sábado, 31 de outubro de 2015

O SERMÃO DO MONTE Mt 5,1-12a - 01.11.2015


HOMILIA

O chamado “Sermão da Montanha”, discurso inaugural do ministério público de Jesus, se estende até ao capítulo 7 do Evangelho de S. Mateus. É o primeiro dos cinco discursos que o evangelista distribui estrategicamente no seu livro. Neste domingo simplesmente ficamos nas bem-aventuranças.

O Evangelho deste domingo nos traz o Sermão da Montanha. Falar dele em poucas palavras é uma missão bem difícil para mim, já que eu olho para ele e vejo uma grande lição em cada versículo.

Sempre que o Sermão da Montanha é mostrado nos filmes, Jesus está andando pelo meio da multidão e falando bem alto. Quando lemos no Evangelho, descobrimos que não foi bem assim, como nos filmes. Na verdade, Jesus olhou para a multidão, subiu o monte em silêncio, e sentou. Os discípulos se aproximaram e sentaram perto d’Ele. Foi então que Jesus abriu a boca e começou a ensinar-lhes. Então se os discípulos estavam perto, não havia por que falar alto! Foi uma “aula particular” para os discípulos, e que deve ter sido bem mais extensa do que as poucas linhas que ficaram registradas no livro de Mateus.

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” Quem são os “pobres de Espírito”? E por que é deles o Reino dos Céus? Se alguém lhe perguntasse “de quem é o Reino dos Céus?” você responderia “dos pobres de espírito”? Não? Nem eu. Por isso precisei pesquisar outras traduções e estudar sobre o assunto para entender o que está escondido nesse versículo… Pobre em espírito é aquele que tem o espírito vazio de si próprio, a ponto de reconhecer sua pequenez e pedir humildemente que Deus ocupe esse vazio do seu espírito. Não importa se a pessoa é rica ou pobre de dinheiro, pois não é impossível para o pobre ser arrogante, nem para o rico ser humilde. O Reino dos Céus é destas pessoas porque são estas que se permitem ser preenchidas, no seu vazio, pelo próprio Deus. São estas pessoas que espalham as sementes do Reino dos Céus em forma de Amor.

“Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.” Já começo aqui lembrando que só se aflige quem se importa, quem se preocupa. Com que/quem você se importa? Quem está aflito de verdade, chora. Como Jesus chorou no Getsêmani. Você já chorou de arrependimento pelos seus erros? Pelas dificuldades que você teve (ou está tendo) que enfrentar? Acredite: elas foram ou estão sendo necessárias. Se Deus as permitiu, existe uma razão. Você pode até não entender hoje, mas confie em Deus: depois de uma grande aflição, sempre vem uma grande recompensa.

“Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.” O verdadeiro manso é aquele que, mesmo tendo a possibilidade e a escolha de aniquilar aqueles que se opõem a ele, escolhe a paciência. No entanto, o verdadeiro manso não é passivo e indiferente ao que é errado, mas defende a Verdade mesmo que isso lhe custe a vida. Nesse mundo cruel em que vivemos, o normal é que os mansos sejam “engolidos” pelos violentos. Mas na lógica de Jesus, quem vai “herdar a terra”, ou seja, quem vai permanecer no final de tudo, são os mansos. Por quê? Porque os violentos matam-se uns aos outros.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.” Aqui está implícito algo interessante: que neste mundo a justiça é falha. Mas todos nós já ouvimos a expressão: “a justiça divina tarda, mas não falha”. Alguém lhe caluniou? Alguém lhe trapaceou? Alguém lhe condenou e castigou injustamente? Não se preocupe: mais cedo ou mais tarde, essa pessoa terá de acertar as contas com Deus. E, sem sombra de dúvidas, irá colher o que plantou.
Fonte Canção Nova

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

HUMILDADE E HOSPITALIDADE Lc 14,1.7-11 - 31.10.2015


HOMILIA

Este Evangelho nos ajuda a corrigir um preconceito sumamente difundido. «Num sábado, Jesus entrou para comer na casa de um dos principais fariseus. Eles o observavam atentamente». Ao ler o Evangelho a partir de um certo ponto de vista, acabou-se fazendo dos fariseus o modelo de todos os vícios: hipocrisia, falsidade; os inimigos por antonomásia de Jesus. Com estes significados negativos, o termo «fariseu» passou a fazer parte do dicionário de nossa língua e de outras muitas.

Semelhante idéia dos fariseus não é correta. Entre eles havia certamente muitos elementos que respondiam a esta imagem e Cristo os enfrenta. Mas nem todos eram assim. Nicodemos, que vai ver Jesus de noite e que depois o defende ante o Sinédrio, era um fariseu (cf. João 3, 1; 7, 50ss). Também Saulo era fariseu antes da conversão, e era certamente uma pessoa sincera e zelosa, ainda que não estivesse bem iluminado. Outro fariseu era Gamaliel, que defendeu os apóstolos ante o Sinédrio (cf. Atos 5, 34 e seguintes).

As relações de Jesus com os fariseus não foram só de conflito. Compartilhavam muitas vezes as mesmas convicções, como a fé na ressurreição dos mortos, no amor de Deus e no compromisso como primeiro e mais importante mandamento da lei. Alguns, como neste caso, inclusive o convidam para uma refeição em sua casa. Hoje se considera que mais que os fariseus, quem queria a condenação de Jesus eram os saduceus, a quem pertencia a casta sacerdotal de Jerusalém.

Por todos estes motivos, seria sumamente desejável deixar de utilizar o termo «fariseu» em sentido depreciativo. Ajudaria ao diálogo com os judeus, que recordam com grande honra o papel desempenhado pela corrente dos fariseus em sua história, especialmente após a destruição de Jerusalém.

Durante a refeição, naquele sábado, Jesus ofereceu dois ensinamentos importantes: um dirigido aos «convidados» e outro para o «anfitrião». Ao dono da casa, Jesus disse (talvez diante dele ou só em presença de seus discípulos): «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos…». É o que o próprio Jesus fez, quando convidou ao grande banquete do Reino os pobres, os alitos, os humildes, os famintos, os perseguidos.

Mas nesta ocasião quero deter-me a meditar no que Jesus diz aos «convidados». «Se te convidam a um banquete de bodas, não te coloques no primeiro lugar…». Jesus não quer dar conselhos de boa educação. Nem sequer pretende alentar o sutil cálculo de quem se põe em uma fila, com a escondida esperança de que o dono lhe peça que se aproxime. A parábola nisso pode dar pé ao equívoco, se não se levar em consideração o banquete e o dono dos quais Jesus está falando. O banquete é o universal do Reino e o dono é Deus.

Na vida, quer dizer Jesus, escolhe o último lugar, procura contentar os demais mais que a ti mesmo; sê modesto na hora de avaliar seus méritos, deixa que sejam os demais quem os reconheçam e não tu («ninguém é bom juiz em causa própria»), e já desde esta vida Deus te exaltará. Ele te exaltará com sua graça, te fará subir na hierarquia de seus amigos e dos verdadeiros discípulos de seu Filho, que é o que realmente importa.

Ele te exaltará também na estima dos demais. É um fato surpreendente, mas verdadeiro. Não só Deus «se inclina ante o humilde e rejeita o soberbo» (cf. Salmo 107, 6); também o homem faz o mesmo, independentemente do fato de ser crente ou não. A modéstia, quando é sincera, não artificial, conquista, faz que a pessoa seja amada, que sua companhia seja desejada, que sua opinião seja desejada.

Vivemos em uma sociedade que tem suma necessidade de voltar a escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade. Correr para ocupar os primeiros lugares, talvez pisoteando, sem escrúpulos, a cabeça dos demais, são características desprezadas por todos e, infelizmente, seguidas por todos. O Evangelho tem um impacto social, inclusive quando fala de humildade e hospitalidade.

Pai, faz-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.
Fonte Canção Nova

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

JESUS EM BETÂNIA Lc 14,1-6 - 30.10.2015


HOMILIA

O sétimo dia abençoado e consagrado por Deus, ao mesmo tempo que encerra toda a obra da criação, está em ligação imediata com a obra do sexto dia, quando Deus fez o homem “à sua imagem e semelhança” (cf. Gn 1,26). Esta relação mais direta entre o “dia de Deus” e o “dia do homem” não pode passar despercebida à nós cristãos.

A este propósito, S. Ambrósio diz: “Demos, pois, graças ao Senhor nosso Deus, que fez uma obra onde Ele pudesse encontrar descanso. Fez o céu, mas não leio que aí tenha repousado; fez as estrelas, a lua, o sol, e nem aqui leio que tenha descansado neles. Mas, ao contrário, leio que Ele fez o homem e que então repousou, tendo nele alguém a quem podia perdoar os pecados”.

