domingo, 30 de novembro de 2014

JESUS, O HOMEM QUE CURA Mt 15,29-37 - 03.12.2014


HOMILIA

É difícil acolher quando nosso coração já se encontra cheio de tantas coisas. Neste Tempo do Advento é preciso ter um “coração vazio” de si mesmo, como o de José e o de Maria, como o de João Batista e o dos pobres e simples do evangelho, que acolheram e reconheceram em Jesus o Filho de Deus que veio para nos salvar. Se outras coisas ocuparam o lugar de Deus em nós, então Deus não tem lugar em nosso coração. Mas, em sua misericórdia, podemos mudar nosso jeito e nosso modo de ser. Agora a decisão é nossa.
            O traço marcante da ação de Jesus foi a sua capacidade de acolher a todos. Os pobres e marginalizados foram os que melhor captaram esta predisposição do Messias. Houve quem o hostilizasse, o rejeitasse e assumisse contra ele postura de inimigo. Neste caso, jamais a iniciativa partiu do Mestre. Ele tinha consciência de ter sido enviado para a salvação de todos.
            Os coxos, aleijados, cegos, mudos e toda sorte de gente flagelada por doenças e enfermidades, levados a Jesus para serem curados, retratam a imensa misericórdia contida de seu coração, e seu desejo de comunicá-la à humanidade sofredora. Por seu amor eficaz, os mudos começavam a falar, os aleijados, a sarar, os coxos, a andar, os cegos, a enxergar. Nenhuma necessidade humana passava-lhe despercebida. O Messias Jesus, apesar de sua condição de Filho de Deus, preocupava-se com os problemas materiais do povo, como foi o caso da falta de alimento para os que tinham vindo escutá-lo, numa região bastante afastada.
            O episódio da multiplicação dos pães serviu-lhe para ensinar às multidões a lição da solidariedade e da partilha. Este, sem dúvida, foi seu milagre maior: eliminar o egoísmo presente no coração de seus ouvintes, e movê-los a colocar em comum o que cada um possuía para sua própria alimentação, de modo que todos pudessem ser igualmente saciados. Desta forma, a acolhida do Messias estava dando os seus primeiros frutos nos corações dos que o seguiam.
            A multidão aproxima-se de Jesus para escutá-lo. Aproximam-se os pobres, os coxos, os aleijados, os abandonados e a todos Ele curava física e espiritualmente. E de mim se aproximam as pessoas quando abro a minha boca para falar? Minhas palavras salvam, curam, libertam ou matam, oprimem e condenam?
            O Deus que vem e permanece entre nós é aquele que traz a vida e liberta. Quando nós cristãos nos tornamos semelhantes a Jesus e bem próximos de sua missão, certamente nos aproximaremos dos mais pobres, dos sofredores e dos marginalizados.
            Que a fé verdadeira me desacomode e me leve ao encontro dos que estão à margem de oportunidades e da vida. Pois, louvor maior que agrada a Deus é a misericórdia que faz viver.
Fonte Padre BANTU SAYLA

JESUS VIU AQUELAS MULTIDÕES Mt 5,1-12a - 02.12.2014


HOMILIA

Segundo o Antigo Testamento, a Moisés, na montanha, foi atribuída a Lei, a qual, usada como instrumento de favorecimento das elites religiosas e econômicas, se tornou extremamente opressora e excludente do povo. Os trabalhadores empobrecidos, em condições precárias de vida, não tinham como observar os inúmeros preceitos da Lei, sendo considerados "pecadores", e ficavam em débito com os códigos de purificação a serem cumpridos no Templo de Jerusalém, mediante ofertas e sacrifícios. Por outro lado, as elites religiosas e econômicas vinculadas ao Templo e às sinagogas, cumprindo esses códigos, julgavam-se "puras", "justas" e "santas". Agora, na montanha, Jesus proclama as bem-aventuranças como o caminho da libertação e do amor, para ser o fermento da transformação do mundo.
As bem-aventuranças não têm o mesmo caráter que os mandamentos. Elas são um convite e uma proposta de vida nova, na prática da justiça que conduz à paz. Priorizando o direito à vida plena, conforme a vontade do Pai, Jesus empenha-se em remover as cadeias da lei injusta e opressora. Realiza-se o anúncio de Maria em seu cântico por ocasião da visita a sua prima Isabel, ambas grávidas: "[Deus] agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias" (Lc 1,51-53).
Lucas, no seu evangelho, apresenta quatro bem-aventuranças para os pobres em contraste com as quatro lamentações sobre os ricos (Lc 6,20-26). A esperteza, a ambição da riqueza, a sede de poder na acumulação de bens, que são a "sabedoria" deste mundo, representam na realidade loucura e perdição diante de Deus; por sua vez, os pobres que se reúnem fraternalmente nas comunidades dos discípulos de Jesus, encontram a vida em abundância, em comunhão com Deus. Os pobres descobrem seu espaço nas novas comunidades onde se vive a partilha. Os que choram passam a sorrir no novo convívio fraterno. Os mansos cativam os corações aproximando-os entre si. Os que têm fome e sede de justiça clamam e questionam a sociedade opressora, exploradora e excludente, empenhando-se na construção de uma nova sociedade, justa e fraterna. Os misericordiosos, cheios de compaixão, libertam aqueles que têm a consciência carregada de culpabilidade, moldada sob a ideologia do sistema opressor. Os de coração puro são sensíveis a tudo o que há de bom e digno nos irmãos, valorizando cada um, sem nenhuma discriminação. Os pacíficos se comprometem na construção de um mundo livre da ambição e da violência daqueles que, seduzidos pela acumulação de riquezas, fazem a guerra e tiram o alimento dos pobres para transformá-lo em armas de destruição maciça.
A prática libertadora do amor subverte a ordem dos ricos poderosos e violentos. Quem assume essa prática fica sob a ameaça da perseguição e da difamação. E muitos foram os que tiveram a vida imolada por sua solidariedade com os empobrecidos, humilhados e explorados. Porém, a alegria de unir sua vida com a vida de todos, em comunhão com o Pai, é eterna.
Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.
Fonte Padre BANTU SAYLA

A MOLA MESTRA DA NOSSA VIDA Mt 8,5-17 - 01.12.2014


HOMILIA

“tudo acontece conforme a fé”
Jesus veio nos ensinar que a fé é a mola mestra da nossa vida espiritual e é ela quem sustenta a nossa esperança de que o que aguardamos irá acontecer. Ao se dirigir a Jesus, mesmo que estivesse apreensivo e sofrendo por causa da paralisia do seu empregado, o oficial romano já tinha convicção de que Jesus tinha poder para curá-lo. Apesar de ser uma autoridade e de ter também subalternos, ele não se arvorou da sua condição e reconheceu que só Jesus teria poder para resolver aquela situação. Ele não era judeu, portanto, não fazia parte do povo a quem Jesus viera chamar, no entanto se humilhou, reconheceu a sua indignidade e pediu a Jesus que pronunciasse apenas uma palavra para que o milagre acontecesse.
Uma só Palavra de Jesus basta para aquele que pede com fé e reconhece a sua própria limitação e o poder de Deus. Como o oficial romano, nós também dizemos: “Senhor, eu não sou digno… mas dize uma só palavra…” E Jesus diz também hoje para nós: “E seja feito como tu creste”. O Senhor também espera o nosso lamento, a nossa necessidade, Ele precisa ouvir dos nossos lábios o clamor do nosso coração para que o Seu Nome seja glorificado pelo grande e pelo pequeno.
A fé é, portanto, o termômetro que mede a capacidade para a realização das nossas reivindicações diante do Senhor. E mesmo que estejamos acamados como a sogra de Pedro ou desenganados no final da vida, não podemos perder a esperança, pois um simples toque de Jesus bastará para que a nossa saúde seja restaurada e recebamos novamente a vida. Jesus tomou sobre si as nossas dores e carregou as nossas enfermidades, portanto aquele que está deitado, desalentado, levante-se porque Jesus Cristo venceu o mundo.
Estes dois milagres, da cura do criado do centurião e da sogra de Pedro, integram um bloco de dez milagres coletados por Mateus, em preparação ao envio missionário que se segue no capítulo 10. O primeiro milagre destaca a fé de um gentio que supera a fé de Israel. No segundo, a casa, oprimida pelo sistema religioso, é libertada para ser o lugar de serviço e encontro das comunidades. Os possessos e doentes, humilhados pela dor física, e humana, vão a Jesus, na casa, e não ao Templo, buscando a libertação da dominação ideológica e das privações da exclusão.
Você já experimentou humilhar-se diante do Senhor, reconhecendo de coração o seu pecado? Você reconhece a sua indignidade diante de Deus? Você está precisando de cura? Você já sentiu dor no coração pelos pecados dos outros? Como está a sua solidariedade para com os doentes, reclusos, os pobres e abandonos ao deus dará? Peça a Jesus com fé. Porque com Jesus e pela força da oração, tudo pode ser mudado!
Pai, a solidariedade de Jesus com os doentes e sofredores foi exemplar. Faze-me também ser solidário com quem necessita ser libertado de suas opressões.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

VIGIAI E ORAI QUE O SENHOR VEM! Mc 13,33-37 - 30.11.2014


HOMILIA

Iniciamos hoje o tempo do Advento e as palavras vigiai e orai constituem uma constante da Igreja primitiva. Eis alguns exemplos. Marcos, em Getsêmani, põe em lábios de Jesus a repreensão dirigida a Pedro: Simão estás dormindo? Não foste capaz de vigiar por uma hora? Vigiai e orai para que não entreis em tentação: pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mc 14,17). A mesma recomendação a encontramos em Mateus 26, 41. A vigília sem a oração é inútil ou prejudicial. Os banquetes da época celebravam-se durante as horas noturnas. Tanto romanos como judeus vigiavam, porém de forma diversa à dos cristãos. Eram célebres os banquetes entre fariseus ao entardecer da sexta feira, ou seja, ao iniciar-se o sábado ( Lc 14, 13 ).
Assim entendemos a explicação de Lucas, em que Jesus admoesta os discípulos para ficar de sobreaviso, para que seus corações não fiquem atordoadas pela embriaguez, pelas orgias e pelos cuidados da vida, de modo a cair sobre vocês esse dia, repentinamente, como uma cilada (Lc 21,34). Daí também a oração que se pede acompanhe a vigília.
Em 1 Tes 5,4-9: Vós, porém, meus irmãos , não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão , pois que todos vós sois filhos da luz , filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto não durmamos, a exemplo dos outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios. Quem dorme, dorme de noite. Nós, pelo contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestidos da couraça da fé e da caridade, e do capacete da esperança da salvação. Sem dúvida que os que vigiam ou estão despertos são os que não dormem à noite. A sobriedade é porque os banquetes celebravam-se à noite e geralmente demoravam durante todo o período numa espécie de orgia de vinho e luxúria. Com o raciocínio anterior, as metáforas usadas por Paulo permitem entender melhor o texto de Marcos e o de Lucas, que sem dúvida contêm certas explicações explícitas (Lc 21,34-36) e que temos explicado anteriormente. Por isso Lucas exorta a ficar acordados, orando em todo momento, para ter a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem. Esta oração-vigília, é recomendada por Paulo em Ef 4,2: Perseverai na oração ,vigilantes, com ação de graças. A impressão que temos hoje após a história iluminar as palavras de Jesus é de que os primeiros cristãos foram dominados pelo estilo apocalíptico, de medo e apreensão, o que acontece também agora em grande número de cristãos e é aproveitado, sobretudo por determinadas seitas. Os apóstolos tiveram, porém, que acalmar os ânimos de modo a devolver paz e confiança, deixando uma porta aberta a um saudável temor.
Que mensagem encontramos neste evangelho para os dias de hoje? Tendo como fundo a segunda vinda em majestade ou poder de Jesus, vista do ângulo do castigo divino a Jerusalém, podemos refletir em três idéias chaves no evangelho de hoje. A primeira é de que na ausência do Mestre, todos e cada um dos seus discípulos em particular receberam um poder para realizar o seu trabalho na propagação do Reino. Uma segunda recomendação é a vigilância. Significa estar atentos para que o dia da volta do Senhor não encontre seus servos não preparados, dormindo, como poderia ser o caso do porteiro que não sabia a hora da volta de seu amo. A vigilância era necessária porque a vinda era um castigo como foi o dilúvio nos tempos de Noé (Gn 7) ou o incêndio das cidades pecadoras de Sodoma e Gomorra (Gn19).
Quando as forças humanas tanto intelectuais como biológicas pareciam insuficientes, temos a força divina que sempre nos acompanha, mas que é necessário pedir. Deus não age primária e solitariamente. Ele espera ser rogado, porque assim nós encontramos em nossa impotência a poderosa presença de Deus. A oração confirma nossa insignificância e afirma nossa fé.
Nos tempos atuais a proximidade de um juízo e castigo divinos parecem estar fora do marco da História. Mas não é verdade. As muitas guerras, as violências de todo gênero, as calamidades dos fenômenos da natureza exigem que pessoalmente estejamos preparados por meio da vigilância que o apóstolo pedia (1 Ts 5) e a oração que sempre é companheira e guia de nossas vidas. A nossa morte é sempre incerta e será o início de nosso julgamento final. Portanto, vigiai e orai que o Senhor em breve chegará.
Fonte Padre BANTU SAYLA

