente possui uma proximidade muito grande de Jesus. A tal ponto isso é verdade que Jesus os identifica como parentes muito próximos: mãe e irmãos seus. Jesus se compreende como aquele que faz em tudo a vontade do Pai: esse é o seu maior desejo (cf. Hb 10,7).
            Assim, aprendemos com a Virgem Maria que a realização daquele que recebeu um chamado não tem nada a ver com compensações egoístas, mas é um verdadeiro lançar-se integralmente na busca da realização do querer divino. Pode-se dizer que é um verdadeiro e próprio casamento, uma aliança para realizar a Palavra divina que é-nos enviada para que Deus, através da nossa humilde colaboração, realize o seu desejo de salvação.
            Ó humilde serva do Senhor, faze com que eu encontre na disponibilidade absoluta a Deus o verdadeiro sentido da minha vida e razão única de tudo aquilo que fizer de grande ou de pequeno nesse mundo.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

QUEM É O MEU PRÓXIMO? Lc 10,25-37 - 06.10.2014



Uma das mais conhecidas parábolas de Jesus foi contada em resposta a um encontro que ele teve com um doutor da lei. Alguém que estudara completamente a lei de Deus e estava preparado para discutir seus pormenores. Em outras palavras, não era suficiente recitar a lei de Deus, mas vivê-la de maneira a agradar a Deus! Para isso, a pessoa tem que colocar em ação o que a lei de Deus requer, sendo a essência desta o amor: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, com todas as forças e de todo o entendimento, e ao próximo como a si mesmo.
Esta parábola descreve a bondade e o amor que nosso Salvador tem para com o homem caído e infeliz. Nós éramos como esse pobre, aflito viajante. Satanás, nosso inimigo, havia nos assaltado, despojado, ferido. Estávamos por natureza mais que semimortos em nossos delitos e pecados; completamente incapazes de nos salvar, pois não tínhamos forças. A lei de Moisés, como o sacerdote e o levita, não tem compaixão de nós, não nos oferece alívio, passa ao largo, não tendo piedade nem poder para nos ajudar. Mas eis que veio o abençoado Jesus, o Bom Samaritano. Ele teve compaixão de nós; Ele cuidou das nossas feridas; Ele derramou sobre elas não azeite e vinho, mas o Seu próprio sangue.
As pessoas que se relacionaram com o homem ferido podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a sua filosofia de vida: Assaltantes ( Salteadores ), os indiferentes ( o sacerdote e Levita) e os misericordiosos ( o bom Samaritano).
Muitos são os que vivem na cobina, assaltando e tirando vidas, procurando ampliando cada vez mais o que têm acusta do sangue dos outros: o que é meu, é meu; e o que é seu, será meu, se eu conseguir tomar de você. E então arranjam mil e uma maneira de o conseguirem. Essa é a filosofia de muita gente. Milhões vivem uma vida de egoísmo e ganância.
Vivemos num mundo de indiferenças, onde se diz: o que é meu, é meu; e o que é seu continuará a ser seu, se você puder defendê-lo. Essa é a filosofia de alguns religiosos que são indiferentes à dor e ao sofrimento alheios.
Mas Jesus nos ensina e prova o contrário através do bom samaritano: O que é seu, é seu; e o que é meu será seu, se você precisar. O meu vinho, o meu azeite, o meu animal, o meu dinheiro, a minha energia e o meu tempo serão seus, se você precisar. As oportunidades de ajudar aos outros geralmente são inesperadas e inconvenientes.
Qual tem sido a nossa filosofia de vida? A dos assaltantes, a do sacerdote e do levita, ou a do bom samaritano? O que caracteriza o nosso relacionamento com o próximo? A cobiça, a indiferença ou o amor?
A narração de Jesus ensina que viver agora, e sempre, como povo de Deus, significa demonstrar compaixão, mesmo quando nos incomoda, mesmo quando isso faça nossa vida impura, mesmo quando desafia nossa compreensão tradicional e, até mesmo, quando nos custa algo pessoalmente. Isso é o que Jesus nos está dizendo: Vá e faça o mesmo.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