Assim, o “dia de Deus” estará sempre diretamente relacionado com o “dia do homem”. Quando o mandamento de Deus diz: “Recorda-te do dia de sábado, para o santificares” (Ex 20,8), a pausa prescrita para honrar o dia a Ele dedicado não constitui de modo algum uma imposição grave para o homem, mas antes uma ajuda, para que se conscientize da sua dependência vital e libertadora do Criador e, simultaneamente, da vocação para colaborar na sua obra e acolher a sua graça. Deste modo, honrando o “repouso” de Deus, o homem encontra-se plenamente a si próprio, e assim o dia do Senhor fica profundamente marcado pela bênção divina (cf. Gn 2,3) e, graças a ela, dir-se-ia dotado, como acontece com os animais e com os homens (cf. Gn 1,22.28), de uma espécie de “fecundidade”. Esta exprime-se, não só no constante acompanhamento do ritmo do tempo, mas sobretudo no reanimar e, de certo modo, “multiplicar” o próprio tempo, aumentando no homem, com a lembrança do Deus vivo, a alegria de viver e o desejo de promover e dar a vida.

Jesus nos ensina a também sermos coerentes nas nossas ações e a não deixarmos para fazer depois o bem que podemos fazer hoje. Quantas vezes nós deixamos de realizar alguma boa obra porque o dia não nos é conveniente ou porque as regras do mundo não nos permitem fazê-lo! Quanto medo nós temos hoje de ajudar a alguém porque podemos estar caindo em alguma emboscada! Nem sequer paramos para escutar as pessoas, quando estamos na Igreja, ou muito ocupados(as) na nossa oração! Mesmo já tendo descoberto o reino de Deus e de querermos servir ao Senhor, nós ainda damos muito crédito às normas dos homens e aos comentários das pessoas que observam as nossas ações. Jesus não escolhia dia, hora e nem lugar para envolver-se com aqueles que Dele se aproximavam, pelo contrário: Ele até os procurava com o olhar e mesmo sem que o pedissem Ele os tocava e curava, ainda que fosse em “dia de sábado”. O dia de sábado pode significar também algo que o mundo recrimina e proíbe.

E você tem medo de ajudar as pessoas para não envolver-se em alguma trama? Qual será o dia ideal para se fazer o bem? Você tem medo de comentários maldosos quando você faz o bem “em dia de sábado”?

Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.
Fonte Canção Nova

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

JESUS E A SUA MISSÃO Lc 13,31-35 - 29.10.2015


HOMILIA

Caminhando para Jerusalém, Jesus atravessava cidades e povoados e firmemente caminhava para o desfecho final. Por outro lado estão os fariseus que, na sua ignorância, preveniam-no de que Herodes procurava matá-lo. Porém, Jesus continuava firme no seu propósito de fazer a vontade do Pai e não estava preocupado com o que Herodes poderia fazer com Ele. Por isso, afirmava que continuaria operando milagres até que seus dias chegassem ao fim. Ele caminhava para a morte e tinha consciência do que iria ter que enfrentar. Ele sabia muito bem o que o esperava em Jerusalém, mas era para lá que Ele deveria caminhar. Jerusalém, a cidade santa, seria o palco dos acontecimentos. Era lá que estava erguido o templo e, ao mesmo tempo, seria lá que Jesus morreria e, depois de três dias, ressuscitaria.

Jerusalém é, também hoje, o nosso destino. É para a Jerusalém celeste que nós caminhamos. Jesus Cristo abriu o caminho para nós, não precisaremos ser flagelados nem crucificados porque Ele mesmo já o foi por nós, entretanto haveremos de caminhar com coragem para atravessarmos os vales sombrios da nossa vida.

Colocando na nossa vida prática nós podemos tirar como mensagem o exemplo da determinação de Jesus diante da missão a que Ele se propunha. Não temeu os homens, mas permaneceu fiel ao Pai. Ele, como homem, tinha inteira liberdade para dar justificativas de afastar-se de Jerusalém porque o rei  queria matá-lo. No entanto, o seu ideal de vida era justamente “beber o cálice” que lhe estava destinado. E, assim, permaneceu fiel aos seus propósitos. Jesus chorou diante das muralhas de Jerusalém lamentando sua rebeldia e obstinação em não aceitá-lo como Salvador. Chorou por aqueles que não o acolheram e previu para eles um tempo de abandono e dispersão. Nós podemos também colocar-nos no lugar de Jerusalém, isto é, do povo que não aceita a salvação de Jesus e não aproveita o tempo em que é visitado. Muitas vezes rejeitamos a Deus, não caminhamos segundo sua Palavra, não seguimos os seus ensinamentos e perdemos o precioso tempo que estamos vivendo aqui na terra. Jesus também chora diante de nós e lamenta a nossa ignorância, mas, mesmo assim, torce e espera que nós, no devido tempo, possamos ainda dizer de coração: “Bendito aquele que veio em nome do Senhor”. Hoje, também, todos aqueles que não acolhem Jesus como Salvador e Senhor, vivem abandonados, sem templo, à espera daquele que ainda virá.

Como você tem agido diante das dificuldades do dia-a-dia? Você tem desistido de assumir a salvação em vista das dificuldades? Você tem coragem de enfrentar os “seus inimigos” como Jesus os enfrentou? Você tem medo de se entregar pela causa do Evangelho? Você é uma pessoa que caminha firme para a santidade mesmo sabendo que dificuldades o(a) esperam? Você foge da realidade quando percebe algum indício de sofrimento? Lembre-se: como vimos, a atividade de Jesus provoca temor e reação das autoridades. Todavia, Jesus não as teme, e continua a realizar a missão que liberta as pessoas e que ao mesmo tempo vai levá-lo à morte. Assim como Ele fez, também devem fazer os seus discípulos e missionários.

Pai, predispõe-me pela força do teu Espírito a acolher a salvação que teu Filho Jesus me oferece, fazendo-me digno deste dom supremo de tua bondade.
Fonte Canção Nova

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A ORAÇÃO E ELEIÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS Lc 6,12-19 - 28.10.2015


HOMILIA

Jesus nunca subestimou a sua missão. Ele sabia da grande responsabilidade que era escolher, dentre muitos, os doze apóstolos que seriam os continuadores da sua obra aqui na Terra. Portanto, Ele subiu à montanha para em oração ao Pai fazer o discernimento. Quando desceu Ele estava seguro de que os seus escolhidos eram aqueles à quem o Pai havia destinado para pôr em prática o seu projeto salvífico. Até Judas teve o seu papel específico no plano de salvação de Deus Pai. Muitas vezes nós também rezamos, fazemos o discernimento e no primeiro sinal de que algo não vai muito bem, nós começamos a duvidar da nossa oração e do direcionamento do Senhor. Fica para nós o exemplo: Jesus ainda não sabia que entre os escolhidos havia um traidor, mas nunca duvidou de que fez a escolha certa segundo a vontade do Pai.

Para muitas coisas na vida nós nos preparamos, nós nos aprimoramos, nós nos adestramos. Porém, nas tomadas de decisões nós nos confundimos e não temos o mesmo cuidado. Agimos por impulso, por sentimento, por preferências pessoais. Jesus veio ao mundo não apenas para nos salvar da morte eterna. Ele veio nos ensinar a viver a vida em harmonia com o pensamento de Deus e, assim, descobrir o que é ou não agradável ao Pai a fim cumprir no mundo a missão que nos é proposta.

Ele nos instrui sobre o que fazer antes de tomar qualquer decisão, de resolver qualquer problema, de escolher, de fazer opções, enfim, antes de enfrentar as multidões. “…foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus,” a fim de escolher os doze apóstolos a quem Ele entregaria a sua Igreja. Ao amanhecer Ele já sabia o que fazer: entre muitos Ele escolheu somente doze. Unicamente depois de escutar o Pai foi que Jesus tomou a iniciativa de reunir os seus discípulos e fazer a escolha conforme o Pai lhe havia segredado. Será que Jesus escolheu os melhores, os mais preparados, os mais capazes, os mais obedientes? Dentre os doze, haviam traidores, descrentes, pretensiosos, nenhum deles era exemplo de santidade. Porém, Jesus tinha a convicção de que aqueles lá eram os eleitos do Pai e por isso não relutou em chamá-los.

Muitas vezes nós também nos prostramos aos pés do Pai e pedimos orientação para a nossa caminhada. Falta-nos, no entanto, a paciência para esperar o fruto das escolhas que fazemos sob a orientação do Espírito. No primeiro contratempo nós já estamos nos decepcionando e nos frustrando, achando que fizemos as escolhas erradas e culpamos a Deus pelos acontecimentos. Jesus sabia que na sua Missão Ele teria que enfrentar dificuldades também com os seus escolhidos. Sabia que estaria lidando com homens cheios de defeitos, mas mesmo assim não desistiu e foi com eles, até o fim. Precisamos também nós, estarmos firmes e convictos em tudo quanto nos for revelado pelo Pai, em oração.

A sua Palavra é a garantia para confirmar o que Ele nos confidenciar durante a oração. Não tenhamos medo de confiar na força do Espírito Santo quando precisarmos de orientação. Jesus é o nosso modelo, o nosso Mestre e com Ele nós aprendemos a viver, sem temor, o que Deus nos mandar fazer.

Quando nós também subirmos à montanha para orar estejamos certos de que lá o Senhor nos dará a orientação segura para que possamos descer e enfrentar a multidão e até os traidores com serenidade e segurança. O que você faz quando tem que tomar uma decisão importante: pede o conselho dos homens ou o conselho de Deus? Você se reúne com alguém em oração para fazer suas opções de vida? Você pede ajuda a pessoas que têm intimidade com Deus? Você costuma orar pedindo discernimento para suas ações? Quando você reza e as coisas não acontecem de acordo com o que você esperava, qual é a sua reação? Você confia que o Senhor sempre dá o direcionamento seguro mesmo que haja algum contratempo em algum momento? Peça ao Senhor a graça da perseverança na oração.