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O AMOR DE DEUS É INFINITO Lc 21,34-36 - 29.11.2014


HOMILIA

Ao escrever o evangelho, Lucas preocupa-se com a nova história inaugurada com a presença de Jesus no meio de nós. A zombaria dos chefes junto à cruz não faz senão revelar qual foi a preocupação dele: “A outros salvou…”. De fato, ele criou com os marginalizados e a partir deles sociedade e história completamente novas. O Evangelho de Lucas é um convite incessante para que as pessoas se comprometam com as propostas de Jesus. Quem vai com ele?
No episódio de hoje temos a resposta a essa pergunta. Quem entra com Jesus no “paraíso” da nova sociedade são os banidos, criminosos, publicanos, prostitutas, lesbicas, gays e outros. Pessoas que a sociedade excludente considerou “malditos” e crucificou, juntamente com Jesus. Isso porque a misericórdia divina, tema que atravessa todo o Evangelho de Lucas, é proposta aberta até o fim, até mesmo onde as esperanças humanas de salvação e vida parecem ter desaparecido.
            Segundo Lucas, junto à cruz de Jesus estão espectadores curiosos (povo), lideranças político-religiosas judaicas e soldados. Juntamente com o criminoso do v. 39, essas pessoas representam os que se sentiram traídos em suas expectativas quanto ao tipo de messianismo e realeza que Jesus inaugurou a partir dos pobres e marginalizados. De fato, a zombaria gira em torno dos títulos Messias, o Escolhido, Rei dos Judeus. A caçoada dos chefes e soldados evidencia o modo como essas pessoas imaginavam o messianismo: “…que salve a si mesmo, se é de fato o Messias, o Escolhido de Deus… Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo”.
Já na transfiguração (cf. 9,35), Jesus fora apresentado como o Eleito de Deus, não no sentido triunfalista de quem exige a vida dos outros para poder viver, mas enquanto aquele que o Pai escolheu para salvar os que haviam sido postos à margem, os excluídos, os malditos… O título “Eleito” associa Jesus ao Servo de Javé de Isaías 42,1. Mediante o sofrimento e a entrega da vida, não procurando se salvar, mas dando a vida para salvar, é que Jesus se torna Messias, Eleito e Rei dos Judeus.
Havia um letreiro fixado à cruz: “Este é o Rei dos Judeus”. Só agora, depois de haver apresentado a zombaria dos que se excluem da sociedade e história novas, é que Lucas chama a atenção para o fato. O letreiro, apesar dos insultos e caçoadas, afirma que em Jesus está presente a realeza capaz de dar a vida.

O episódio do “bom ladrão” é próprio de Lucas. Com isso o evangelista quer realçar as características próprias desse evangelho. Em primeiro lugar, mostra que a misericórdia de Deus jamais se esgota se as pessoas estão dispostas a aceitá-la e a mudar de vida. Em segundo lugar, afirma que justamente aí, na cruz, é que inicia a realeza autêntica: “Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar”. A súplica do “bom ladrão” representa o clamor de todos os “malditos” da nossa sociedade, dos quais Jesus se lembra e começa a reinar com eles e a partir deles: “Hoje você estará comigo no paraíso”. Temos aqui um dos pólos do Evangelho de Lucas. A atividade libertadora de Jesus iniciara a partir de seu programa na sinagoga de Nazaré (cf. 4,21: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabaram de ouvir”) para terminar no “paraíso”, onde ele entra com os excluídos que clamam: “Jesus, lembra-te de mim…” O paraíso recorda o jardim do Éden (cf. Gn 2,8), onde o ser humano experimentou o prazer de uma sociedade fraterna e igualitária. Expulso de lá, pode agora retornar, sem demora, quando entra pela porta que é Jesus, a expressão máxima da misericórdia do Pai.  Você que está vivendo uma situação difícil, acredite e cante com Ricardo Sá - http://letras.terra.com.br/ricardo-sa/835598/
Pai, ajuda-me a estar em permanente vigilância e oração, preparando-me para o encontro com teu Filho Jesus e ser acolhido por ele.

Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A LIÇÃO DA FIGUEIRA Lc 21,29-33 - 28.11.2014


HOMILIA

Esta curta parábola está inserida no discurso escatológico. O escatológico-apocalíptico, que é a expectativa de um fim glorioso para Israel, tem sua origem na tradição do Dia de Javé, o dia da vingança sobre os seus inimigos e de glória e poder para o povo eleito. Os discípulos originários do judaísmo, com sua visão messiânico-escatológica ainda não compreendiam as palavras de Jesus. Jesus os adverte: Vós, do mesmo modo... ficai sabendo...É fundamental que fiquemos atentos para não sermos surpreendidos.
Os cristãos são admoestados a se manterem em contínuo estado de vigilância em relação à história, uma vez que ela está sendo fermentada pelas realidades escatológicas. Urge, pois, perceber como nela se manifestam os sinais do fim.
A mensagem de Jesus nada tem a ver com os apocalipses da época, reservados a um grupo restrito de iniciados. Jesus ensina publicamente, sem a preocupação de selecionar seus ouvintes. Embora só os discípulos o compreendam, sua doutrina deve ser anunciada a todos os povos. Basta abrir-se para ele, para entender o conteúdo de seus ensinamentos.
A tensão que se estabelece é a tensão da esperança. A esperança é o desejo ardente de realizar, hoje, a vontade de Deus. O Reino de Deus já está acontecendo. É a sedução do bem, da vida, da comunhão com Deus, da solidariedade, da fraternidade, da partilha, da alegria. E as palavras de Jesus são anunciadas como convite à participar do banquete da Vida.
A figueira e as demais árvores foram empregadas para ilustrar a parábola da escatologia. Vendo-as frutificar, é possível afirmar, sem perigo de engano, que o verão se aproxima. Igualmente, pode-se declarar que algo de novo estará acontecendo na história, quando a morte ceder lugar à vida, a escravidão abrir espaço para a liberdade, a injustiça for sobrepujada pela justiça, o ódio e a inimizade forem vencidos pelo amor e pela reconciliação.
Este germinar de esperança é um sinal evidente da presença do Filho do Homem, fazendo a escatologia acontecer. Chegará um tempo de plenitude. Este, porém, está sendo preparado pela aproximação paulatina daquilo que todos esperamos.
Fonte Padre BANTU SAYLA

terça-feira, 25 de novembro de 2014

JESUS FALA DA DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM Lc 21,20-28 - 27.11.2014


HOMILIA

Estamos vivendo o tempo que precede o Advento, tempo de espera e arrependimento. Ocasião propicia para que estejamos conscientes das nossas ações e atentos ao que podem significar as coisas que acontecem ao nosso redor. Jesus nos adverte dos fenômenos que acontecerão no mundo e com as pessoas antes da Sua vinda gloriosa. Se prestarmos atenção, muitos sinais já se fazem notar hoje, no mundo. A maioria das pessoas se apavora quando ouve falar desses prognósticos, porém, os que têm a percepção dos ensinamentos evangélicos, compreendem que as palavras de Jesus vêm nos edificar e nos ajudam a manter a esperança na nossa libertação.
            O mundo à nossa volta se angustia e sofre. Muitas pessoas passam por dificuldades e se sentem perdidas, no entanto, isto é prenúncio de libertação. Jesus mesmo nos esclarece quando diz: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Jesus já veio como homem e chegou para nós por meio do seio de Maria, se entregou por nós, foi crucificado, morto e ressuscitado para a nossa Salvação. Não podemos mudar os prognósticos de Jesus, todos esses fatos já estão acontecendo. Porém, o que nós podemos fazer é assumir o nosso posto de guardiões da fé sem temor, na certeza de que o tempo da libertação se aproxima e deixando que a manifestação da vida de Jesus aconteça no nosso coração primeiro.
            Expressão retomada por todos os Evangelhos Sinóticos numa retomada da profecia de Daniel 9,27 sobre as 70 Semanas. Cremos que este mundo, conforme a profecia de Jesus está caminhando para o fim? O que Jesus fala sobre o fim dos tempos, o dia do julgamento e a destruição de Jerusalém não era novidade para os judeus. Jesus alerta sim para a iminência da destruição de Jerusalém pela rejeição do Evangelho. Segundo o historiador Josefo mais de um milhão de pessoas morreram quando os romanos destruíram Jerusalém com seu templo no ano 70. A ruína de Jerusalém deveu-se à sua indiferença diante da visita de Deus, na pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lc 19,44).
            A abominação é o termo específico para condenar os ídolos, como também a profanação e a apostasia que eles trazem consigo. Por isso, Jesus fala também do julgamento do fim do mundo. Só a cegueira espiritual nos pode impedir de reconhecer os claros sinais que anunciam o dia do julgamento para os que recusam a palavra de Deus a respeito da graça e da salvação. S.Cipriano e S. Agostinho afirmam que neste dia final não se salvarão os que carecem de fé, embora permaneçam na comunidade dos fiéis e participem dos sacramentos. Aliás, a palavra desolação, segundo a etimologia da palavra grega, significa tornar um deserto, vazio da vida de Deus.
            Jesus tinha dito aos discípulos o que lhes custaria segui-lo. E prometeu que jamais os deixaria sozinhos, mesmo no tempo de tribulação. Os santos e mártires que foram submetidos aos tormentos e à morte fizeram da prisão um templo de oração e acesso para o trono da glória de Deus. Eles reconheceram a presença salvadora de Jesus em suas vidas em todas as circunstâncias. O discípulo que seguia Jesus podia perder sua vida corporal, mas não sua alma.
            O maior dom que nos é dado é o de nossa redenção e de adoção como filhos de Deus. Jesus nos redimiu da escravidão do pecado, do medo da morte e da destruição final. Somos gratos porque nossa esperança está no céu e na promessa que Jesus retornará para estabelecer seu reino de paz e de justiça. Sua segunda vinda será marcada por sinais que todos reconhecerão. Seu julgamento é um sinal de esperança para os que confiaram nele.
            Qual é a percepção que você tem das palavras de Jesus? Você se atemoriza quando ouve falar desses acontecimentos? As coisas que você vê acontecer no mundo, hoje, já confirmam isto? - Jesus já veio para você?
            Senhor, enchei meu coração de gratidão pelo dom da redenção e aumentai minha esperança em vosso retorno na glória. Que aquele dia me traga alegria e paz. Ajudai-me a servir-vos fielmente, e que eu faça o melhor uso de meu tempo agora à luz do tempo que virá!
Fonte Padre BANTU SAYLA