A PEDRA REJEITADA PELO CONSTRUTORES Mt 21,33-43 - 05.10.2014



No evangelho de hoje Jesus conta a parábola dos trabalhadores maus. Esta história contada por Jesus retrata a incredulidade do povo de Israel, numa primeira fase e na segunda de cada um de nós quando deixando-nos orientar pelo orgulho, pela ganância nos apoderemos dos bens que pertencem a Deus e nos rebelamos ante o convite à partilha.
Os enviados por Deus são os profetas que exortou Israel, mas não só não foram ouvidos, mas ainda foram mortos; um exemplo disso é o profeta Isaías, que foi serrado vivo. Não olhando pela grande perda do profeta, Deus misericordiosamente, envia o seu próprio Filho, Jesus. Porém, Ele barbaramente também foi crucificado e morto, assim como o foram os profetas que o antecederam.
Continuando com a parábola, Jesus pergunta: E agora, quando o dono da plantação voltar, o que é que ele vai fazer com aqueles lavradores? O povo responde, dizendo: Com certeza ele vai matar aqueles lavradores maus e vai arrendar a plantação a outros. E estes lhe darão a parte da colheita no tempo certo.
Jesus então conclui a parábola, dizendo: Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem? A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas. Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!.
Falando da pedra Jesus quer que os judeus se recordem do grande acontecimento, a quando da construção do templo de Jerusalém. Assim segundo se conta que, na construção do famoso templo de Jerusalém, os pedreiros haviam regeitado uma enorme pedra julgando que não servia para nada. Por causa do seu tamanho, peso e forma, os Com a pedra regeitada eles acentaram o alicerce da obra. Eles colocam uma pedra aqui, outra ali, até chegar à esquina. Ao chegar ao canto, notaram que faltava uma pedra adequada para amarrar a fundação, para dar sustentação à obra. Depois de muito procurar em vão, resolvem experimentar aquela pedra rejeitada. E, para a surpresa de todos, essa pedra não só se encaixou perfeitamente naquele lugar, mas ainda passou a ser a principal pedra de toda aquela construção, dando sustentação à obra.
Essa pedra, mais tarde, numa visão profética, passou a simbolizar a obra redentora de Cristo. Jesus, como aquela pedra, foi rejeitado pelos homens, morto e sepultado. Mas, depois da ressurreição, ele se tornou no principal instrumento de Deus para salvar a humanidade. Era, pois, a Jesus que o salmista se referia ao dizer: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra angular (Salmo 118.22).
Qual foi a razão última pela qual os dirigentes de Israel não entraram no novo Reino como povo escolhido? Diríamos que a razão imediata era o seu interesse material na religião que a transformava numa fonte de rendas, e portanto numa visão espúria da espiritualidade religiosa.
Em segundo lugar, seu orgulho que não permitia alguém interpretar a lei de modo diferente do seu. Segundo sua interpretação os pobres estavam longe de Deus, considerando a pobreza como uma espécie de rejeição e castigo divinos, como era interpretada a doença. Quem pecou, este ou os pais para nascer cego? Perguntarão os discípulos(Jo 9,2). Do mesmo modo a pobreza era considerada como a pior dos castigos divinos e a riqueza como a melhor dos benefícios. Nós vemos no evangelho uma clara alusão a esta cosmovisão, quando, após Jesus declarar que um rico dificilmente entrará no Reino dos céus, a pergunta dos discípulos será de um desânimo total: Então quem poderá se salvar? (Mt 19,25). A doutrina de Jesus devia escandalizar os legistas e peritos da lei quando em suas bem-aventuranças declara o Reino como herança dos pobres.
Com respeito à razão última, é Paulo que o explica na sua epístola aos romanos: Tanto judeus como gentios se tornaram pecadores. Na frase de Paulo estão sob o império do pecado(9,13). Mas Deus gratuitamente pela fé em Cristo salva o homem porque se a lei veio para que proliferasse a falta, porém onde proliferou o pecado superabundou a graça.( 5,21) E logicamente a graça foi maior ao admitir os pagãos ao Reino.
Podemos perguntar: e nós? Qual é a razão para que o Reino não seja o valor principal – o tesouro, a pérola – em nossas vidas? Cada um de nós poderá dar uma resposta particular, mas existe uma geral e comum nos tempos modernos: o estado de bem-estar, confundido com a felicidade final, que nos transforma em verdadeiros ricos num mundo de quase absoluta pobreza espiritual. E no lugar das bem-aventuranças, dirigidas aos pobres, aos que sofrem, aos que choram, aos que são perseguidos, encontramos as censuras de Jesus que atingem os ricos, os fartos, os que aparentemente são felizes.
Com que pedras tens construído a tua casa? Quero lembrar-te de que Cristo é a base de tudo: da nossa vida, da nossa família, do nosso trabalho e da nossa felicidade eterna. Quem não tem Cristo como o fundamento de sua vida, afundará quando vierem as dificuldades da vida. Quem, porém, tem Cristo como o fundamento de sua vida, se manterá firme, mesmo quando a tempestade começar a soprar.
Muitos homens fazem castelos sobre a areia, de Cristo não se lembram nem buscam seu auxílio. Estes seus castelos nas águas não subsistem, pois só Cristo é o fundamento da vida verdadeira. Cristo é a pedra, a pedra angular: mas muitos homens não o querem aceitar. Creia neste Cristo, caminho verdadeiro, é Ele quem nos guia à salvação eterna.
Caso contrario, como disse Jesus, o Reino de Deus nos será tirado e dado para as pessoas que produzem os frutos do Reino.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O importante é viver os valores do Reino. - 04.10.2014