O seu irmão, em Cristo Jesus, envia-lhe a benção do alto.
Fonte Canção Nova

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A SEMENTE DE MOSTARDA E O FERMENTO Lc 13,18-21 - 27.10.2015


HOMILIA

Jesus usava os exemplos mais simples possíveis, e em outra passagem chega a dizer que explicava essas coisas em parábolas a fim de confundir os doutores, justamente porque os doutores não tinham contato com coisas simples como plantar sementes, preparar massa de pão ou de bolo então eles tinham mais dificuldade de entender, e às vezes se confundiam.

Hoje, Ele se desafia. Com que poderei comparar o Reino dos Céus? Primeiro Ele compara com o homem que lança uma semente de mostarda no seu jardim. A semente gera uma árvore que os pássaros do céu fazem ninhos em seus galhos. Qualquer pessoa simples daquela época sabia que a semente de mostarda é a menor dentre todas as sementes, e que gera uma árvore enorme… E o que isso tem a ver com o Reino dos Céus? Veja que comparação linda: o homem que atirou a semente é o próprio Jesus; a semente é o Evangelho; o terreno é o nosso coração; e a árvore que vai crescendo a partir daquela semente é a nossa vida, que é próprio Reino dos Céus onde as aves do céu fazem ninho, ou seja, as crianças de todas as idades vêm se aconchegar aonde as pessoas vêm colher frutos para saciar sua fome de Deus onde tantos vêm descansar à sua sombra quando estão cansados… e mesmo quando vem o lenhador e corta o seus galhos ou até o seu tronco, a árvore exala perfume sobre o machado que a feriu, mas não morre antes de espalhar novas sementes pelo mundo afora.

A segunda comparação foi com o fermento que se mistura com 3 porções de farinha até que tudo fique fermentado. Jesus entendia até de cozinha! Quem cozinha sabe que não é só jogar o fermento e pronto… Existe todo um processo para fazer o fermento penetrar na massa. E eu fico imaginando aquelas mulheres, quando iam preparar o pão, fazendo as analogias a cada gesto durante a preparação do pão. A farinha é o nosso ser, e o fermento é o Amor. Enquanto a massa vai sendo misturada com o fermento, ela precisa ser batida, amassada, deformada e remodelada, para que o fermento se misture e fique igualmente distribuído em toda a massa, para que no momento de ir ao fogo, o pão resista ao calor e cresça por igual. Nós também precisamos ser amassados, deformados e remodelados para que o amor preencha todas as áreas da nossa vida. Enquanto houver áreas sem fermento, aquela área deverá ser amassada e sofrer um pouco mais, até que o fermento do amor entre nela. Tudo isso para que, no momento de ir ao fogo, o nosso pão cresça por igual, sem áreas deformadas pela falta do fermento.

Você deve ter observado que essa reflexão ficou grande, mas poderia ter ficado ainda maior, pela beleza e riqueza deste Evangelho. Jesus também se desafiaria para encontrar uma comparação interessante, com algo que você está habituado a ver no seu cotidiano, só para fazer você entender o que é o Reino dos Céus, e desejar, com todas as forças, fazer parte dele.

Senhor, faça com que eu seja instrumento de seu Reino para que ele chegue à todas as pessoas, sem exceção, mormente aos pobres e marginalizados.
Fonte Canção nova

domingo, 25 de outubro de 2015

JESUS CURA A MULHER ENCURVADA Lc 13,10-17


HOMILIA

O Evangelho de Lucas traz uma mensagem universal, global, anunciando Jesus como o Salvador do mundo; mas faz isso usando de uma linguagem e estilo literário regionais.

As parábolas de Jesus são organizadas no Evangelho de Lucas de forma a comporem um todo doutrinário, que pode melhor ser compreendido a partir do entendimento da cultura da época.

Entre os Evangelhos, o livro de Lucas é o único que possui a narrativa da cura da mulher encurvada. Jesus estava mais uma vez ministrando na sinagoga e entre a multidão estava uma mulher possessa de um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; ela andava encurvada sem de modo algum poder endireitar-se. Vivia debaixo de um governo maligno. Sua enfermidade era espiritual e refletia no físico. Suas vértebras se fundiram e era impossível consertar. Hoje temos obras científicas comprovadas de que as doenças do espírito provocam descargas muito fortes na estrutura física do homem provocando todo tipo de enfermidades. Quem sabe na vida daquela mulher a falta de perdão, ressentimentos, raízes profundas de amargura, foram as brechas para o inimigo trabalhar e lançar a enfermidade. Não sabemos, pois a Palavra não nos afirma assim, mas podemos conjecturar.

Durante dezoito anos aquela mulher encurvada estava todas as semanas no templo, ouvindo as pregações, louvando, ofertando e sacrificando, mas sem nenhuma solução para o seu problema. Hoje temos muitos vivendo como essa mulher: vida pessimista, encurvada, oprimida por cargas e fracassos durante anos.

O versículo 12 nos diz que Jesus viu aquela mulher. As mulheres na sinagoga ocupavam os últimos lugares, elas não adoravam junto com os homens, havia uma cortina que separava, mas Jesus a viu, chamou-a e liberou uma Palavra de Autoridade contra o espírito de enfermidade que a atormentava, e logo em seguida tocou-a e ela se endireitou e glorificava a Deus. O Mestre a contemplou nos últimos bancos, na ala das mulheres, sentiu compaixão pela dor daquela mulher, parou tudo, e chamou-a para frente, a ala dos homens, quebrando totalmente o protocolo da tradição e diante de todos libertou-a de todo o tormento.

Em seguida os religiosos se levantaram contra a vitória daquela mulher, pois não aceitaram a cura em dia de sábado. Nunca haviam feito nada por ela em todo o decorrer dos anos, mas quando alguém fez levantaram-se contra. Jesus defendeu-a! A vida é muito mais importante do que as tradições e ritos. Quem sabe muitos tem se levantado contra a tua vitória, mas creia que Jesus no momento certo te defenderá diante de tudo e todos, tu serás justificado pelo Bom Mestre.

No versículo 6 Jesus afirma que aquela mulher estava cativa e era “Filha de Abraão”, ou seja, era israelita, filha da promessa, mas Satanás a havia escravizado.

Não é apenas Satanás que faz as pessoas se curvarem. O pecado (Salmo 38:6), a tristeza (Salmo 42:5), o sofrimento (Salmo 44,25) entre outros, também podem ter esse efeito. Jesus é o único capaz de libertar o cativo!

Ao final da história, no último versículo, haviam duas classes de pessoas: os envergonhados e os que se alegravam com a vitória daquela mulher.

Talvez você em alguma área da sua vida esteja encurvado. Você não consegue andar corretamente. Aquela mulher não levantava a cabeça, só olhava para o chão. Ninguém conseguia ver sua face, andava escondida, cheia de complexos. Mas quando Jesus chega, Ele muda tudo. Quando Jesus chega o inferno tem que se render diante do Seu grande Poder. Quando Jesus chega os inimigos tem que recuar e saírem envergonhados.

Meu irmão, minha irmã, este é o seu dia. Este é o seu momento!

Levante-se, erga a cabeça e tome posse do milagre! Jesus está lhe dizendo: “Você está curada. Vai em paz.”

Amém.


Fonte Canção Nova

sábado, 24 de outubro de 2015

VAI, A TUA FÉ TE SALVOU Mc 10,46-52 - 25.10.2015


HOMILIA

Jericó acordara cedinho trazendo ainda no rosto dos seus habitantes a alegria contagiante da passagem de Jesus. Os comentários sucediam-se; não faltavam opiniões, as mais diversas; pessoas emocionadas; gente simples que tomara ares de vida nova… Tudo resplandecia. A cidade respirava um ar diferente apesar do parecer contrário de muitos a respeito do ocorrido no dia anterior: o jantar de Jesus e seus discípulos na casa de Zaqueu. É que eles ainda não se tinham dado conta destas palavras: “Eu vos digo que do mesmo modo, haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15,7). Parece-me ouvir nitidamente a voz de Jesus repetindo aos insatisfeitos o que dissera alguns dias antes aos seus discípulos: “O que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se extravia, não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à procura da que se perdeu? Se consegue encontrá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria com ela do que com as noventa e nove que não se extraviaram” (Mt 18,12-13). Eles por certo ainda não haviam entendido “a lógica” de Jesus, e muito tempo ainda decorreria para que entendessem que “a sua lógica não tem lógica”, visto que o Reino não chegara para “os sábios e entendidos”. Ao sair de Jericó com os seus discípulos e grande multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu.

Os pobres eram, em primeiro lugar, os mendigos. Estes eram os doentes e aleijados que tinham recorrido à mendicância, haja vista a impossibilidade de serem empregados e não possuírem parentes que pudessem ou quisessem sustentá-los. Era o contraste que se deparava diante de todos. Ainda há pouco as cores da alegria; no instante presente a máscara da tristeza, da miséria e da opressão. Bartimeu, além de mendigo, era cego. Excluído e humilhado pela sociedade, perdera a vergonha de estender as mãos para angariar míseras moedas para o seu sustento. Aprendera na dor a ser humilde; aprendera na obediência a Deus a viver sem murmurar; aprendera a aceitar a sua condição de dependência e opressão.