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

PERSEGUIÇÕES E SOFRIMENTOS: CAMINHO PARA A VIDA Lc 21,12-19 - 26.11.2014


HOMILIA

Jesus continua falando sobre as perseguições que os discípulos sofrerão. Estas advertências estão inseridas na fala de Jesus ao fazer o envio missionário. As provações dos discípulos de Jesus têm um alcance escatológico, isto é, anteciparão não só a destruição de Jerusalém, mas também a própria Parusia. Os discípulos serão perseguidos, tanto pelas sinagogas judaicas, como por reis e governadores gentios.
Nos evangelhos sinóticos encontramos conjuntos de textos escatológicos, com estilo apocalíptico, que prenunciam o fim dos tempos, de maneira trágica, com a volta do "Filho do Homem". Este estilo literário reproduz a forma encontrada no Primeiro Testamento, no qual, a partir do Dia de Javé, dia de terror para o mundo, porém, de glória para Israel, se elaborou uma literatura apocalíptica. A presença destes textos no Segundo Testamento é o reflexo da antiga tradição das primeiras comunidades de convertidos do judaísmo. Tais textos são encontrados, em bloco, nos "discursos escatológicos", em Mateus (cap. 24-25) e em Marcos (cap. 13), e em dois discursos em Lucas. A invariabilidade das sentenças dos textos, nos três evangelhos, leva a supor que os evangelistas recorreram às mesmas fontes de tradição, especificamente escatológicas.
O discurso escatológico em Marcos prioriza o prenúncio da destruição de Jerusalém, à qual é associada a vinda do Filho do Homem. No discurso escatológico de Mateus, as sentenças sobre a destruição de Jerusalém e sobre a vinda do Filho do Homem estão entremeadas. Lucas, em um primeiro discurso, destaca o tema escatológico da vinda do Filho do Homem (17,22-37) e, em outro, retoma este tema a partir do tema da destruição de Jerusalém, incluindo também a perseguição contra os discípulos missionários (21,5-36). No início do ministério de Paulo havia uma expectativa da volta iminente de Jesus, a parusia. Contudo, essa expectativa surtiu efeito negativo, na medida em que muitos passaram a viver uma vida ociosa e desordenada. Com o tempo, a expectativa da parusia foi desaparecendo, dando lugar à consciência da presença atual de Jesus nas comunidades dos discípulos, que lutam por um mundo novo possível.
O testemunho, nas perseguições e diante dos tribunais, não é resultado da eloqüência, mas, sim, do abandono confiante nas mãos de Deus. É o próprio Jesus é que dá ao discípulo as palavras adequadas a serem proferidas diante dos tribunais. Lucas tinha em mente o testemunho de Estevão e outros mártires. As comunidades dos discípulos, comprometidas com a missão, ao longo da história, têm vivido sob as diversas provações impostas pelos poderosos. A perseverança nas tribulações, suportadas em nome de Jesus, é o caminho para a vida. Daí-me Senhor a graça da perseverança nas tribulações afim de que eu tenha vida plena em Vós.
Fonte Padre BANTU SAYLA

JESUS FALA DA DESTRUIÇÃO DO TEMPLO Lc 21,5-11 - 25.11.2014


HOMILIA

Este discurso introduz a narrativa da Paixão, que é uma tradição com características próprias, que circulava entre as primeiras comunidades.
O Templo era a sede do judaísmo no tempo de Jesus. Ele já denunciara que o Templo tornara-se um antro de ladrões (cf. 23 nov.). Sua palavra sobre a destruição do Templo, além do fato histórico, tem o sentido do abandono da antiga doutrina emanada do Templo para dar lugar à novidade de Jesus. As religiões excludentes, que consolidam grupos privilegiados religiosos ou raciais, são descartadas para a grande revelação do Deus de amor universal, que chama a si todos os povos e todas as raças, comunicando-lhes sua vida divina e eterna.
A fala de Jesus é motivada pela admiração que a grandiosidade do Templo causava nas pessoas. Todo poder tem como arma a ostentação de riqueza. A ostentação do Templo levava as pessoas a admirarem, se curvarem e se submeterem. Porém, toda ostentação será destruída, pedra por pedra, torre por torre. Jesus já denunciara que o Templo de Jerusalém tornara-se um antro de ladrões. A palavra de Jesus sobre a destruição do Templo, além de sua associação a um fato histórico acontecido, tem o sentido do abandono da antiga doutrina emanada do Templo para dar lugar à novidade de Jesus.
Após a menção do Templo, Jesus descarta que o advento de falsos profetas ou de guerras e abalos telúricos sejam sinais da proximidade do fim.
Assim, os discípulos devem despertar para a presença atual do Filho do Homem, na pessoa de Jesus, transformando o mundo por sua palavra e sua prática amorosa.
Pai, teu Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu saiba acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda a minha segurança. Pois o cenário deste mundo passará e deixará ruínas. Só no Céu encontraremos todas as belezas eternas.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sábado, 22 de novembro de 2014

A OFERTA DA VIÚVA POBRE Lc 21,1-4 - 24.11.2014


HOMILIA

Jesus, em Jerusalém, nos últimos dias do seu ministério, circulava pelo Templo, ensinando. O ambiente é imponente por seu luxo. Muralhas de pedra, grandes pátios com arcadas e a grande construção central do Templo, com pedras e ornatos com placas de ouro. Uma dependência do Templo, o Tesouro, guardava as riquezas acumuladas das ofertas.
Hoje, aprendemos de Jesus, o verdadeiro valor das coisas materiais. Parado à porta do Templo, Jesus observava o comportamento das pessoas que chegavam para participarem do culto. Perto de Jesus estava uma caixa para a coleta das ofertas que serviriam para a manutenção do Templo e, para socorrer os que estivessem necessitados. Ali, cada um colocava a sua contribuição livremente, de acordo com a sua vontade. Percebeu, então Jesus, que muitos ricos depositaram boas quantias e, percebeu , que os pobres também  contribuíram. E, uma viuva pobre , por fim aproxima-se do cofre e deposita duas únicas moedinhas que tinha em sua bolsa. Jesus, após o culto, chama os seus apóstolos e lhes diz :-“Em verdade vos digo, que esta viuva pobre depositou muito mais do que todos os outros juntos pois, todos deram das sobras que sempre Têm, mas ela, deu tudo o que tinha, todo o seu sustento. “
            Deduzimos desta lição que, a “doação” tem que representar, verdadeiramente, a vontade do nosso coração. Às vezes, sentimos muito quando presenciamos certas cenas que nos chocam, devido ao tamanho do sofrimento que um nosso irmão possa estar passando. Em vários locais que freqüentamos , não estamos livres  de presenciar a dor o o sofrimento que deprimem e sufocam pessoas como nós, porém, que as adversidades da vida (não nos interessa os caminhos que as levaram a tal situação), o que presenciamos dói muito na carne e no espírito daqueles sofredores.
E, ficamos horrorizados, condoídos e com muita pena, com muito dó mas ... mesmo chegando até às lágrimas, a maioria, enxugando os olhos e limpando a garganta, sai abatida e com muita dor no coração, porque mesmo  não estando naquele estado, leva uma vida muito apertada, com muita luta e coragem, conseguindo sobreviver e, , mesmo tendo muito  pouco recurso sempre são os que mais ajudam. Mas, a minoria, privilegiada, (estou falando do nosso Brasil, da nossa e de todas as demais cidades), ignora aqueles sofredores e, até lastimam aquele quadro que enfeia a sua cidade; que mancha o bom nome que ela tem, mas, com raras exceções, procuram ajudar àqueles desfavorecidos, mesmo tendo dinheiro e posição social que pode lhes dar condições de acionar as autoridades, para conseguir mudar o tratamento destinado àqueles que nada  têm . Gastam, gastam, gastam, mas...  com raras exceções , gostam de partilhar.
            Por isso Jesus fala que os ricos deram do que lhes sobrava. Isso não é dar com amor; é preciso partilharmos. Não basta Ter dó; não basta Ter pena;  não basta chorarmos compadecidos; como muitos fazem  nos velórios abraçam e deixam uma mensagem para os parentes e, depois, falam mal dos defuntos, comentando sobre a sua vida.  Isso não muda nada na vida dos que sofrem as marcas de um esquema social que os coloca à margem dos planos dos que dirigem esta e outras nações. Que têm os mesmos problemas no mundo inteiro. Com auxílio material, com boa vontade de os ouvirmos e falarmos com carinho e muito amor cristão, alguma coisa sempre  se pode fazer. É preciso partilharmos o Deus que trazemos dentro de nós, com aqueles que encontramos nas esquinas da vida.
Pai, dá-me um coração de pobre, capaz de partilhar até do que me é necessário, porque confio totalmente no teu amor providente.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

JUÍZO FINAL Mt 25,31-46 - 23.11.2014


HOMILIA

Do evangelho de hoje podemos deduzir que o Filho do Homem se declara Rei e juiz de todas as nações. É a glória devida a seu triunfo sobre a cruz. Pois ele é o Poder de Deus e a sua Sabedoria (1 Cor 1, 24).
Cristo – o Jesus ressuscitado vindo com poder e grande glória (Lc 21, 27)- assume as funções do verdadeiro Deus: Sua sentença é definitiva: eterna como o fogo eterno preparado pelo pai para os anjos rebeldes. Ele está rodeado de todos os seus anjos o qual indica ser superior a eles (Hb 1, 3-4) embora segundo o que sabemos pelos padrões da época o homem era inferior aos anjos (Hb 2, 7).
Trata-se de um juízo final, ou do início de uma era histórica após a destruição de Jerusalém? No primeiro caso, Jesus- o Filho do Homem- será o juiz definitivo como vemos no parágrafo 2. No segundo caso indica quais entrarão a formar parte do novo reino entre os gentios. Os escolhidos serão os misericordiosos que alcnaçarão misericórdia( Mt 5, 7) ou seja os que agiram com compaixão com os necessitados. Quais são estes irmãos mais pequenos? A) Os escandalosos, que escandalizam os pequeninos (Mt 18, 6) e que praticam a iniquidade(13, 41) [não socorrendo os necessitados]que serão lançados na fornalha ardente. B) Os que recebem e ajudam os discípulos de Jesus a quem basta dar um copo de água fria a um desses pequeninos por ser discípulo (Mt 10, 42). Cremos que a segunda opinião não possa ser descartada em termos absolutos, a primeira coincidindo com a tradição, é a mais segura.
Sobre o fogo preparado para o Diabo e os anjos, devemos comentar que na época de Jesus não se esperava que o Diabo estivesse no inferno, porque sabemos pelas palavras do próprio Jesus que viu Satanás cair do céu como um relâmpago (Lc 10, 18). Portanto o inferno não era sua morada mas o fogo ou lago de fogo será o destino definitivo do Diabo (Ap 20, 10) ao qual será lançado quem não for escrito no livro da vida(Ap 20, 15). Talvez isso explique a influência do maligno em nossa história.
Embora aionios é um adjetivo de qualidade como perpétuo, constante, sem início nem fim, tanto o castigo definido aqui oposto à vida, como no Apocalipse chamando-o de segunda morte ( Ap 21, 8) indicam um período sem fim. Podemos dizer que reflete perfeitamente Daniel 12, 2.
A condenação não é por atos de perversidade mas de omissão. Talvez porque os primeiros já estavam incluídos na mentalidade antiga. Os segundos eram o grande pecado e ainda são dos batizados chamados discípulos de Cristo. Por outra parte o evangelho de hoje serve para responder à pergunta: Como poderão salvar-se os que não conhecem Jesus ou consideram verdadeira a sua própria religião? Obviamente a fé será substituída pelas obras de misericórdia, necessárias também entre os cristãos porque a fé só está morta (Tg 2, 17) e Paulo afirma que a que tem valor é a fé que atua mediante o amor.
O rei, que é ao mesmo tempo juiz, também é o bom pastor, que sabe separar as ovelhas. Porque está escrito: Quando vier o filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória, e todas as nações serão reunidas em sua presença e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas. E ele porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.
JESUS é o bom pastor. Assim o conhecemos pelas histórias dos evangelistas. Pense no evangelho de João, capítulo 10. “EU SOU O BOM PASTOR”, diz JESUS e assim nós o vemos trabalhando. Sempre com muitas pessoas ao seu redor. “UM REBANHO QUE não TEM PASTOR”. Assim JESUS chamou num certo momento as pessoas, que o encontraram. E Ele ficou em pé e os curou, porque Ele era o bom pastor.
O Senhor tem misericórdia, porque o povo de Israel são as ovelhas dele! Mas ninguém cuida delas. Elas são vítimas daquelas pessoas que são como os leões e os lobos. Por isso o Senhor ajuda, E Ezequiel está mostrando isso. O Senhor mesmo vai guardar as ovelhas. Primeiramente, ele as congregará e depois ele procurará um bom lugar para elas; ele buscará as perdidas e tornará a trazer as desgarradas; as quebradas ligará e as enfermas fortalecerá.
Apesar disso, há um outro perigo para as ovelhas. Não só pastores maus, mas há também outras ovelhas, que ameaçam o bem estar do rebanho. O bom pastor deve interceder. E ele faz isso com as suas mãos e com o seu cajado. E ele fala quando ele está intercedendo. Podemos ver isso com pessoas que sempre vivem com animais. Assim o fazendeiro fala com as suas vacas e talvez vocês, ò criançada, fale assim também com o seu gato ou seu cachorro. Então, da mesma maneira, Ezequiel apresenta o Senhor como um pastor que está falando com as ovelhas.
JESUS diz: O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos. No lugar desta palavra servir, o nosso Senhor, originalmente, usou a palavra DIAKONEIN. É uma palavra estranha, grega. Mas não tão estranha. Ele queria dizer que ele chegou para ser diácono, servidor. E assim nós o vemos trabalhando. Ele deu muito aos outros. Dinheiro, saúde, até a vida dele próprio. Ele deu sua vida em resgate de muitos. CRISTO foi o melhor exemplo para todos os diáconos, que estão trabalhando agora.
O maior diácono, que este mundo conheceu, vivia assim e ele está esperando a mesma coisa dos seus alunos. Por isso ele nos avisa prematuramente. E por esse motivo os apóstolos estavam praticando isso logo depois do dia de Pentecostes. Porque todos os que criam vendiam suas propriedades e bens, e os repartiam para todos, segundo a necessidade de cada um. E no momento que este trabalho era demais para eles, eles não desistiram, dizendo: “É demais, então deixa; pregar e ensinar são muito mais importantes do que este trabalho”. Os apóstolos não disseram isso, mas logo instalaram sete diáconos, que ajudavam e coordenavam o serviço na comunidade e que estimulavam e mandavam os membros para ajudar outras pessoas. Pregar e praticar juntos.
Então é muito importante que toda a Igreja seja diaconal. Não só os diáconos. Quando CRISTO chegar, ele não convidará apenas os diáconos para dar o reino de DEUS. Ele convidará todos os irmãos que serviram outras pessoas.
O primeiro diácono do mundo será o último juiz e o julgamento dele será sobre o serviço que tivermos prestado aos nossos irmãos. Ele chamará e congregará todos os seus diáconos, dizendo: Vinde benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado deste a fundação do mundo, porque tive fome e me destes de comer...
Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A PERGUNTA SOBRE A RESSURREIÇÃO Lc 20,27-40 - 22.11.2014