Os setenta e dois discípulos voltaram da missão cheios de entusiasmo. A missão havia sido um sucesso. Eles puderam ver a palavra de Jesus se realizar e o poder do Espírito Santo atuar, libertando as pessoas de seus males. Puderam fazer a experiência do poder do Senhor que agia por meio deles, prolongando o “hoje” da salvação, anunciado no discurso inaugural de Jesus, na sinagoga de Nazaré (Lc 4,21), através da vitória sobre o poder demoníaco que tira do coração do ser humano o brilho originário da criação (vv. 18-19; Ap 12,7-12; Dn 12,1-3). A alegria e o entusiasmo dos discípulos são para Jesus ocasião de ensiná-los a não se deixarem enganar pelo sucesso, seduzir pela fama ou ceder à tentação do prestígio mundano. Se isso viesse a acontecer, Satanás teria triunfado. Para não se perderem ou viverem a ilusão do sucesso, Jesus alerta que o importante é viver os valores do Reino, pois a alegria verdadeira do discípulo vem de sua comunhão com Deus (v. 20; Ex 32,32; Is 4,3). Ademais, é necessária uma profunda humildade, pois se algum bem eles fizeram, se o mal foi submetido e vencido, é porque Deus estava com eles e, como dissemos, agia por meio deles (cf. Jo 15,5).
Fonte Carlos Alberto Contieri, sj - Paulinas

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Rejeição ao plano de amor do Pai. - 03.10.2014


O evangelho de hoje é a sequência das instruções dadas por Jesus aos setenta e dois discípulos que ele envia em missão (10,1-12). Trata-se de uma lamentação sobre as cidades próximas ao mar da Galileia. Como temos insistido, tais cidades, mais do que outras, foram palco privilegiado do ensinamento e dos “atos de poder” de Jesus. Mas apesar de tudo, não se converteram. Em razão disso, elas são comparadas por Jesus às cidades pagãs de Tiro e Sidônia, símbolos da infâmia e da exploração dos mais frágeis (cf. Is 23,1-11; Ez 26–28). Jesus não faz um juízo condenatório de tais cidades (cf. Jo 3,17); sua crítica firme visa à conversão da sua população. Rejeitando os discípulos enviados por Jesus em missão, elas rejeitam o próprio Senhor, uma vez que a mensagem de Jesus e o seu “poder” estão naqueles que ele envia (cf. v. 16). E como há uma comunhão profunda entre o Pai e o Filho (Jo 14,8-11), quem rejeita Jesus, rejeita também o Pai, que enviou o seu Filho ao mundo (v. 16; Jo 13,20), e rejeita o seu plano de amor.
Fonte Carlos Alberto Contieri, sj - Paulinas

O serviço é um traço característico do discípulo e da comunidade cristã. - 02.10.2014



O discurso sobre a Igreja (Mt 18) é composto de uma série de instruções que Jesus dá aos seus discípulos sobre a vida comunitária. A pergunta dos discípulos a Jesus revela as disputas internas à comunidade cristã. A resposta de Jesus poderia ser compreendida nesses termos: o maior é o menor, aquele que serve (cf. Mc 9,35). O serviço é um traço característico do discípulo e da comunidade cristã. Mas para que seja um modo de vida, é preciso conversão, mudança radical de mentalidade. A “criança”, aqui, é símbolo do próprio Cristo que se fez servo de todos e que, sendo de condição divina, assumiu plenamente a nossa humanidade (Fl 2,6-7a). Os “pequenos” são os que se sentem desprezados (v. 10) e tentados a abandonar a fé. Nos versículos 12 a 14, eles são identificados com as ovelhas. Por eles é exigida da comunidade cristã uma atenção especial para que ninguém se perca (cf. Jo 17,12), a exemplo do pastor que incansavelmente vai atrás da ovelha que se perdeu até encontrá-la (Lc 15,4-7). Na vida cristã, a ideologia do “cada um por si” não pode ocupar espaço nem mover nenhuma decisão. Na Igreja, cada membro é importante e deve ser tratado com o mesmo cuidado com que o próprio Deus cuida de cada um de nós.
Fonte Carlos Alberto Contieri, sj - Paulinas