Aprendera de maneira dinâmica e não de maneira estática, a acolher a sua condição limitada. Dentro dele latejava a ânsia de lutar por dias melhores. Sentia em sua alma alguma coisa que falava não sei o quê… Ele não compreendia, mas sentia profundamente que aquela coisa… É como se pressentisse algo. Era chegado o tempo de descruzar os braços.

Seu tato era extraordinário. Poderíamos afirmar, sem receio, que ele enxergava pelas mãos, pelos dedos. Por outro lado, a sua capacidade auditiva era extremamente acurada. Não tendo capacidade para detectar a luz, desenvolvera a capacidade de detectar as formas e os sons. Aqueles sons que se aproximavam do lugar em que estava mendigando, um alarido não muito constante em Jericó, tornara-se o sinal indicativo de que um personagem importante estava deixando a cidade. À medida que a multidão se aproximava, mais ele apurava os ouvidos. Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” Ele naturalmente não viu; mas através do vozerio identificou que era Jesus. E começou a gritar, clamando por misericórdia Àquele que é “a luz do mundo e o caminho, a verdade e a vida” (Jo 8,12; 14,6).

E muitos o repreendiam para que se calasse. Ele porém, gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!” A insistência e a persistência de quem luta por aquilo que quer e deseja, e anseia, e busca, e pede, e clama… Encontra ressonância aos ouvidos do Senhor.

Detendo-se, Jesus disse: “Chamai-o!” Jesus pára e manda chamá-lo. Diante da miséria humana Jesus nunca segue adiante. É o Bom Pastor que cuida da ovelha doente; e o Bom Samaritano que trata das feridas da ovelha machucada. Chamaram o cego, dizendo: “Coragem! Ele te chama. Levanta-te!” Deixando a sua capa, levantou-se e foi até Jesus.

A doença que o oprimia, escravizava e humilhava, a partir de agora deixara de ter sentido. Aquela capa que fora símbolo de exclusão social foi atirada longe. O que importava era levantar-se o mais depressa possível e chegar até Jesus.

Naquele instante os olhos da LUZ encontraram os olhos sem luz. E no Coração de Jesus afloram as palavras proferidas na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar o ano da Graça do Senhor”. Diante dele Bartimeu, pobre, mendigo, cego, cativo, preso, oprimido… Então Jesus lhe disse: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu possa ver novamente!”


Jesus respeita a nossa liberdade. Por isso a razão da sua pergunta. Ele queria que Bartimeu verbalizasse, apesar de saber e vê-lo cego. Quando ele expressou o seu desejo de cura, Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou!” No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia-o pelo caminho. São palavras que curam o corpo, a alma e o coração.

O cego não é aquele que não vê, mas aquele que não quer ver. Quantos passam a vida sentados à beira do caminho, braços cruzados, olhos perdidos no vazio e na escuridão, acomodados, desencorajados, desesperançados, descrentes de Deus, descrentes do mundo, descrentes das pessoas… Mortos vivos ou vivos mortos? Em qual das duas categorias você se ajusta? Jesus está passando agora na rua do seu coração. Não deixe esta graça passar sem realizar o que Deus quer. Peça, busque, clame, grite, como Bartimeu: Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim! Clama com as palavras que o Espírito Santo te inspirar: Jesus, eu só enxergo as coisas do mundo. O meu coração e os meus olhos encharcados de concupiscências, de pecados, de vícios, de egoísmo, de orgulho, de vaidade, de adultério, de rancor.. Eu sou cego para o amor, para o perdão, para a misericórdia, para a disponibilidade, para o serviço aos irmãos, para a partilha; eu sou cego para a humildade, para o desprendimento, para a renúncia, para o despojamento de mim mesmo. Tem compaixão de mim!

E os teus olhos se abrirão; tua alma exultará; teu espírito haverá de cantar as misericórdias que o Senhor realizou na tua vida.

Mas não basta apenas isto. É necessário exercitar a fé. É seguindo Jesus pelo caminho, como fez Bartimeu, que se cumpriram as palavras de Jesus em sua vida: “Vai, a tua fé te salvou”.
Fonte Canção Nova

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

ARREPENDER-SE PARA VIVER Lc 13,1-9 - 24.10.2015


HOMILIA

Temos, nesta narrativa de Lucas, o único caso, nos Evangelhos, em que Jesus, em seus ensinamentos, faz referência a episódios recentemente acontecidos. Aqueles que trazem a notícia a Jesus, que seriam fariseus, pretendem intimidá-lo. Para eles, a morte dos galileus, por Pilatos, foi castigo por serem pecadores. Jesus afirma que nem os galileus nem os mortos sob a torre de Siloé eram mais pecadores do que estes que agora lhe falam. Em seguida, Jesus incita-os à conversão. Se não se converterem, eles morrerão em seus pecados, do modo como eles julgavam que aqueles morreram.
O amor a Deus e a misericórdia com os irmãos mais pobres nos santificam. Assim será comigo e contigo se andarmos pelo caminho do bem, da paz, do amor pelos doentes, presos, abandonados, movidos pela caridade para com o próximo, seremos santos. Veja que Jesus descarta o sofrimento e a morte como castigo de Deus. Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
            O mal, o castigo, a morte não vem de Deus. Pois se assim fosse, E então apelando pela memória, o Senhor diz aos presentes: lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
            Porque Jesus usa estas palavras e comparações? Porque este mesmo povo que reconhece em Deus o princípio da vida, em dado momento abandona sua fidelidade a Javé deixando de percebê-Lo como Senhor da história. Com isto, Israel vai perdendo sua identidade que estava centrada na Aliança com Javé: a de ser o povo eleito. Israel rejeita o Deus único e verdadeiro ao querer ocupar Seu lugar ou cair na tentação da idolatria (Ex 32, 1-6). Assim, aquele povo que recebia a vida de Javé, experimenta a morte como conseqüência de seu pecado, sendo que os profetas procuram alertar para a ligação existente entre a desestruturação do povo e a sua infidelidade ao Deus da vida (Jer 21, 4-8).
            Portanto, a nossa separação de Deus resulta da rejeição à conversão ao seu amor terá como conseqüência a nossa própria morte. Apesar de Deus ser longânime e é puro dom de amor. Escute, pois, a Palavra de Jesus: Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. “Vê, Eu te proponho, hoje, a vida e a felicidade ou a morte e a desgraça” (Dt 30, 15). “Pois Deus não fez a morte nem se alegra com a ruína dos vivos” (Sab 1, 13).    Jesus insiste a que nos convertamos, deixemos de praticar o mal e aprendamos a praticar o bem. Porque a irmã morte pode chegar no dia e na hora em que menos pensarmos.
            Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.
Fonte PADRE BANTU MENDONÇA KATCHIPWI SAYLA

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O SINAL POR EXCELÊNCIA É JESUS Lc 12,54-59 - 23.10.2015


HOMILIA

Jesus lamenta que os seus ouvintes sejam capazes de interpretar os sinais do tempo e não captem os sinais dos tempos que representam a chegada do Reino de Deus entre eles. Não descobrem nele e nos seus sinais a importância do momento em que vivem.

Portanto, Jesus repreende os seus contemporâneos, que sabem distinguir os sinais meteorológicos, mas não o sinal que Ele mesmo é: o Filho Unigênito enviado pelo Pai para salvação de todos. Compreender o tempo  em que vivemos é compreender as intenções de Deus que, em todo o tempo, sobretudo pelo mistério da Igreja e dos sacramentos, torna atual o mistério de Jesus com toda a sua eficácia salvífica.

Saber fazer previsões do tempo, analisando os dados da meteorologia, implica uma atenção interessada. Se não estivermos realmente interessados e atentos para nos darmos conta da importância do tempo como tempo para exercer a justiça e a caridade, corremos sério risco. Há que reconciliar-se radicalmente com aqueles com que estamos em conflito. Caso contrário, podemos cair no redemoinho do não-perdão, donde não sairemos sem danos. É como se Jesus apontasse o sinal do tempo por excelência, que é Ele mesmo, como sinal de salvação, mas só para quem se compromete a viver como reconciliado, isto é, na paz, na justiça e na bondade.

É na história que podemos compreender as intenções de Deus, e não fora dela. Daí a atenção que devemos dar aos sinais dos tempos. Deus atua dentro do tempo. É também no tempo que responde às nossas interrogações. Quantas vezes Lhe fazemos perguntas na oração, e encontramos as respostas na vida.

É, pois, no tempo que havemos de ler os sinais de salvação e de perdição. O sinal de salvação por excelência é sempre Cristo, com o seu mistério pascal. Ele salva-nos à medida que, lendo os sinais dos tempos e confrontando-os com a Palavra, deixamos que ela mesma, a Palavra, produza frutos em nós e no nosso tempo. Pondo em prática a Palavra, permitimos a Deus fazer muito mais do que podemos esperar.