HOMILIA

A propósito de uma pergunta capciosa dos seus adversários que negavam a ressurreição dos mortos, Jesus procura fazer-lhes compreender que, no mundo novo da ressurreição, as coisas estão fora e acima do nosso modo de pensar terreno. A ressurreição dos mortos pertence já a esse “mundo que há-de vir” para além da morte, em que Deus vive como Deus de vivos, como Ele Se tinha revelado no episódio da sarça ardente, ao apresentar-Se a Moisés como Deus dos que tinham vivido antes, mas que para Ele são sempre vivos, Ele “o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob”.
Os saduceus, grandes proprietários de terras, formavam a elite dos sacerdotes(20,27-40). Não acreditavam na ressurreição, e propõem a Jesus um caso difícil, para mostrar que é absurdo crer na ressurreição. Jesus retifica a questão, mostrando que a vida da ressurreição não deve ser concebida como mera cópia da vida na dimensão presente. E os mortos ressuscitam? Referindo-se à célebre forma “Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó”, Jesus mostra que, sendo Deus dos vivos e da Vida, também Abraão, Isaac e Jacó devem estar vivos com ele. Com efeito, o sentido de toda a criação é viver para Deus, e essa vida não conhece fim. Ruma para a plenitude, sempre. O que está com Deus está vivo para gozar a vida em abundância.
            Os saduceus queriam embaraçar Jesus fazendo perguntas a partir da prática do levirato (Dt 25.5-6). No livro do Deuteronômio está ordenado que, no caso de um irmão falecer sem descendência, é a obrigação de um irmão casar com a viúva para dar o nome à família. Se, nessa prática, uma viúva casar sucessivamente, de quem será a mulher na ressurreição? Jesus afirma a ressurreição (vv. 35-37), e mostra aos saduceus que as instituições pertencentes a esta ordem das coisas não continuarão pós-ressurreição. Em outras palavras, as instituições terrenas não continuarão no céu, que é o mundo da justiça plena. O mundo onde está presente o Reino de Deus. Todas as instituições e poderes são transitórios e provisórios, ainda.
            A continuidade entre o agora e o então está em Deus e na sua graça. E Jesus faz excursão mais profunda no Pentateuco, lembrando-os do que Moisés disse a respeito de Deus como o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. A ressurreição é contrastada, por isso, pela imposição da morte; pelos determinismos e fatalismos da cultura, da religião, da política corrompida, nos sistemas de pensar. A ressurreição é a dádiva da vida e vem de Deus. Assim, à luz da ressurreição, a vida é vista e vivida sob o poder da graça. Em Lucas a ênfase recai na expressão: “não podem mais morrer” com referência aos filhos da ressurreição.
            Pai, és Deus da vida e Deus dos vivos, e queres todos os seres humanos em comunhão contigo para sempre. Ajuda-me a viver, já nesta vida, esta comunhão eterna.
Fonte Padre BANTU SAYLA

A MÃE E OS IRMÃOS DE JESUS Mt 12,46-50 - 21.11.2014


HOMILIA

Vemos neste texto de hoje que JESUS é interrompido de um sermão por alguém que diz: A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor.
O que Ele disse quando foi informado que Sua mãe e Seus irmãos estavam ali, nesta ocasião, parece consistir em desprezo aos seus familiares, mas na realidade o significado é mais profundo do que isso.
Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família segundo a carne. Como filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade ao discípulo a quem ele amava.
Simplesmente Jesus define claramente que o parentesco de ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou irmãs que ele tinha, não tem qualquer significação no Reino de Deus.
O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que Ele pode ter é de ordem espiritual - e é com aqueles que fazem a vontade de Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.
Deixando de lado os laços sangüíneos, representado pelo parentesco segundo a carne com sua mãe e seus irmãos, o Senhor Jesus passará agora a ampliar o Seu ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção entre judeus e gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua incredulidade e rejeição.
O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente superado por afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator predominante e definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção qualquer.
O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu Senhor e Salvador. Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. Nosso relacionamento espiritual com Cristo produz um vínculo maior do que nosso parentesco de sangue.
Um aspecto muito importante que deve ser esclarecido é sobre os irmãos de Jesus. Há dias uma das assíduas comentadoras da homilia diária perguntava sobre este aspecto.
Os irmãos de Jesus, como fica claro pelo próprio texto bíblico, eram filhos de Alfeu e sua esposa, e não de José e Maria. A dúvida sobre se Maria teve outros filhos só revela a Em diversos lugares o Evangelho fala desses ‘irmãos’. Assim, S. Marcos e S. Lucas referem que ‘estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos que querem ver-te” (Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20; e também em Jo 7, 1-10).
Toda a pessoa que pergunte sobre os irmãos de Jesus somente revela a sua ignorância da própria Bíblia. Até porque as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzam o nosso ‘primo’ ou ‘prima’, e serve-se da palavra ‘irmão’ ou ‘irmã’.
No Antigo Testamento encontramos e sobretudo em Gn 37, 16; 42, 15; 43, 5; 12, 8-14; 39, 15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23, 21), e primos segundos (Lv 10, 4) - e até ‘parentes’ em geral (Job 19, 13-14; 42, 11). Há muitos exemplos na Sagrada Escritura. Lê-se no Gêneses que ‘Taré era pai de Abraão e de Harão, e que Harão gerou a Lot (Gn 11, 27), que, por conseguinte, vinha a ser sobrinho de Abraão. Contudo, no mesmo Gênesis, mais adiante, chama a Lot ‘irmão de Abraão’ (Gn 13, 3). ‘Disse Abraão a Lot: nós somos irmãos” (Gn 14, 14). Jacó se declara irmão de Labão, quando, na verdade, era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29, 12-15).
No Novo Testamento, fica claríssimo que os ‘irmãos de Jesus’ não eram filhos de Nossa Senhora. Os supostos ‘irmãos de Jesus’ são indicados por S. Marcos: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão e não estão aqui conosco suas irmãs?” Tiago e Judas, conforme afirma S. Lucas, eram filhos de Alfeu e Cleófas: ‘Chamou Tiago, filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc 6, 15-16). E ainda: “Chamou Judas, irmão de Tiago” ( Lc 6, 16). Quanto a ‘José’, S. Mateus diz que é irmão de Tiago: “Entre os quais estava… Maria, mãe de Tiago e de José (Mt 27, 56). Em S. Mateus se lê: “Estavam ali (no calvário), a observar de longe…., Maria Mágdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”. Essa Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de S. José, mas de Cleofas, conforme S. João (19, 25). Era também a irmã de Nossa Senhora, como se lê em S. João (19, 25): “Estavam junto à Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Mágadala”. Simão, irmão dos três outros, ‘Tiago, José e Judas’ são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou Cleophas é o pai deles.
Da mesma forma, se Nossa Senhora tivesse outros filhos, ela não teria ficado aos cuidados de S. João Evangelista, que não era da família, mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Eis um dilema sem saída para os protestantes, pois os ‘irmãos de Jesus’ são filhos de Maria Cléofas e Alfeu.
Também decorre uma pergunta: Por que nunca os evangelhos chamam os ‘irmãos de Jesus’ de ‘filhos de Maria’ ou de ‘José’, como fazem em relação à Nosso Senhor? E por que, durante toda a vida da Sagrada Família, apenas conta-se três membros: Jesus, Maria e José?
A própria Sagrada Escritura demonstra que os supostos ‘irmãos’ de Jesus são seus primos e não seus irmãos carnais. Sua afirmação de que o trecho de S. Mateus tem duas passagens, uma referindo-se à filiação carnal e a segunda à filiação espiritual fica sem sentido, visto que não conferem com o texto bíblico. Até porque o parentesco de sangue não é sequer mencionado pelos seus irmãos nas cartas que escreveram e que se encontram no Novo Testamento, indicando que não davam valor a isso. Ao invés disso, eles se dizem servos de Jesus Cristo.
Portanto, Maria, é o templo divino, onde Deus fez sua morada. Nela, Deus realizou a nova e eterna aliança que é Jesus, trazendo-nos por meio de Seu Filho a salvação. Maria viveu para Deus, cumprindo sua vontade e colaborando com Ela na redenção. Hoje celebramos sua apresentação no Templo. Ela era o templo de Deus, categral iluminada, sonho do Pai eterno.
Fonte Padre BANTU SAYLA

terça-feira, 18 de novembro de 2014

AI DE TI JERUSALÉM Lc 19,41-44 - 20.11.2014


HOMILIA

Jesus chega a Jerusalém aclamado pela multidão. Porém ao invés de corresponder aos aplausos vendo a cidade, chora sobre ela. Jerusalém era a capital da fé daquele tempo. Pois tendo sido tomada do povo jebuseu pelo rei Davi, nela estavam centralizados todos os poderes religiosos, político e militar. O templo aí construído e a sólida teologia imperial elaborada na corte dos reis descendentes de Davi conferiram a Jerusalém o status de cidade sagrada. Todavia, apesar já os profetas do Antigo Testamento denunciavam o abuso de poder e a corrupção aí reinantes, o fato se tornava cada vez pior. Os olhos dela estão como que tapados: ela se tornou o centro da exploração e opressão do povo, enveredando por um caminho que é o avesso do caminho da paz.
Ela será destruída, porque não quer reconhecer na visita de Jesus a ocasião para mudar as próprias estruturas injustas, abrindo-se ao apelo d’Ele.
Jesus chora por que gostaria de juntar aquele povo como uma galinha junta seus pintinhos. Caro leitor, você conhece esta cena? A galinha junta os pintinhos com as assas e os protegem. Jesus é assim mesmo! Ele usa linguagem bem humana para que possamos compreender. Veja a comparação que o Mestre faz! Como é grande o amor d’Ele pela humanidade, demonstrado nestes textos à cidade de Jerusalém.
Veja que comparação que Jesus faz! Como é grande o amor de Jesus pela humanidade, narrado nestes textos a cidade de Jerusalém. E ele é proclamado para você aqui agora! Ele deseja muito abrir seus braços agora e acolher a todos, deixe-se ser acolhido por Jesus!
Foram duas ocasiões muito solenes aquelas em que os textos sagrados nos dizem que Jesus chorou. Chorou diante do sepulcro, onde jazia o seu amigo Lázaro, morto há quatro dias, e chorou quando sentiu, no mais íntimo do seu coração, a incredulidade da santa cidade de Jerusalém.
Jesus é Deus (único, sem dúvida), que chora pela situação triste e ímpia deste mundo perdido. Parece um contraste, algo incoerente, Deus a chorar pelos homens. Mas não. Não é incoerência, porque Este (Jesus) é o único Deus que ama. Deus que ama o mundo de tal maneira que se dá a si mesmo, como sacrifício de substituição para que todo aquele que n’Ele crê não morra, mas tenha a vida eterna.
Olhemos este texto e vejamos com que amor Deus se ocupa de nós. Como se dá a si mesmo; como sofre, vendo a cidade entregue às suas impiedades e dominada pelos vendilhões da religião; como chora sobre ela e ora para que abra os olhos para as suas oportunidades, ainda de pé, mas em breve perdidas! Esta cidade és tu, sou eu quando não nos "queremos" converter e acatando os seus ensinamentos nos salvar. E então continua chorando por ti e por mim: Jerusalém, Jerusalém, como gostaria que visses as tuas oportunidades, mas tu queres continuar de olhos fechados; como queria que abrisses os olhos, mas tu preferes continuar de olhos fechados e não ver a verdade; como quis ajuntar os teus filhos como a galinha ajunta os pintos debaixo das asas, mas tu não quiseste; Porque assim queres, os teus inimigos te sitiarão de todos os lados, serás totalmente derrubada e em ti não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada.
Não te revês na situação de rebeldia de Jerusalém? Arrepende-te enquanto é tempo. Aceita a misericórdia de Jesus, que chora pela tua triste e condenável situação de pecador perdido. Vem a Cristo que te chama com amor infinito e viverás. Ai de ti que não sabes reconhecer a bondade de Deus que estava a seu lado no dia a dia da vida. Que estejamos sempre atentos e conscientes com os bens que temos, sobretudo, o bem da paz e da vida.
Pai dá-me o bom senso de acolher a salvação que me ofereces em teu Filho Jesus. Desta forma, não incorrerei em castigo semelhante ao que se abateu sobre a Cidade Santa.
Fonte Padre BANTU SAYLA

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

AS DEZ MOEDAS DE OURO Lc 19,11-28 - 19.11.2014


HOMILIA

A parábola dos talentos, apesar das semelhanças, não deverá ser a mesma das minas, ainda que alguns pensem que sim, pois Jesus podia ter contado duas parábolas semelhantes, embora com o mesmo fim didáctico. Esta parábola ensina principalmente a necessidade de corresponder à graça duma maneira esforçada, exigente, constante, durante toda a vida. Temos de fazer render todos os dons da natureza e da graça, recebidos do Senhor. O importante não é o número dos talentos recebidos, mas sim a generosidade em os fazer frutificar.
Não se trata propriamente de uma moeda, mas de uma unidade monetária, cujo valor ignoramos ao certo, por variável que era então, mas que ronda pelos 36 quilos de prata O texto nos sugere refletirmos sobre três pontos funtamentais que são:
1 - O segredo da felicidade. Todos suspiramos pela felicidade, todos queremos ser feliz. Todavia é preciso não temos ilusões. A felicidade não se recebe de mão-beijada. Ela conquista-se com o esforço, o trabalho e o sacrifício. O segredo da felicidade está na fidelidade aos nossos deveres em relação a Deus e aos outros. Ser fiel no dever de cada dia; fiel em pequenos gestos de caridade com o próximo; fiel no compromisso de piedade, de amor para com Jesus na Eucaristia; fiel na preocupação de tornar a vida agradável aos outros; sorrido; servindo e ensinando. Não é indiferente ser ou não ser fiel: ditoso o que teme o Senhor e segue o seu caminho, diz o Salmista.
Não há felicidade sem fidelidade. As leituras da missa de hoje colocam diante de nós o exemplo da mulher virtuosa que põe todo o seu esforço ao serviço do bem estar da família, do aconchego do lar. E, no Evangelho, o exemplo dos criados que puseram a render os talentos que o patrão lhes confiou. S. Paulo, por sua vez, convida-nos a ser vigilantes e sóbrios em tudo: no falar e no comer; no vestir e no andar; na maneira de encarar os acontecimentos com optimismo e não com pessimismo e desespero.
2 - Os pecados de omissão. O Evangelho nos diz que o patrão daqueles criados, passado muito tempo, foi ajustar contas com eles. Enquanto que o primeiro e o segundo puseram a render os talentos recebidos, o terceiro, deixando-se levar pela preguiça, nada fez. Daí, ouvir a censura condenatória do seu patrão: servo mão e preguiçoso.
Aqui temos retratado o pecado de omissão. Aquele servo não perdeu o talento recebido. Teve até o cuidado de o esconder, mas assim o tornou improdutivo.
O servo preguiçoso é imagem viva do cristão que, quando é chamado a uma vida de piedade mas intensa; comprometer-se na tarefa do apostolado; a aliviar o peso da pobreza, do sofrimento de quem o rodeia, se esquiva. E tranquiliza a sua consciência dizendo: eu não sou mau, não trato mal ninguém, nem prejudico quem quer que seja. Quem fala assim não repara que também existam omissões graves, coisas que se deviam ter feito ou dito, não se fizeram nem se disseram. V.G. na comunicação social quantos pecados de omissão nesta área, lembra o Senhor Arcebispo Primaz: há momentos para elogiar e ocasiões para, sem condenar ninguém, mostrar a nossa discordância. Lembro os que apoiam publicamente o aborto e outros actos graves contra a vida a justiça e a paz.
3 – verdadeiro descanso. O comportamento dos servos não foi igual. Para o primeiro e o segundo o resultado foi 100% mais; para o terceiro foi 100% negativo. Cada um recebeu os seus talentos para os pôr a render sempre que posso fazer algo. E assim não posso cruzar os braços. Certamente que não resolvo tudo. Faço o que posso. Portanto, dê tu também o teu 100% e descansarás, tomarás posse do que está reservado para aqueles que em vida deram o seu 100%
O Evangelho estabelece um laço constante entre os pecados de omissão e o inferno. Três textos se referem ao caso: a parábola dos talentos que acabados de ouvir – lançai-os às trevas de lá de fora. Na parábola do rico avarento (Lc. 16, 10): Morreu e foi sepultado no abismo. No capítulo 25, 11 de S. Mt.: afastai-vos de mim malditos para o fogo eterno.
Eu, no meu lar, no lugar de trabalho, nas minhas relações sociais, na minha paróquia, faço frutificar os talentos de inteligência, de saúde, de simpatia, de possibilidades económicas...ou enterro tudo isso no despejo da preguiça? Procuro trabalhar na defesa dos valores: da vida, da verdade, da honra, do pudor, dos outros que precisam da minha ajuda? Mãos à obras, tu tens tudo para seres feliz, e repousares na alegria do teu Senhor, basta que ponhas a render os teus talentos.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sábado, 15 de novembro de 2014

ZAQUEU, A SALVAÇÃO CHEGOU EM TUA CASA Lc 19,1-10 - 18.11.2014


HOMILIA

O Evangelho nos apresenta a encantadora história de Zaqueu. Jesus chegou a Jericó. Não é a primeira vez que vai, e nesta ocasião, ao aproximar-se, também curou a um cego (v. Lc 18, 35 ss). Isto explica por que há tanta multidão esperando-o. Zaqueu, «chefe de publicanos e rico», para vê-lo melhor, sobe em uma árvore no caminho que as pessoas seguem (logo na entrada de Jericó há ainda um velho sicômoro que seria o de Zaqueu!). «Quando Jesus chegou àquele lugar, levantando os olhos lhe disse: Zaqueu, desce logo; porque convém que hoje eu fique em sua casa. Apressou-se a descer e lhe recebeu com alegria. Ao vê-lo, todos murmuravam dizendo: Foi hospedar-se na casa de um homem pecador.
O episódio serve para evidenciar, uma vez mais, a atenção de Jesus pelos humildes, os rejeitados e desprezados. Seus concidadãos desprezavam a Zaqueu porque praticava injustiças com o dinheiro e com o poder, e possivelmente também porque era pequeno de estatura; para eles, Zaqueu não é mais que «um pecador». Jesus ao contrário vai encontrar-lhe em sua casa; deixa à multidão de admiradores que lhe recebeu em Jericó e vai para casa só de Zaqueu. Faz como o bom pastor, que deixa as noventa e nove ovelhas para buscar a que completa a centena, a que se perdeu.
Também a atuação e as palavras de Zaqueu contêm um ensinamento. Estão relacionadas com a atitude para com a riqueza e para com os pobres. Deste ponto de vista, o episódio de Zaqueu deve ser lido com o fundo das duas passagens que lhe precedem, a do rico e a do jovem rico.
O rico negava ao pobre até as migalhas que caiam de sua mesa; Zaqueu dá a metade de seus bens aos pobres; se usa de seus bens só para si e para seus amigos ricos que lhe podem corresponder; outro usa seus bens também para os demais, para os pobres. A atenção, como se vê, está no uso que se deve fazer das riquezas. As riquezas são iníquas quando se equiparam, subtraindo-as aos mais frágeis e empregando-as para o próprio luxo desenfreado; deixando de ser iníquas quando são fruto do próprio trabalho e se põem a serviço dos demais e da comunidade.
Confrontar o episódio do jovem rico é igualmente instrutivo. Ao jovem rico Jesus diz que venda tudo o que tem e dê aos pobres (Lc 18, 22); com Zaqueu, se contenta com sua promessa de dar aos pobres a metade de seus bens. Zaqueu, em outras palavras, continua sendo rico. A tarefa que realiza lhe permite seguir sendo rico inclusive depois de ter renunciado à metade de seus pertences.
Isto retifica uma falsa impressão que se pode ter de outras passagens do Evangelho. Não é a riqueza em si o que Jesus condena sem apelação, mas o uso iníquo dela. Existe salvação também para o rico! Zaqueu é a prova disto. Deus pode fazer o milagre de converter e salvar a um rico sem, necessariamente, reduzi-lo ao estado de pobreza. Uma esperança, esta, que Jesus não negou jamais e que inclusive alimentou, não desdenhando freqüentar, Ele, o pobre, também a casa de alguns ricos e chefes militares.
Certo: Ele jamais encontrou os ricos nem buscou seu favor suavizando, quando estava em sua companhia, as exigências de seu Evangelho. Completamente ao contrário! Zaqueu, antes de ouvir o que lhe foi dito: Hoje chegou a salvação a esta casa, teve que tomar uma valente decisão: dar aos pobres a metade de seu dinheiro e dos bens acumulados, reparar as fraudes cometidas em seu trabalho restituindo o quádruplo. O caso de Zaqueu se apresenta, assim, como o reflexo da conversão evangélica que é sempre e por sua vez conversão a Deus e aos irmãos.
Zaqueu de hoje sou eu, és tu a quem Jesus chama: Desce depressa... a salvação chegou em tua casa.
Fonte Padre BANTU SAYLA