Um dos sinais do nosso tempo é a chamada globalização, em que passamos de um mundo dividido e fragmentado, àquilo a que M. McLuhan chamou de a «aldeia global». Os meios de comunicação, que podem ser instrumentos de divisão e guerra, também podem e devem tornar-se instrumentos de união e de paz. Para isso, todos os homens de boa vontade, e particularmente nós, os crentes, havemos de superar a tentação do individualismo, que fragmenta, e dar espaço à unificação da nossa pessoa, e à união entre os homens. Como crentes, temos a certeza de que Cristo habita no nosso coração e que, fundados e radicados na sua caridade, podemos ser repletos da plenitude de Deus, e alcançar a unificação do coração e de todas as nossas faculdades e forças, a unificação da nossa pessoa. S. Paulo indica-nos os meios para isso: a humildade, a mansidão, a paciência, e o suportar amoroso de nossas índoles.

A chave que temos ao alcance da mão, para contribuirmos para a unidade entre os homens, é procurar tudo o que une e deixar de parte tudo o que divide como dizia e fazia João XXIII. Com essa chave chegaremos à unificação pessoal, comunitária, eclesial, social e… planetária. Vivendo e realizando esse projeto, o nosso tempo, que está sob o signo de Jesus, tornar-se-á um tempo de claridade, iluminado pela luz da salvação. E, com Cristo e como Cristo, tornar-nos-emos instrumentos de unidade e de paz. A exemplo do Fundador, sintonizando com os sinais dos tempos e em comunhão com a vida da Igreja, queremos contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no mundo; queremos participar na construção da cidade terrena e na edificação do Corpo de Cristo empenhando-nos sem reserva, no advento da nova humanidade.

Muitas vezes nós, como os conterrâneos de Jesus, temos um coração duro. Não sabemos olhar em profundidade e não descobrimos, ou não queremos descobrir, o sentido dos acontecimentos; inclusive, olhamos para o outro lado se o que vemos nos compromete.

Pai, corrige a negligência que me impede de entregar-me inteiramente à ti, sem demora. Torna-me hábil para as coisas do teu Reino! Cura a minha cegueira, Senhor, e dá-me a luz do teu Espírito para ver a profundidade das pessoas.
Fonte Canção Nova

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

DIVISÃO POR CAUSA DE JESUS Lc 12,49-53 - 22.10.2015


HOMILIA

Neste evangelho, Jesus mais uma vez nos mostra o seu amor, convidando-nos a conhecer sua missão em meio às alegrias e dificuldades. Jesus veio nos trazer o Espírito Santo, o Espírito de amor, o Consolador, Aquele que nos ensina todas as coisas.

Jesus nos deixa o exemplo: Ele que é o Rei se fez pequeno quando pediu a João Batista para o batizar, batismo esse que nos dá força em meio ao combate espiritual, onde a carne e o espírito conseguem vivenciar dentro de uma fraternidade de amor e paz. Após o batismo, somos chamados a vivenciar os frutos do Ressuscitado para que possamos ter uma vida plena e cheia do Espírito Santo.

Jesus era consciente de que um efeito (ainda que não desejado) do seu trabalho ia ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso inflamou a ira dos funcionários do templo e de todos os que se consideravam donos da verdade. O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários lúgubres saturados de doutrinas e sedentos de poder.

Mas o fogo de Jesus não é o fogo das paixões políticas. É o fogo do Espírito que tem que ser aprovado na entrega total, no batismo da doação pessoal. É um fogo que prende aí onde se abandonaram os interesses pessoais e se busca um mundo de irmãos.

A paz de Jesus é um fogo purificador que não se confunde com a “Pax Romana”, aquela paz que Roma (e qualquer império) se esforça por proclamar. Esta é só uma tranquilidade institucional que garante a vantagem dos opressores sobre os oprimidos, do império sobre os subalternos, da injustiça sobre o direito.

O fogo purificador de Jesus faz amadurecer os mensageiros, os discípulos, os profetas, os apóstolos. O destino deles, como o do mestre, é sair ao encontro da obscuridade com um clarão que põe às claras tudo o que a ordem atual esconde. O fogo põe as claras também as deficiências pessoais, as ambições subterrâneas, os desejos reprimidos. O fogo que se prova com a entrega total ao serviço do evangelho.

Devemos observar que o Senhor Jesus Cristo não está atacando o relacionamento familiar, mas indica que nenhum laço terreno, embora muito íntimo, poderá diminuir a lealdade a Ele.

Essa lealdade pode até mesmo causar em determinados membros de uma familia que eles sejam afastados ou ignorados pelos outros por terem escolhido seguir a Cristo Jesus.

Podemos resumir que o Senhor Jesus Cristo se refere a espada por ser um instrumento cortante e que na qual a sua vinda causará separação em muitas pessoas, não porque Ele quer, mas pela opção de cada um em seguí-lo como Senhor e salvador.

Pai, que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz, purifique-me de todo pecado e de toda maldade, como um fogo ardente, abrindo o meu coração totalmente para ti.
Fonte Canção Nova

terça-feira, 20 de outubro de 2015

VÓS TAMBÉM FICAI ATENTOS Lc 12,39-48 - 21.10.2015


HOMILIA

Estas duas parábolas, a da chegada inesperada do ladrão e a do comportamento do servo que aguarda a chegada do senhor, continuam o tema escatológico da Parusia. Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito.

Vós também, ficai preparados, pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem. O tema de hoje é a vigilância, eu e você precisamos estar preparados. Se você soubesse que hoje é o último dia da sua vida, o que você faria, meu amigo, minha amiga? Quantas respostas não? Talvez diriam: “Eu correria para a Igreja a fim de fazer uma boa confissão”. Outros diriam: “Eu vou correr e perdoar todas as pessoas que me ofenderam; eu iria pedir perdão a todos aqueles que eu ofendi; eu iria repartir o que eu tenho a mais com os pobres”.

O que te impede, meu amigo, minha amiga, de fazer isso hoje, mesmo sabendo que talvez hoje não seja o último dia da sua vida? Fazer assim é estar preparado. Não sabemos nem o dia e nem a hora. Eu preciso viver como se este dia, como se esta hora fossem os últimos na minha vida. Se eu viver assim o dia de hoje, tenho certeza que estarei preparado, porque se o Senhor vier no dia de hoje, não vai haver desespero para mim e nem para você. Por quê? Porque estou vivendo este dia como o último, esta hora como a última. E o que faria no último dia da tua vida? Certamente farias o melhor dia da tua vida, irias amar a todos, perdoar a todos, servir a todos. O que te impede de viver assim o dia de hoje, eu lhe pergunto? Então viva assim, buscando fazer o bem, buscando amar a todos, buscando perdoar a todos, lutar pela verdade, lutar pela justiça, cuidar de quem sofre, amar os mais pobres, socorrer os necessitados, consolar os aflitos. É assim que o Senhor quer te encontrar e me encontrar na sua segunda vinda.

Agora, seria muito triste eu não zelar, não administrar bem o que o Senhor me confiou, os talentos: a quem muito foi dado, muito será colhido, a quem muito foi confiado, dele muito será exigido. É verdade. Deus me confiou muitas coisas, Deus me deu muitos dons, Deus me confiou uma obra, Deus me confiou muito. Então, eu tenho que ser fiel àquilo que Deus me confiou, eu tenho que administrar bem aquilo que Deus me confiou, mesmo sabendo de minhas fraquezas e pecados, Deus me confiou.

Deus te confiou uma família, Deus te confiou um trabalho, Deus te confiou tantas coisas. Deus te confiou uma comunidade, Deus te confiou filhos, Deus te confiou pais, Deus te confiou o que está à tua volta para que você cuidasse com toda fidelidade e pudesse estar vigilante: hoje o Senhor vai vir! Os primeiros cristãos viviam sempre na iminência da segunda vinda de Cristo. Assim como eles, também nós estejamos vigilantes porque Jesus vai voltar. Ele pode voltar hoje pela manhã, pela tarde, ou durante a noite. Vivamos então, meu amigo e minha amiga, preparados, para que o Senhor possa assim nos encontrar.

Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino.
Fonte Canção Nova

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

OS EMPREGADOS ALERTAS Lc 12,35-38 - 20.10.2015


HOMILIA

Na pregação apostólica, um dos principais conteúdos era a proximidade da Parusia, ou seja, da volta iminente de Jesus para o Juízo Final.

Diante da correria diária, trabalho, serviços, estudos e outras atividades que fazem parte de nossas vidas, ficam às vezes impossíveis ou esquecidos nosso momento de intimidade com o Senhor. Intimidade, aqui não queremos que  você entenda somente o ouvir uma música religiosa, fazer leitura bíblica, mas sim, converter à Eucaristia, à Adoração, ao estudo da Palavra, à reza do terço em ações concretas do nosso dia-a-dia. Pois o Senhor nos diz: felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Esse manter-se acordado estende-se ao serviço, seja em casa, na escola, seja na fábrica, no escritório, na sua Paróquia, na comunidade dentro da sua pastoral ou ministério, seja em que lugar for. Temos de servir e trabalhar naquilo para o qual o Senhor nos chamou. Somos discípulos e missionários de Jesus Cristo com uma missão específica. É fundamental que cada um descubra qual é a missão pela qual Deus o chamou. A propósito, você já descobriu o seu lugar na Paróquia, na comunidade? É fundamental que você saiba qual é o seu lugar e função aí para que Deus lhe fale ao coração. O Senhor nos pede que fiquemos com os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Como estão os teus rins e os teus olhos espirituais? Como você tem se mantido: em estado de alerta, ou seja, em estado de graça ou relaxado como cristão? Você já tem experimentado a comunhão com Deus pelos sacramentos e a oração? Você se sente feliz por isso? Você tem medo de ser chamado por Jesus?