JESUS, FILHO DE DAVI TENHA PENA DE MI Lc 18,35-43 - 17.11.2014


HOMILIA

Jesus se aproxima de Jericó, etapa final de sua subida a Jerusalém, distante cerca de 20 quilômetros. Há um cego sentado a beira do caminho, pedindo esmola. Sabendo que Jesus passa, grita por ele, identificando-o como aquele que lhe pode dar tudo o que precisava para curar a sua cegueira e grita: Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!
A cegueira quando acomete o indivíduo perfeito e o torna deficiente é muito amarga. Ela no texto de hoje bateu nas porta de Bartimeu. Sua vida havia mudado drasticamente pelo fato de a cegueira o haver acometido há algum tempo atrás. O homem era a personificação da infelicidade. Não podia enxergar. Lucas nos relata que ele passava suas horas, seus dias, sentado a beira do caminho que levava a Jericó. Por certo uma passagem obrigatória de todos os viajantes que se dirigiam àquela cidade ou de lá saíam. Ele, o cego, conhecia cada caravana só pelo tropel de seus camelos, as risadas e os gritos de cada cavaleiro. E, sentado à beira do caminho, pedia esmola. Bartimeu, é o te retrato e o de todos aqueles que ignoram a Jesus. Cego e pobre mendigo seria a expressão mais correta.
Na manhã dos acontecimentos narrados pela pena de Lucas, o caminho de Jericó parecia diferente. Bartimeu chegou cedo, como de costume. Afinal não se podia perder a oportunidade de arrecadar o máximo possível da bondade dos transeuntes daquele lugar. Algo entretanto cheirava diferente para Bartimeu.
A fama de Jesus já havia corrido por todos os lados daquela região. Por onde quer que Ele fosse uma multidão o acompanhava. Gente de todas as raças e lugares. O colorido era visto de longa distância. Assim era o charme de Jesus gente de todos os lugares, de todas as cores e raças. Inclusive as raças de víboras que João Batista falara tanto.
Um grande som, diferente, se ouvia dos lados de Jericó. O que representava aquele barulho diferente Bartimeu não podia identificar. E chegava cada vez mais perto, a ponto de agora, poder-se ouvir perfeitamente as vozes alegres de pessoas caminhando.
Bartimeu ouvia aquilo, mas não sabia o que era. Aliás, o pecador, cego, sem Jesus, ouve muito bem, até mesmo a respeito de Jesus, mas não sabe quem Ele é.
Intrigado com algo tão inusitado, pois naquele caminho os sons que ele estava acostumado a ouvir eram diferentes, Bartimeu interpela alguém que se aproxima dele. A notícia da chegada de Jesus alvoroça Bartimeu. Ele agora toma consciência do fato. Sabe ser aquela a sua única e grande chance. Sim, porque não quer permanecer a vida toda na cegueira. Jesus para ele agora se tornou a grande esperança de felicidade. Há dias ele ouvira falar que aquele homem tinha feito muitos milagres entre os samaritanos e até pensou que se pudesse iria ao encontro dele. Que felicidade! Jesus veio ao seu encontro. Mas não era bem assim... Jesus estava passando. Mas aquele momento era decisivo. Não poderia deixar passar a oportunidade. Toma a mais importante decisão de sua vida: clama por Jesus. Algumas pessoas o recriminam, impedem-no até. Mas, se houvesse cura para ele aquela era sua única chance. Clama mais alto: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim.
Que fato interessante! Jesus que tudo sabe, não se importou com aquele cego. Ia passando. É claro que Jesus sabia da sua profunda necessidade. Estava apenas aguardando o momento certo. E, Bartimeu aos gritos insistia: tem misericórdia de mim. Jesus ouviu. Desde o primeiro instante Jesus ouviu. Como ouve a todos.
Ordenou que trouxessem o cego. E faz a pergunta: O que é que você quer que eu faça? Sua necessidade era física, cura, disse o cego: Senhor, eu quero ver de novo!.
Para Jesus a necessidade dele ia mais além , a cura espiritual. Igual a todo pecador sem Jesus necessita de cura espiritual para enxergar a salvação. Entretanto, Jesus notou no cego Bartimeu, além do profundo desejo de cura física uma fé sem limites. Fé que o levou a clamar por compaixão, não se importando com todos os obstáculos que estivessem a sua frente. Essa tamanha fé leva Jesus a afirmar: A tua fé te salvou. O resultado dessa fé foi imediatamente notada pois Bartimeu sai exultante dando glórias a Deus. O povo que ia junto a Jesus vendo isto também glorificava a Deus. O pecado cega o homem. Deixa-o a margem da estrada, mendigando, implorando por migalhas da compaixão do mundo.
Coberto por esta capa imunda que Satanás lhe ata sobre os ombros, segue a passos largos rumo ao Inferno. Mas Jesus, o Filho de Deus, pode dar luz, vida e salvação. A visão mais desejada deve ser a visão espiritual.
Seja tu também Bartimeu e grite bem alto: Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim! E Jesus assim como curou e salvou a ele respondendo também te dirá: vai em paz! Veja, a tua fé te salvou.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

NÃO ENTERRE O TEU TALENTO Mt 25,14-30 - 16.11.2014


HOMILIA


A expectativa e a vigilância convertem-se em responsabilidade pela transformação do mundo. A parábola dos talentos ressalta a vigilância como atitude de quem se sente responsável pelo Reino. E quem recebeu talentos e não os faz render, pode ser demitido por "justa causa" do Reino. O Evangelho situa-se no quinto e último grande discurso escatalógico, ou aquele que trata do fim o último das coisas. O tema básico do discurso é a vigilância, ilustrada pela leitura dos sinais do tempos, a parábola do empregado responsável, a das virgens prudentes e imprudentes, e que vai terminar festa de Cristo Rei, com o texto sobre o Juízo Final.
Por trás da parábola dos talentos, há um tempo de expectativa e de sofrimento. Na época em que Mateus escreveu o Evangelho, muitos cristãos estavam desanimados diante da demora da segunda vinda do Messias. Além disso, o converter-se à fé cristã acarretava perseguição e até morte. As comunidades se esvaziavam e o ardor por Jesus Cristo esmorecia. O Evangelista escreve com o objetivo de reanimar a fé.
Jesus apresenta-se como um senhor que, antes de empreender uma viagem, reúne seus empregados e reparte com eles sua riqueza para que a administrem. A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro: a cada um segundo sua capacidade. E viajou para longe. No retorno, ele pede contas. Os dois primeiros fizeram que os talentos rendessem em dobro. O último devolveu o talento tal qual tinha recebido, pois, com medo de arriscar, havia enterrado o talento. Curioso é o motivo de tal procedimento. Não tomou tal atitude por preguiça, mas por medo da severidade de seu senhor. Em conseqüência, os dois primeiros foram elogiados e recompensados pela eficiente administração e o último foi demitido por justa causa.
No tempo de Jesus um talento era uma soma considerável de dinheiro, e hoje pode ser interpretado em termos de dons ou carismas recebidos de Deus. O trecho demonstra que o importante é arriscar-se e lançar-se à ação em prol do crescimento do Reino de Deus, para que os dons que recebemos de Deus possam crescer e se frutificar. (De forma alguma se deve interpretar o texto a pé-da-letra, como se ela tratasse de investimentos e lucros financeiros, pois ele é uma parábola, que é uma comparação usando imagens e símbolos conhecidos).
Jesus confiou à comunidade cristã a revelação dos segredos do Reino e a revelação de Deus como o "Abbá", ou querido Pai. Esse dom é um privilégio, mas também um desafio e uma responsabilidade. Nem a comunidade cristã, nem o cristão individual podem guardar para si essa riqueza. Embora carreguemos "esse tesouro em vasos de barro'"(2 Cor 4,7), como disse São Paulo, temos que partir para a missão, para que todos cheguem a essa experiência de Deus e do Reino. Não é suficiente que estejamos preparados para o encontro com o Senhor (mensagem do texto anterior a nosso, o das virgens) - o outro lado da medalha é a atividade missionária, que faz com que o Reino de Deus cresça, mediante o testemunho da nossa prática da justiça!
O terceiro empregado devolvendo ao senhor o talento que recebera, nem mais nem menos, em termos de justiça, está quite. Ele personifica os membros das comunidades que não traduzem em seus relacionamentos os dons recebidos de Deus ou daqueles que, observando rigorosamente a Lei, se consideram perfeitos cumpridores da vontade do Senhor, mas que na verdade desconhecem a exigência fundamental do Messias, que é de gratidão e iniciativa. Por isso, são castigados por sua mediocridade.
Enterrar os talentos é sinônimo de eximir-se de responsabilidade diante da missão que o Ressuscitado confiou a seus discípulos como suas testemunhas e continuadores da obra que Ele mesmo recebeu do Pai: salvar a humanidade (cf. At 1,6-11). Enterrar os talentos é privar a comunidade de dons de que ela está necessitando. A omissão é um pecado que prejudica a edificação da comunidade. É instalar-se para não correr riscos. Para aqueles que aderiram à fé, não basta serem bons evitando o mal a fim de serem aprovados como solícitos administradores dos bens do Reino. O que se exige de nós é a capacidade de correr o risco com a responsabilidade e o compromisso. Jesus nos alerta a vivermos o tempo presente em fidelidade ativa como um preparo ao juízo final. Quando voltar, o Senhor recompensará os bons administradores com a salvação isto é, com a alegria de seu convívio na Jerusalém celeste. Portanto, não enterre o teu talento. Faça-o render afim de que possas ser recompensado pelo teu Senhor quando chegar: Muito bem, empregado bom e fiel. Tu foste fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr-te para negociar com muito. Vêm festejar comigo!
Fonte Padre BANTU SAYLA

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A ORAÇÃO PERSEVERANTE Lc 18,1-8 - 15.11.2014


HOMILIA

Esta parábola do juiz injusto é um ensinamento muito expressivo acerca da eficácia da oração perseverante e firme. E providencialmente constitui a conclusão da doutrina sobre a vigilância, exposta nos versículos anteriores. O fato de comparar o Senhor com uma pessoa como esta, põe em relevo o contraste entre ambos: se até um juiz injusto acaba por fazer justiça àquele que insiste com perseverança, quanto mais Deus, infinitamente justo e nosso Pai, escutará as orações perseverantes dos Seus filhos.
Deus fará justiça aos Seus escolhidos que clamam por Ele sem cessar. A necessidade da oração funda-se na necessidade da graça atual. É uma verdade de fé que, sem esta graça, nos achamos em impotência radical de nos salvarmos e, com maior força de razão, de atingirmos a perfeição. De nós mesmos, por melhor uso que façamos da liberdade, não podemos nem dispor-nos positivamente para a conversão, nem perseverar por tempo notável, nem, sobretudo perseverar até à morte: Sem mim, diz Jesus a seus discípulos, nada podeis fazer, nem sequer ter um bom pensamento.
São muito claros os textos, que nos mostram a necessidade de rezar, se quisermos alcançar a salvação: É preciso rezar sempre e nunca descuidar (Lc 18, 1). Vigiai e orai para não cairdes em tentação (Mt 25, 41). ‘Pedi e dar-se-vos-á (Mt 7, 7).
É preciso rezar, orai, pedi, significam e impõem um preceito e uma obrigação, um mandamento formal.
Os Padres da Igreja tais como, por exemplo, São Basílio Magno, São João Crisóstomo e Santo Agostinho, ensinam que a oração para os adultos é necessária, não somente por ser um mandamento de Deus, como também por ser um meio necessário para a salvação. Assim, torna-se impossível que um cristão se salve sem pedir as graças necessárias para a sua salvação. Depois do batismo, a oração contínua é necessária ao homem para poder entrar no céu. Embora sejam perdoados os pecados pelo batismo, sempre ainda ficam os estímulos ao pecado, que nos combate interiormente, o mundo e os demônios que nos combatem externamente. A oração é necessária não para que Deus conheça as nossas necessidades, mas para que nós fiquemos conhecendo a necessidade que temos de recorrer a Deus, para receber oportunamente os socorros da salvação. Assim, reconhecemos Deus como único Autor de todos os bens, a fim de que nós conheçamos que necessitamos de recorrer ao auxílio divino e reconheçamos que Ele é o Autor dos nossos bens.
No texto de hoje vemos a descrição das duas personagens. O juiz é mau, a viúva é pobre e sem amparo. O seu único recurso é a perseverança em implorar justiça. Perseveremos também em nossa oração, nós que tratamos não com um juiz iníquo, mas com um Pai de misericórdia.
A razão que o Senhor dá para atender as orações é tríplice: a sua bondade, que tanto dista da compaixão do juiz; o amor que tem pelos seus discípulos e, por último, o interesse que estes mostram através da sua perseverança na petição. Deus está sempre atento a quem o invoca. Pede-lhe sem titubear, e conhecerás que a sua grande misericórdia não te abandona, mas dará cumprimento à petição da tua alma.
A viúva não desanimou, mas perseverou e foi atendida; perseveremos também nós na oração e Deus nos atenderá. É, pois, necessário que rezemos com humildade e confiança. Entretanto, isto só não basta para alcançarmos a perseverança final e, com ela, a salvação eterna. As graças particulares que pedimos a Deus, podemos obtê-las por meio de orações particulares. Mas, se não perseverarmos na oração, não conseguiremos a perseverança final, a qual compreende uma cadeia de graças e, por isso, supõe repetidas e continuadas até à morte. Assim como nunca cessa a luta, assim também nunca devemos deixar de pedir a misericórdia divina, para não sermos vencidos. Se quisermos, pois, que Deus não nos abandone, devemos pedir-lhe sempre que nos auxilie. Fazendo assim, certamente Ele nos assistirá sempre e não permitirá que nos separemos dele e que percamos a sua amizade. Procuremos, por isso, rezar sempre e pedir a graça da perseverança final, bem como as graças para consegui-la.
A oração perseverante é índice de fé profunda, de firme esperança, de caridade viva para com Deus e o próximo. O ensinamento de Jesus Cristo sobre a perseverança na oração une-se com a severa advertência de que é preciso manter-se fiéis na fé; fé e oração vão intimamente unidas. Creiamos para orar e para que não desfaleça a fé com que oramos, oremos. A fé faz brotar a oração, e a oração, enquanto brota, alcança a firmeza da fé. O Senhor anunciou a Sua assistência à Igreja para que possa cumprir indefectivelmente a sua missão até ao fim dos tempos (cfr Mt 28, 20); a Igreja, portanto, não pode desviar-se da verdadeira fé. Porém, nem todos os homens perseverarão fiéis, mas alguns se afastarão voluntariamente da fé. É o grande mistério que São Paulo chama de iniqüidade e de apostasia (2 Ts 2, 3), e que o próprio Jesus Cristo anuncia noutros lugares (cfr Mt 24, 12-13). Deste modo o Senhor previne-nos para que, ainda que à nossa volta haja quem desfaleça, nos mantenhamos vigilantes e perseveremos na fé e na oração. Deus há de ouvir, finalmente, aos seus eleitos, se eles orarem com fé e perseverança. Ainda que seja ao cabo de vinte, trinta anos, no fim da vida; que é isso em relação à eternidade? Mas, infelizmente, a fé vai enfraquecendo, e com ela a caridade, e sem caridade é impossível a oração.
Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ONDE ESTÃO OS MORTOS AI ESTÃO OS ABUTRES Lc 17,26-37 - 14.11.2014


HOMILIA

Continua o discurso apocalíptico sobre a vinda do Filho do homem, que é preciso esperar na austeridade, na vigilância e na fé. Com exemplos da história antiga do povo de Deus, Jesus previne os seus discípulos para que se mantenham sempre na expectativa da vinda do reino de Deus. As ocupações e cuidados da vida presente podem não deixar tempo para viver na expectativa dessa vinda do Senhor, mas ela é certa e será para todos os homens.
A vinda do Reino de Deus é a vinda do Filho do Homem que o instaura.O retorno do Senhor é certo, mas o tempo é desconhecido. A vinda do Senhor acontecerá de modo rápido e inesperadamente. Nesta passagem se acentua a expressão: “não visível”, como anteriormente tinha feito em relação ao “não observável”. Poder-se-ia até imaginar um alerta contra a nostalgia dos “dias” em que Jesus já não mais estivesse visivelmente presente no meio dos seus discípulos. Mas não se pode jamais esquecer as palavras do Senhor: “Importa que eu me vá”, para ser assim conosco uma presença mais interiorizada no Espírito Santo.
Ao dizer que um será tomado e outro será deixado, o Senhor nos faz refletir que mesmo a intimidade com uma pessoa divina não nos dá a garantia de entrarmos no céu no dia do julgamento. Cada qual é julgado individualmente conforme o modo como viveu e como correspondeu à graça divina. A Boa Nova é que Deus confere sua graça e traz confiança a todos os que O buscam com fé e com o coração contrito. “A eternidade será como um banquete, escreve s. Gregório de Nissa, que minha alma saboreia. Isto nos é sugerido por Jesus em símbolos de alegria e consolação que vem do Espírito”. A recompensa é o próprio Deus, fonte de toda verdade e bondade, paz e vida eterna. “Senhor Jesus Cristo, vós sois minha esperança e salvação. Ajudai-me para que eu jamais perca o objetivo do Reino e daí-me a grande alegria e zelo de viver cada dia na fidelidade à vossa Palavra”
Portanto, superadas as antigas expectativas escatológicas e apocalípticas de uma vinda futura de Jesus, temos, hoje, a consciência de sua presença entre nós, hoje, na luta pela justiça no mundo em que vivemos, pois termina Jesus no Evangelho de hoje: Onde estiver o corpo de um morto, aí se ajuntarão os urubus. Isto quer dizer que neste mundo de malícias e mediocridade, nós não podemos e nem devemos dar o nosso corpo àqueles que o podem matar afim de que não sejamos devorados pelos urubus que rugem ao nosso redor como leão procurando a quem devorar.
Fonte Padre BANTU SAYLA

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A VINDA DO REINO ( Lc 17,20-25) - 13.11.2014


HOMILIA

Jesus começa com o versículo 22 outro sermão aos discípulos a propósito do juízo, chamado de o dia do Filho do homem. Ele não se opõe ao reino de Deus já presente na pessoa d’Ele sobre a terra ( vv. 20-21), mas se apresenta como imprevisível acontecimento final que levará o reino à perfeição. Momento crucial e fundamental para o desenvolvimento do reino é a paixão de Jesus.

Onde está o Reino? A esta resposta Jesus responde. O reino de Deus está no meio de vós. Mas os Judeus não tinham entendido isto. Pois, o Reino de Deus para o judaísmo significava a hegemonia mundial desse povo, com a submissão de todas as nações, que viriam adorar no Templo de Jerusalém. As nações que não se submetessem, seriam destruídas por Deus. Era a expectativa escatológico-messiânica de um futuro de glória terrena para os filhos de Abraão, tendo como referência a figura de Davi com seu império, conforme constava em sua tradição. Com tal concepção, os fariseus dirigem-se a Jesus, perguntando sobre o momento em que isto aconteceria. Jesus remove qualquer idéia de um reino de poder, dominador e opressor. Na realidade "o Reino de Deus está no meio de vós", isto é, já acontece no dia-a-dia, e pode ser alcançado por qualquer um. É o reino do amor, da fraternidade universal, do serviço, da partilha, da promoção da vida para todos, sem exclusivismos raciais ou nacionalistas. Jesus é o Filho do Homem, o humano, que comunica o amor, sem deixar de ser frágil, vulnerável ao sofrimento e à morte temporal, porém integrado na vida divina e eterna.

Numa sociedade como a nossa, cheia de ambições, uma sociedade de lucros e de consumo, que quer controlar tudo com o metro da produtividade, odo iteresse, da utilidade; que sonha com uma era de bem-estar completo e tende para ela; onde basta uma crise energética para pôr em perigo todos os níveis adquiridos, Jesus quer instaurar um mundo que não pertence àquele gênero. O d’Ele consiste em abater as barreiras do egosísmo, do arrivismo, da exploração, para fazer de todos os homens uma só família de filhos de Deus. É esta a principal missão da Igreja. Mas a Igreja opera atravéz de seus filhos; por isso, a conversão deve começar por cada um de nós. Se o nosso coração permanece de pedra, frio, insensível, o reino de Deus não poderá dilatar-se apesar de já estar no meio de nós.

Que Deus te abençoe hoje e sempre.


Fonte Padre BANTU SAYLA

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A GRATIDÃO Lc 17,11-19 - 12.11.2014


HOMILIA

Não eram dez os curados? Onde estão pois, os outros nove? Sua obediência à palavra de Jesus consegue a cura mas aparentemente sua falta de agradecimento os desvia de quem foi seu salvador. Em Jesus, o samaritano, infiel e herege segundo os judeus encontrou o Deus verdadeiro e o seu representante na terra. Por isso dirá Jesus ao samaritano: Tua fé te salvou (19). Há pois um contraste entre cura e salvação que o mundo atual não percebe, porque os bens imediatos embora não sejam tudo são os únicos que interesam e preocupam à maioria. São como que a lepra de ontem.
            Os marginados se aproximam de Jesus. Apesar de sua total culpabilidade perante Deus e homens, eles têm esperança. Sua cura dependia daquele Mestre, de quem tinham ouvido falar como grande médico e curandeiro. O seu grito pode ser também o nosso quando a esperança só tem como base a bondade divina: eleeson ymas, compadece-te de nós. Como pensamos que Deus vê nossas vidas? Limpos e puros ou tão terrivelmente marcados pelo mal que parecemos monstruosos leprosos cheios de imundície? Somos diante de Deus malditos e assim se tornou seu Filho não unicamente maldito, mas maldição para nos salvar (Gal 3, 13).
            O ponto de partida para a ação divina é a súplica. Jesus não os busca. São eles os que buscam quem sabem tem poder para curar. O resto é um mandato: conformem-se com a lei se é que querem viver em sociedade de novo. Naamã foi mandado se lavar no Jordão. Os dez leprosos foram enviados para o sacerdote. Nada há de anormal ou extraordinário em ambas ocasiões. É a obediência que atrai a ação de Deus e transforma o homem em seu filho amado no qual encontra satisfação (Mt , 17).
            O agradecimento é essencial nas relações com Deus. Todos nós somos semelhantes aos nove leprosos curados. Incapazes de uma súplica que não seja uma petição de ajuda. Uma vez obtida a mesma, esquecemos, o louvor, o elogio, a ação de graças.nossa religiosidade tem muito de magia, de oportunismo, de interesse, de ingratidão. Conformamo-nos com o nosso bem-estar e esquecemos o muito que temos recebido como dom e como presente. O pouco mal que nos atinge não nos permite enxergar o muito de bem que nos rodeia. Por isso a queixa é mais abundante do que o louvor.
            Por esse egoísmo próprio de quem só olha seu próprio bem esquecemos que os bens são fruto de uma dádiva divina. Nos servimos de Deus, não servimos a Ele. E a melhor maneira de servi-lo é agradece-lo e obedece-lo. Esquecemos que os bens agora possuídos são uma simples amostra do que nos espera se a gratidão toma conta de nossas vidas. O canto às misericórdias de Deus nesta vida é só o começo do canto sem fim que será o modus vivendi na eternidade. Desde já devemos aprender a recitá-lo caso queiramos vivê-lo como experiência existencial.
            Não temos lepra que nos separe socialmente mas o aids, a etnia, a pobreza, margina muita gente neste mundo que se gloria de sua globalização. Quem não tem ouvido falar dos ciganos, dos negros, dos indígenas? E eles não são contagiosos, o contágio pelo contrário é a idéia de que existem classes e diferenças.
            A gratidão implica em ações de graças, pelas quais comunicamos e partilhamos com os outros, os bens recebidos por nós.
            Pai, que o meu coração, repleto de fé, reconheça Jesus, que me liberta de todas as lepras que o mundo semeia entre os homens.
Fonte Padre BANTU SAYLA

A GRAÇA DO ELOGIO PELO DEVER CUMPRIDO Lc 17,7-10 - 11.11.2014


HOMILIA

Com esta frase, Jesus não aprova esse tratamento arbitrário do patrão, mas serve-se de uma realidade muito quotidiana para as pessoas que O escutavam, e ilustra assim qual deve ser a disposição da criatura humana diante do seu Criador: desde a nossa própria existência até à bem-aventurança eterna que nos é prometida, tudo procede de Deus como um imenso presente. Daí que o homem sempre esteja em dívida com o Senhor, e por mais que faça no Seu serviço as suas ações não passam de ser uma pobre correspondência aos dons divinos. O orgulho diante de Deus não tem sentido numa criatura. O que aqui nos pede Jesus, melhor do que ninguém fez a Virgem Maria, que respondeu diante do anúncio divino: ‘Eis a escrava do Senhor’ (Lc 1, 38)”. Ela se reconhece na expressão: Somos servos inúteis, fizemos apenas o que devíamos fazer.
O que fazemos, reconhecendo afetuosa e alegremente o nosso nada e o nosso pecado, ditosos de assim proclamar a plenitude e santidade do ser divino. Daqui nascem aqueles sentimentos de adoração, louvor, temor filial e amor; daqui, aquele grito de coração: Tu és Santo, tu é o Senhor, tu és o Altíssimo. Estes sentimentos brotam do coração, não somente quando estamos em oração, mas ainda quando contemplamos as obras de Deus, obras naturais, em que se refletem as perfeições do Criador, obras sobrenaturais, em que os olhos da fé nos descobrem uma verdadeira semelhança, uma participação da vida divina.
Temos só um dever na terra: cumprir bem nossa obrigação. Apesar de ser uma simplificação muito fácil, esse modo de dizer ensina que temos de ser responsáveis por aquilo fazemos. E aquilo que fazemos dirá aos outros quem somos.
Assim como o empregado que sabe o que tem de fazer e faz. Faz porque tem de fazer e pronto. A cozinheira responsável faz bem a comida e não precisa ficar esperando elogios. Se os elogios vierem, graça a Deus! Mas se não vieram ela já cumpriu sua obrigação.
Os elogios, quando sinceros, têm a vantagem de mostrar que acertamos. Podem ser elogios diretos ou indiretos. Elogio direto vem com palavras de aprovação; e os elogios indiretos podem vir com gestos de aprovação, como é o caso da comida da cozinheira; se todos comem e repetem, é um sinal de que a comida estava boa. Como nossa vida é bastante complexa, como somos seres superiores, temos também, por natureza, muitas obrigações; não apenas obrigações de trabalho.
Temos obrigações de religião; por isso se somos cristãos, precisamos respeitar as exigências inerentes a nossa fé. Temos obrigações sociais; por isso se queremos conviver bem com as pessoas, precisamos descobrir quais são nossas obrigações para com elas e tentar uma convivência responsável. Temos obrigação para conosco mesmos; por isso precisamos cuidar de nossa saúde, da saúde do corpo e da saúde da alma e assim por diante.
Mesmo se estivéssemos sozinhos no mundo, ainda assim não estaríamos livres de obrigações. Mas quem entende a si mesmo e percebe suas relações com o mundo e com as pessoas, não encara as obrigações como um peso e sim com uma realidade de vida, que pode lhe fazer felizes.
Convido-te a rezar comigo: Deus, meu Pai, uma coisa que eu gostaria de ouvir de vós, quando chegar ao céu, é esse elogio: tu cumpriste a tua obrigação entre na alegria do Teu Senhor. Mas para eu receber esse elogio preciso muito da vossa ajuda; preciso saber distinguir a vossa vontade, para não cair no engano de só fazer a minha. Jesus de Nazaré tinha um único objetivo: fazer a vossa vontade. Assim Ele disse, e assim Ele cumpriu até ao fim de Sua vida, quando, pregado na cruz e já sem forças reclamou: TUDO ESTÁ CONSUMADO. Depois, porém, num último esforço, entregou seu espírito em vossas mãos, num gesto de submissão total. Ele fez tudo bem feito. Ele cumpriu Sua obrigação. Pai Santa dê-me a graça de cumprir, como Ele, bem a minha missão para alegremente eu mereça receber o grande elogio: Vinde benditos do meu Pai, pelo dever cumprido. Amém.
Fonte Padre BANTU SAYLA