Lembre-se que a virtude da vigilância é por si mesma, uma atitude escatológica a aguardar constantemente o retorno do Senhor. Os servos vigilantes, a representar os membros da comunidade eclesial, são felizes porque o próprio Senhor, por ocasião de seu advento, fará a função de servo, cingindo-os e colocando-os à mesa.

A vigilância escatológica é a virtude de quem aguarda o fato derradeiro. Por isso, o Filho do Homem que há de vir sobre as nuvens dos céus (Dn 7,13), por ocasião da Parusia, assemelha-se ao ladrão que não avisa a hora do assalto. A vigilância supõe e exige um estado constante de preparação para o juízo escatológico, colocando os fiéis de Cristo em estado permanente de crise, de modo especial, aqueles que têm a missão de anunciar o Reino à semelhança do administrador fiel e prudente. Neste caso, a escatologia possui uma dimensão presente e eclesial, pois o juízo definitivo supõe a avaliação das atividades atuais dos fiéis, mediante as penas impostas pelo Senhor. A provação dos últimos tempos acentua a responsabilidade histórica do cristão, sobremaneira agradecido pelos bens messiânicos: a quem muito se deu e foi confiado, muito será pedido e reclamado.

Por tudo quanto dissemos o importante é não se desviar, não se distrair. É manter-se sempre alerta, acordado, e esperar até o final pela segunda vinda gloriosa do nosso Senhor Jesus Cristo. Feliz és tu se assim estás procedendo! Porque o próprio Senhor passando te servirá, como fez na Última Ceia, com seus Apóstolos.

Pai, somente em ti quero centrar as minhas opções mais profundas, para não permitir que o egoísmo tome conta do meu coração e me afaste de ti.
Fonte Canção Nova

PAI, PRESERVA-ME DO APEGO AOS BENS TERRENOS Lc 12,13-21 - 19.10.2015


HOMILIA

O episódio narrado no evangelho de hoje só se encontra no Evangelho de Lucas e não tem paralelo nos outros evangelhos. Ele faz parte da longa descrição da viagem de Jesus, desde a Galileia até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), na qual Lucas colocou a maior parte das informações que ele conseguiu coletar a respeito de Jesus e que não se encontram nos outros três evangelhos (cf. Lc 1,2-3). O evangelho de hoje traz a resposta de Jesus à pessoa que lhe pediu para ser mediador na repartição de uma herança.

O que está por trás do texto? Uma ideia do que está por trás do texto ajuda a entender a posição de Jesus. No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade ou dois modelos econômicos: o do campo e o da cidade. O do campo se fundamentava na partilha, através da solidariedade, da troca de produtos, etc. Isso impedia que os endividados caíssem na desgraça e que tivessem que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos. O modelo econômico da cidade, ao contrário, é fundamentado na ganância, no acúmulo, na lei do mais forte. Isso naturalmente é fonte de exclusão e marginalidade. Isso gera mendicância, violência, roubo, etc. Sem dúvida o texto de hoje reflete uma situação do modelo econômico da cidade e não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha. Jesus toma posição em favor da partilha, não da cobiça, mas sem se colocar como árbitro entre os que possuem riquezas.

Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo.” Ontem como hoje, a distribuição da herança entre os familiares sobreviventes é sempre uma questão delicada e, muitas vezes, ocasião de brigas e tensões sem fim. Naquele tempo, a herança tinha a ver também com a identidade das pessoas (1Rs 21,1-3) e com a sua sobrevivência (Nm 27,1-11; 36,1-12). O problema maior era a distribuição das terras entre os filhos do falecido pai. Sendo a família grande, havia o perigo de a herança se esfacelar em pequenos pedaços de terra que já não poderiam garantir a sobrevivência de todos. Por isso, para evitar o esfacelamento ou desintegração da herança e manter vivo o nome da família, o mais velho recebia o dobro dos outros filhos (Dt 21,17. cf. 2Rs 2,11).

Jesus respondeu: “Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?” Na resposta de Jesus transparece a consciência que ele tinha da sua missão. Jesus não se sente enviado por Deus para atender ao pedido de arbitrar entre os parentes que brigam entre si por causa da repartição da herança. Mas o pedido do homem despertou nele a missão de orientar as pessoas, pois “ele falou a todos: Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens.” Fazia parte da sua missão esclarecer as pessoas a respeito do sentido da vida. O valor de uma vida não consiste em ter muitas coisas mas sim em ser rico para Deus (Lc 12,21). Pois, quando a ganância toma conta do coração, não há como repartir a herança com equidade e paz.

Em seguida, Jesus conta uma parábola para ajudar as pessoas a refletir sobre o sentido da vida: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita.” O homem rico está totalmente fechado dentro da preocupação com os seus bens que aumentaram de repente por causa de uma colheita abundante. Ele só pensa em acumular para garantir uma vida despreocupada. Ele diz: “Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!”

“Mas Deus lhe disse: Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?” A morte é uma chave importante para redescobrir o sentido verdadeiro da vida. Ela relativiza tudo, pois mostra o que perece e o que permanece. Quem só busca o ter e esquece o ser perde tudo na hora da morte. Aqui transparece um pensamento muito frequente nos livros sapienciais: para que acumular bens nesta vida, se você não sabe para quem vão ficar os bens que você acumulou, nem sabe o que vai fazer o herdeiro com aquilo que você deixou para ele? (Ecl 2,12.18-19.21)

“Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus.” Como tornar-se rico para Deus? Jesus deu várias sugestões e conselhos: quem quer ser o primeiro, seja o último; é melhor dar que receber (At 20,35); o maior é o menor; preserva vida quem perde a vida.

A posição de Jesus está clara na sua exortação e na parábola que contou. Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a vida de ninguém. A parábola é um monólogo de um homem rico, ganancioso e egoísta, cujo ideal de vida é apenas comer, beber e desfrutar. Este homem não pensa nos seus empregados, não pensa nos pobres; é profundamente ganancioso e egoísta. Jesus chama-o de insensato, e afirma sua morte naquela mesma noite. Isso significa que acumular bens não garante a vida. O importante é ser rico para Deus, através da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” (Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Dê esmola daquilo que você tem nos celeiros, e ela o livrará de qualquer desgraça.”

Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas, as quais me tornam insensível às necessidades do meu próximo. Que eu descubra na partilha um caminho de salvação.
Fonte Canção Nova

sábado, 17 de outubro de 2015

O PEDIDO DE TIAGO E JOÃO Mc 10,35-45 - 18.10.2015


HOMILIA

Jesus anuncia sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Na nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para o serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum.

Marcos, com grande habilidade, vai mostrando ao longo do relato evangélico as diferentes compreensões e reações que os ouvintes de Jesus vão manifestando, e nestas mostras de Marcos também estão incluídas as dos próprios discípulos. Pois bem, reflitamos sobre o que aconteceu com Tiago e João: Marcos já havia anunciado que eles estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante deles. Por via das dúvidas, Jesus recorda que não se trata de uma viagem de recreio à capital: pela terceira vez anuncia o que lhe acontecerá em Jerusalém. Jesus vai na frente. Nunca um mestre ia atrás de seus discípulos. Contudo, Marcos sublinha este detalhe não para dar a entender alguma posição privilegiada de Jesus. Prova disso é o que é dito no versículo 45, a auto-definição de Jesus. Ele vai na frente porque está convencido do que está fazendo. Considera que é o momento de aparecer em Jerusalém, de chegar até onde tem que chegar seu ministério de serviço.

Expõe-se quem vai adiante. Os discípulos se assombraram, iam atrás dele, mas tinham medo. Somente depois do “final feliz”, a ressurreição ou glorificação de Jesus, aparecem Tiago e João para fazer a “reserva” dos postos mais importantes do Reino que Ele inaugurará. No relato de Marcos, os dois irmãos falam diretamente com o Mestre; em Mateus, o pedido inusitado é deixado para ser formulado pela mulher de Zebedeu. Qualquer crítica recairia sobre ela, teria sido idéia dela: a mãe (Ah! As mães…) Qualquer coisa, tirariam o corpo fora e ficaria por isso mesmo! O que nos mostra a pretensão dos dois irmãos? Primeiro, que não entendem absolutamente nada do que Jesus quer instaurar, passam por cima de tudo o que haviam visto e ouvido ao longo do tempo de formação com o Mestre; em segundo lugar, as expectativas deles sobre o Reino de Deus, o reinado que Jesus pretende instaurar, têm já um modelo preconcebido em suas consciências, a ponto de não permitirem nenhuma modificação, não obstante tudo aquilo em que Jesus tanto insistira; terceiro, para eles o modelo do reinado de Deus é uma versão aperfeiçoada dos reinos temporais; quarto, no reinado de Deus, instaurado por Jesus, será mantido (achavam eles) o mesmo esquema de dominação da relação sócio-econômica: senhores e escravos, ricos e empobrecidos, dominadores e dominados; quinto, não há compromisso nem ao menos intenção de envolvimento pessoal na instauração desse reinado, isso é competência do chefe, ele “arrisca a pele” e eles aproveitariam; quem vai beber o cálice é ele.

A resposta de Jesus é simples, esse detalhe não lhe compete, isso é decisão do Pai, além disso, recorda-lhes que antes da glorificação é necessário beber o cálice, o “lançar-se nas águas” não admite recuo. Mais uma vez, Jesus tem de corrigir a visão triunfalista, nacionalista e militarista do messianismo. A nova era inaugurada por Jesus tem de prescindir de qualquer rastro de domínio. Ingenuamente, os discípulos pensavam que uma mudança de dominador traria vantagens e benefícios pessoais e coletivos. Jesus corrige essa forma de pensar; por melhor que seja quem domina, a estrutura como tal continua sendo prejudicial.

O Messias pode ser o próprio Filho de Deus e até ser muito bom, muito santo, mas se seu reinado seguir o mesmo esquema de dominadores-dominados, senhores e escravos, aí não haverá santidade que valha. Está aí, portanto, a novidade do Reino, instaurado por Jesus, seu reinado se exerce a partir do serviço e do entregar-se em prol dos dominados e dos escravizados pelos poderes temporais e se quisermos nos aproximar da instauração do reinado de Jesus não nos resta outra alternativa: renunciar a todas as estruturas e instâncias onde exercemos domínio, e nos pormos a serviço do marginalizado, do excluído. É a única coisa que pode garantir um pouco de credibilidade num mundo, dividido entre dominadores e dominados, entre senhores e servos.

Senhor Jesus, leva-me a escolher sempre o caminho do serviço feito na gratuidade, para eu me sentir grande junto de ti.
Fonte Canção Nova

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

QUEM BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO NÃO É PERDOADO Lc 12,8-12 - 17.10.2015


HOMILIA

O que é blasfêmia contra o Espírito Santo? A própria Bíblia ensina que existem casos em que a pessoa vai para tão longe de Deus, que não é possível mais voltar, e cita trechos como o que fala dos corações endurecidos, e do próprio Jesus que fala do solo que foi pisoteado e compactado a ponto que nenhuma semente pode germinar. Onde não existe a aceitação do Espírito Santo, não há mais nada que Deus possa fazer, então o destino final desta pessoa, após a morte do seu corpo, é a morte do seu espírito em um fogo eterno.

Por fim, quem será o nosso advogado perante os homens? O Espírito Santo! Os primeiros anos do Cristianismo foram muito difíceis, e Jesus precisou preparar seus discípulos para o que eles iriam enfrentar quando Ele partisse. As provações seriam imensas, mas o testemunho deles, morrendo em nome de Jesus, seria a prova de que eles acreditavam na mensagem do Mestre até as últimas consequências.

Que saibamos receber o Espírito Santo, e deixemos que Ele haja em nós! Até nisso Jesus pensou, e ensinou o que devemos fazer para que o Espírito possa agir: não fiqueis preocupados o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer. É quando aquietamos o nosso coração, que podemos ouvir o sussurro do Espírito Santo a nos guiar. Quem vive no barulho dos próprios pensamentos, como se tivesse medo de escutar a voz da própria consciência, não vai saber do que eu estou falando. Mas pode experimentar… Basta querer! O Espírito Santo se move em você.

Assim, blasfemar contra o Espírito Santo é retirar-se ou afastar-se de Deus. É desligar-se. É o abandono; rebelião; deserção e queda. Apostatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo ou apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé Nele. Só é considerado apóstata aquele que já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação pelo Espírito Santo. O nosso advogado perante o Pai será o próprio Jesus, que dará testemunho de nós, contanto que nós também demos testemunho d’Ele aqui neste mundo, perante os homens. Jesus chega a dizer que aceita até que falem mal d’Ele, que serão perdoados, mas não aceita que blasfemem contra o Espírito Santo. E este é um ponto que deve ser refletido. O que é uma blasfêmia contra o Espírito Santo? É importante saber, já que este é o único pecado que não tem perdão, e o próprio Catecismo da Igreja Católica afirma que é o único pecado que leva para a condenação eterna.

Quando negamos a ação do Espírito Santo, estamos precisamente dizendo que não acreditamos no Pai que criou o mundo, no Filho que veio para salvar o mundo e no Espírito Santo que é o Santificador. É importante saber que o Pai tem a vontade de perdoar sempre, e quando Ele perdoa, estamos salvos. A única maneira d’Ele não perdoar é quando não reconhecemos que pecamos ou não nos arrependemos do pecado. Neste caso não haverá perdão.

Pai, seja eu instruído pelo Espírito Santo, para estar sempre pronto a dar testemunho corajoso de minha fé em teu Filho Jesus.
Fonte Canção Nova

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

MEDO? DE QUE E POR QUÊ? Lc 12,1-7 - 16.10.2015


HOMILIA

Jesus hoje dá esperança aos seus discípulos. Jesus era especialista nisto, Ele sempre tinha palavras de vida eterna, principalmente para aquelas pessoas que não tinham mais sentido na vida, quem eram dominados pelo medo, pelos opressões sociais e religiosas. Muitos ali, não percebiam o verdadeiro valor que tinham pois eram castrados por aqueles que detinham o poder, tanto social como religioso. Jesus vem trazer uma luz no fim do túnel.

E como sabemos, as palavras de Jesus ecoam até nós, hoje e sempre. E Ele ainda quer dizer isso para cada um de nós. Não devemos ter medo de tudo que vemos: violência, crises econômicas, doenças sociais, como depressão. Claro, que devemos estar atentos à realidade, ter cuidados, pois, infelizmente, todas essas coisas existem, estão presentes no mundo e não podemos fugir, porém, não podemos nos entregar ao medo. Devemos sim acreditar na Misericórdia e na Providência Divina. Ele sabe de tudo, Ele faz bem todas as coisas. E principalmente, Ele nos ama.

Nós temos valor, nós somos especiais, somos filhos de Deus. Ele quer que sejamos santos e retos, como Seu filho. Ele não nos quer como os fariseus, sepulcros caiados, mas quer que sejamos repletos do Espírito Santo, anunciando a Palavra, vivendo a Palavra. Quer que sejamos diferentes neste mundo e façamos nossa parte para diminuir a triste realidade que está diante dos nossos olhos. Não nos entreguemos ao medo! Sejamos confiantes no Amor de Deus.

Aqueles que estão mais próximos do Senhor são os primeiros que escutam os Seus ensinamentos, logo são os que mais aprendem com o Mestre. Milhares de pessoas se reuniam para escutar Jesus falar, porém, Ele se dirigia primeiro aos seus discípulos! Todos nós que temos comunhão com Jesus e, através da oração, intimidade com Ele por meio do Seu Espírito Santo, recebemos o alerta para que não venhamos a cair na hipocrisia do mundo. O fermento dos fariseus era a falsidade, isto é, eles falavam o que não viviam e exigiam dos outros ações que eles mesmos não praticavam. Suas palavras, gestos e atitudes divergiam do que eles traziam dentro do coração. Faziam julgamentos inconsequentes e não tinham compaixão com os erros das pessoas e, por essa razão, eram temidos pelo povo. Jesus, no entanto, pregava a transparência e a verdade como normas de vida para todos os homens: “Não há nada de escondido que não venha a ser revelado”. E acrescentava: “não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isso”; “temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno”.

Deste modo, não tenhamos medo daqueles que tramam contra os filhos de Deus. Não tenhamos medo de dizer a verdade, de proclamar bem alto o que o Espírito nos inspirar. O Senhor que nos criou sabe tudo a nosso respeito, sabe da nossa constituição, corpo, alma e espírito e conhece profundamente nossas intenções. Valemos muito mais do que os pardais e nenhum de nós seremos esquecidos por Deus. O Senhor nos guarda com carinho para o Seu dia.

Você tem medo dos homens? Você costuma se render aos projetos dos homens por receio de que eles possam prejudicá-lo? Você é fiel ao Evangelho, mesmo que seja contra todo o mundo? Você é uma pessoa dada a segredos, subterfúgios, ou você é transparente e claro nas suas colocações?

Senhor, fica conosco e ajuda-nos a entender Teu Amor, que possamos perceber o valor que temos e que muitas vezes não sentimos. Que o Espírito Santo nos mova e nos console, nos mantenha firmes na Tua caminhada e seguindo sempre o Amor.
Fonte Canção Nova

sábado, 3 de outubro de 2015

JESUS, OS FARISEUS E OS DOUTORES DA LEI Lc 11,47-54 - 15.10.2015


HOMILIA

Dando continuidade às denúncias da hipocrisia dos fariseus e dos doutores da Lei, Lucas apresenta seis ais de advertência. Precisamos entender que no tempo de Jesus, uma ala do farisaísmo tendia a inverter o valor das coisas. Davam muita importância às coisas secundárias, enquanto as essenciais não recebiam a devida atenção. O pagamento do dízimo, por exemplo, era uma exigência irrecusável, e cumprida mesmo em relação às insignificantes hortaliças. Entretanto, os fariseus não se preocupavam, minimamente, em praticar a justiça para com o próximo e dedicar a Deus um amor verdadeiro.