A NECESSIDADE DO PERDÃO Lc 17,1-6 - 10.11.2014

HOMILIA

A frase chave do evangelho de hoje é:Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, reprende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Em termos práticos, perdão significa abrir mão do direito de mover uma ação contra o ofensor. É um ato da vontade, não das emoções. O plano de Deus para o perdão a um ofensor dá a ambas as partes um novo começo, rumo a uma vida melhor. O perdão de Deus é a remoção da culpa e da penalidade toral de nossos pecados sem qualquer merecimento nosso.
O perdão é necessário porque as ofensas são muitas. Jesus disse, É inevitável que venham escândalos mas ai do homem pelo qual eles vêm (Lc 17:1)! Nós ofendemos e somos ofendidos. Este é um problema comum nas relações humanas. Ofendemos os outros por atos, atitudes ou por palavras (Tg 3:2). O crostão sincero deve ser cuidadoso para não ofender nem sentir as ofensas pelos atos dos outros. Isto requer uma vigilância constante: Vigião e orai para não cairdes em tentação, adivertiu-nos Jesus.
O perdão é necessário por causa do mandamento de Deus. E Deus é bastante enfático sobre isto. Temos de perdoar cada ofensa repetidas vezes (Lc 17:3,4). Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportando-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós (Cl 3:12,13). Quer dizer, tudo que for oposto ao espírito de perdão deve ser abandonado de uma vez por todas, e ser substituído por bondade, simpatia, e perdão. Neste capítulo não há meio termo. Ou perdoamos uns aos outros ou nos rebelamos contra Deus.
O perdão é necessário porque não perdoar é prejudicial. Jesus advertiu que tal espírito é tão grave que Deus não perdoará a pessoa que não quiser perdoar outra (Mt 6:12,14,15). Porque? Porque um espírito não perdoador é pecado. É tão grave que se uma pessoa persiste nele, deve ser excluída da comunhão da igreja (Mt 18:7-9). Um espírito amargo é algo muito sério diante de Deus, merecendo a mais severa disciplina.
Perdoe todas as ofensas. Se alguém te ofender, quer seja por palavras, obras, ou atitude, perdoe. Se o erro repetir mais vezes, ainda que seja no mesmo dia, perdoe (Lc 17:4). Perdoe verdadeiramente. Não deixe que as ofensas se acumulem de modo a resultar num grande fardo. Teu perdão deve remover a ofensa para longe assim como Deus nos tem perdoado.
Perdoe de uma vez para sempre. Tu podes dizer, eu posso perdoar, mas não posso esquecer. Deus não nos ordena a esquecer. Ele está preocupado que o nosso perdão seja tão completo que se nós lembrarmos da ofensa, será para louvar a Deus pelo perdão, não para sentir mais tarde, mágoa pela ofensa.
Confie plenamente no Senhor. Perdão é um exercício espiritual. Quando Jesus terminou seu ensino sobre o perdão, os discípulos responderam: "aumenta-nos a fé" (Lc 17:5). O perdão pode ser estendido as pessoas através da fé em Deus.
Submeta-te totalmente ao Espírito Santo. As virtudes mencionadas em Colossenses 3:12,13, relativas a como fazer para perdoar, estão intimamente ligadas aos frutos do Espírito enumerados em Gálatas 5:22,23. Isto indica que a capacidade para o verdadeiro perdão vem do ministério do Espírito Santo no crente. O cristão que é cheio do Espírito e anda no Espírito não entristecerá o Espírito com uma atitude amarga que recusa perdoar.
Siga explicitamente o exemplo de Cristo. Assim como Cristo vos perdoou, assim também fazei vós (Cl 3:13). Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo (Ef 4:32) Jesus mesmo deixou-nos o exemplo de perdão para seguirmos.
Ame abnegamente a pessoa que não merece. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor (Cl 3:14). Este espírito capacitará você a agir bondosa e pacientemente com o ofensor. O amor é sofredor, é benigno, não se irrita, não suspeita mal; ...tudo sofre. O amor nunca falha (I Co 13:4-8). O amor de Deus é a resposta para toda nossa amargura e sentimentos irreconciliáveis.
Descanse completamente na paz de Deus. Se permitires que a paz de Deus domine em teu coração, tu terás pouco problema com a falta de perdão (Cl 3:15). Quando tu "guardas a unidade do Espírito pelo vinculo da paz", tu não terás problema com o espírito de irreconciliação (Ef 4:3). A amargura e a mágoa que acompanham um espírito irreconciliável destruirão a paz do coração. A paz e o espírito que não poderão viver juntos. Se pensares: Não posso viver com a pessoa que agiu errado comigo, lembra-te de que é a paz de Deus que deve reinar no seu coração. Se não podes amar essa pessoa, peça a Deus para amar esta pessoa por ti e Ele o fará! Amando com o amor de Deus, tu serás cheio da paz de Deus (Ef 4:1-3). Perdão significa abrir mão, de uma vez para sempre, do direito de mover uma questão contra uma pessoa, ou seja, de vingar-se dela. É um ato da vontade, não das emoções. O plano de Deus é que tanto o ofensor como o ofendido tome um novo começo, rumo a uma vida melhor. Esteja disposto a cultivar a graça do perdão e serás feliz por todo o sempre diante de Deus.
Fonte Padre BANTU SAYLA

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

JESUS MANIFESTA SEU AMOR À IGREJA Jo 2,13-22 - 09.11.2014


HOMILIA

Na cena do texto, Jesus vai a Jerusalém para a primeira das três Páscoas mencionadas em João (nos Sinóticos a vida pública de Jesus só durou um ano e eles só mencionam uma Páscoa). No Templo, que deveria ser o lugar do culto ao Deus verdadeiro da Bíblia, o Deus de libertação, o Deus dos pobres e sofridos, Ele encontra um verdadeiro mercado, onde, no pátio externo, era possível comprar os animais para os sacrifícios, e trocar a moeda, uma vez que a moeda corrente do país não era aceita no Templo. Quando atacava esse comércio, Jesus estava indo além da mera condenação de um abuso, pois os animais e o câmbio eram necessários para o funcionamento do Templo. Como Jesus substituiu a purificação dos judeus no sinal das Bodas de Caná, aqui Ele demonstra que o centro do culto judaico perdeu o seu sentido, pois a presença de Deus, antes achada no Templo, agora deturpado pela elite religiosa e política, doravante reside em Jesus, o Filho de Deus encarnado. Ele cumpre as profecias de Jeremias e Zacarias que predisseram uma religião sem templo nacionalista, explorador econômico do povo (cf. Jr 7,11-14; Zc 14,20-21).
            João entende que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três dias - ele usa de propósito o verbo “reerguer” em lugar do “reconstruir” dos Sinóticos (cf. Mt 26,61). As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, como vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias.
            Mais uma vez Jesus, através de uma ação profética, desmascara a deturpação da religião, por parte das autoridades de Jerusalém. Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias pomposas bem frequentadas, a sua religião era vazia, pois escondia o rosto verdadeiro do Deus da Bíblia. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de hoje.
            Além da descarada exploração financeira dos seus fiéis por parte de algumas seitas (e cuidemos para não generalizarmos aqui), aos poucos muitas comunidades cristãs perderam a sua dimensão profética de denúncia e anúncio, configurando-se ao mundo neoliberal de consumismo e gratificação emocional imediata, tornando o evangelho uma mercadoria a ser vendida através de um marketing, que jamais pode questionar os valores da sociedade vigente.
            Assim o texto de hoje nos traz um alerta - Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração; Ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” (Jo 10,10). Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião decadente das elites do Templo.
            Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.
Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A CHAVE DA NOSSA FELICIDADE Lc 16,9-15 - 08.11.2014


HOMILIA

Jesus continua nos ensinando a como usar das coisas do mundo tendo como motivação as coisas do alto. Não podemos separar as duas realidades. Temos que viver aqui com o sentido naquilo que viveremos depois. Uma coisa não dispensa a outra. O verdadeiro bem é a vida eterna, prometida àqueles que viverem bem, isto é, com fidelidade, a vida terrena. Só o Senhor conhece profundamente as intenções do nosso coração e pode ajuizar as nossas ações com justiça e equidade. Enquanto aqui estamos, nós precisamos do dinheiro “injusto” para sobreviver.
O dinheiro injusto é o dinheiro que compra as coisas passageiras, mas que não serve para nos comprar o céu. O modo como nós ganhamos esse dinheiro e como nós o usamos, só poderá ser avaliado por Deus, que sonda os nossos corações e conhece a nossa verdade. No entanto, nós podemos, conscientemente, também fazer uma reflexão dos nossos sentimentos e intenções quando praticamos as nossas ações tendo em vista o objetivo para o qual nós vivemos. Dependendo do modo como nós usamos o dinheiro injusto que nós ganhamos, ele poderá se converter em boas obras as quais se transformarão em riquezas que nos esperarão no céu. Jesus fala em fidelidade no pouco e no muito. Ser fiel no pouco é ser leal a Deus com relação à Sua providência na nossa vida, empregar bem o dinheiro que Ele nos propicia ganhar.
A chave da nossa felicidade aqui na terra está na maneira como nós nos relacionamos uns com os outros bem como na reciprocidade com que cultivamos o amor, mandamento maior da lei de Deus. Tudo o mais, os nossos bens materiais, a nossa bagagem intelectual e todas as coisas que nós adquirimos pelo trabalho, honesto, ou desonesto, com esforço ou sem empenho, são apenas instrumentos que dispomos para desenvolver entre nós a vivência do amor.
Nas nossas pequenas ações diárias nós já demonstramos amor ou desamor. Às vezes, nós pensamos que seremos julgados apenas pelas grandes “coisas” que fazemos, no entanto, para Deus não importa o que nós realizamos, mas, o caráter com que nós fazemos essas “coisas”. “O que é importante para os homens é detestável para Deus”, diz-nos Jesus. Desse modo, vejamos, se o que tem sido “tão importante” para nós, é abominável para Deus, porque ainda é tempo de conversão.
Todo homem, consciente ou inconsciente, tem na vida um valor fundamental, um absoluto que determina toda a sua forma de ser e viver. Qual é o absoluto: Deus ou as riquezas? Deus leva o homem à liberdade e à vida, através da justiça que gera a partilha e a fraternidade. As riquezas são resultado da opressão e da exploração, levando o homem à escravidão e à morte. È preciso escolher a qual dos dois queremos servir.
Você está usando o dinheiro que ganha, com justiça, ou você o tem usado só para comprar as coisas do mundo?- Os bens que você amealha o ajudam a adquirir um tesouro no céu? – Em que você tem investido o seu dinheiro injusto? – Você o esbanja com coisas supérfluas? – Você tem ajudado as pessoas que estão precisando, porque passam necessidade?
Pai, meu coração está todo centrado em ti, e em ti encontra consolo e proteção. Meu único anseio é não deixar que se abale esta segurança, fonte de minha felicidade.
Fonte padre BANTU SAYLA