A prática religiosa do dízimo era desta forma, esvaziada de sentido. Ao pagá-lo, os fariseus pensavam estar sendo fiéis à vontade divina. Todavia, enquanto cometiam injustiças contra o próximo, cultivavam a vanglória e agiam como hipócritas acabando por desagradar a Deus. Invalidava-se, deste modo, sua piedade exterior, à qual se entregavam apenas para serem louvados pelos outros. O amor e a justiça ocupam o lugar central na vida do discípulo do Reino. Nisto, ele se distingue dos fariseus.

Amor e justiça, quando postos em prática, revelam o mais íntimo do ser humano. Outras práticas podem ser enganosas, revelando apenas uma piedade aparente. De fato, podem ser uma máscara da hipocrisia humana e esconder a maldade que a pessoa traz no coração. Por isso, em primeiro lugar, é preciso praticar a justiça e o amor. Com este pano de fundo, as outras práticas de piedade terão mais solidez.


Muitas vezes nos comportamos como fariseus, falamos muito da verdade, mas não cumprimos esta verdade que é a palavra de Jesus em nossas vidas. Muito pelo contrário, até criticamos aquele que a cumpre.

Precisamos muito da misericórdia de Deus em nossas vidas. O amor de Deus se revela constantemente a nós e não conseguimos nos converter verdadeiramente. Seremos hipócritas ou somos fracos na fé mesmo?

Onde está a constância na fé que tanto Jesus nos pede? A vida já é tão dura e difícil para muitos e se não formos solidários com aqueles que necessitam que tipo de espiritualidade estamos exercendo?

Encontramos ao longo da caminhada pessoas que se mostram mestres em nos ensinar o que seja correto praticar, porém são extremamente pobres em testemunhos e partilha de vida. É o famoso ditado: Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço. Esta com certeza não é a vontade de Deus a nosso respeito, o Evangelho de hoje nos faz um apelo à conversão, superando todo tipo de hipocrisia.

Só seremos felizes de verdade se contribuirmos verdadeiramente para a felicidade do outro.

Pai, que a compreensão de teu sábio plano de salvação para a humanidade me leve a estar atento às palavras de Jesus, o qual me indica o caminho para chegar a ti.
Fonte Canção Nova

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

JESUS E OS FARISEUS Lc 11,42-46 - 14.10.2015


HOMILIA

Os fariseus eram completamente “do contra”, pois davam muita importância às coisas secundárias, enquanto às essenciais, eles não davam merecida atenção. O pagamento do dízimo, por exemplo, era uma exigência irrecusável, e cumprida ao pé da letra, à risca com todo rigor mesmo em relação às insignificantes hortaliças. Porém, os fariseus não levavam a sério o amor ao próximo, chegando mesmo a serem injustos e, quanto a pureza do seu relacionamento com Deus, deixavam muito a desejar.

Será que alguns de nós somos iguais aos fariseus? Pagamos o dízimo como uma obrigação e lideramos movimentos comunitários, fazemos campanha do agasalho, arrecadamos alimentos para os pobres, mas na verdade, estamos passando uma falsa imagem de caridosos e não passamos de políticos querendo atrair sobre nossa pessoa a atenção dos fiéis, porque quanto ao próximo e a Deus, não damos lá muita importância?

Do que adiantava os fariseus pagarem o dízimo rigorosamente se cometiam injustiças contra o próximo? Eles se vangloriavam por isso, mas no fundo não passavam de hipócritas. E Jesus sabia muito bem disso porque os conhecia por dentro e por fora. Os escribas e fariseus se cobriam, por assim dizer, com uma linda capa de piedade e de santidade, dando uma falsa aparência de homens justos, mas nada disso, evidentemente, agradava a Deus.

Eles eram uns verdadeiros enganadores. Suas práticas eram atitudes enganosas, que revelavam exteriormente apenas uma piedade aparente. Era como uma máscara que encobria a hipocrisia e a maldade que traziam por dentro.

Já os discípulos de Jesus eram pessoas que possuíam uma escala de valores totalmente ao contrário. Fé, amor ao próximo, justiça, caridade, eram os valores principais que norteavam o seu comportamento. Eram autênticos porque praticavam o amor e a justiça, como nós, seus seguidores, ou melhor, seus continuadores, devemos fazer. Praticar em primeiro lugar, a justiça e o amor. Assim, as outras práticas de piedade terão mais sentido de amor a Deus e ao próximo. Porque nós sabemos que Deus que vê tudo vai um dia nos julgar.

Tomando essa palavra nós também podemos fazer uma avaliação das nossas atitudes e perceber se o que Jesus falava ontem é adequado para nós, hoje. Se nossas atitudes tiverem como parâmetro a justiça e o amor de Deus, com certeza Jesus não estará falando para nós, porque tudo o que nós praticamos por amor a Deus terá a Sua aprovação.

Porém, mesmo que estejamos pagando dízimo sobre tudo quanto nós ganhamos, se estamos presentes em todas as celebrações, em todos os retiros, participando de ministérios ativamente, mas o nosso coração não acompanha as nossas ações, somos também dignos de censura.

Ai de vós, diz o Senhor quando nós estamos exigindo do outro aquilo que nós mesmos não fazemos nem um pouco; quando nós queremos atrair a atenção das outras pessoas para nossas boas ações; quando nós hipocritamente não fazemos o que pregamos, quando enganamos as pessoas, mesmo que sejamos, pais, professores e coordenadores cheios de autoridade.

Será que as ações dos fariseus e mestres da Lei têm alguma coisa a ver com as suas ações? Diante do que você vivencia o que Jesus poderá estar dizendo para você? Você age como prega? Você é uma pessoa transparente? Faça uma reflexão sobre essa Palavra na sua vida.

Pai, coloca-me em sintonia com Jesus para quem a justiça e o amor a ti valem mais que o legalismo dos que são incapazes de descobrir o teu verdadeiro desígnio.
Fonte Canção Nova

JESUS E OS MESTRES DA LEI Lc 11,37-41 - 13.10.2015


HOMILIA

Os evangelistas com frequência usam um estilo literário resumido e próprio para exprimir as ações e as mensagens de Jesus. Lucas é o único evangelista a mencionar refeições de Jesus na casa de fariseus. Nesta narrativa de hoje, por ocasião do jantar de Jesus, temos uma introdução a uma série de advertências à doutrina dos fariseus, com sucessivos “ais”, que se seguirão.

O que deflagra as sucessivas advertências de Jesus é a crítica que fazem sobre sua inobservância em relação à purificação ritual dos pratos e talheres antes da refeição. Jesus em sua réplica transfere esta questão particular para a questão mais ampla da própria religião dos fariseus: preocupam-se com a pureza externa, que fica nas aparências, mas não são zelosos no essencial que é o interior da pessoa, suas intenções e desejos. Está em foco não cada fariseu individualmente, mas sua própria religião.

A impureza interior dos fariseus consiste na avareza e cobiça, que leva à prática do roubo e maldades. Em sua experiência religiosa, preocupavam-se apenas com minúcias e aparências, ignorando a justiça e o amor de Deus, que são essenciais. Chega-se à verdadeira religião pela pureza interior, que consiste em abandonar a avareza e a cobiça, doando-se e partilhando com os empobrecidos e excluídos.

A partir deste texto chegamos à conclusão de que a Deus não interessa as purificações externas rituais. Estas foram criadas para dar boa consciência aos líderes religiosos. O que agrada a Deus é um coração puro, libertado das ambições e maldades, que transborda em atos concretos de amor aos irmãos. A última frase é de difícil interpretação. Mas percebe-se seu sentido. É a prática da partilha, ou seja, da esmola que leva à pureza de todo seu ser.

Por isso, comigo e juntos dirijamos ao Pai do Céu a nossa oração: “Ó Pai, purifica de todo pecado e egoísmo o mais íntimo de meu ser, pois eles me tornam incapazes de viver em comunhão contigo e com o meu semelhante”.
Fonte Canção Nova

EM CANÁ MARIA INICIA O CAMINHO DA FÉ DA IGREJA Jo 2,1-11 - 12.10.2015


HOMILIA

Ao narrar a presença de Maria na vida pública de Jesus, João nos recorda a sua participação em Caná, por ocasião do primeiro milagre: “Nas bodas de Caná, movida de compaixão, levou Jesus Messias a dar início aos Seus milagres“. João salienta neste Evangelho de hoje o papel discreto e, ao mesmo tempo, eficaz da Mãe que, com a sua palavra, leva o filho ao “primeiro sinal“. Ela, embora exerça uma influência discreta e materna, com a sua presença resulta, no final, algo determinante. A iniciativa da Virgem aparece ainda mais surpreendente se considerarmos a condição de inferioridade da mulher na sociedade judaica.

Em Caná, com efeito, Jesus não só reconhece a dignidade e o papel do gênero feminino mas, acolhendo a intervenção de Sua Mãe, oferece-lhe a possibilidade de ser partícipe na obra da salvação. Não contraria com esta intenção de Jesus o apelativo “Mulher“, com o qual Ele se dirige a Maria. Ele, de fato, não contém em si nenhuma conotação negativa e será de novo usado por Jesus em relação à Mãe, aos pés da Cruz (cf. Jo. 19, 26). Segundo alguns intérpretes, este título “mulher” apresenta Maria como a nova Eva, Mãe de todos os crentes na fé.

O evangelista usa a expressão “movida de compaixão“, deixando entender que Maria era inspirada pelo seu coração misericordioso. Tendo notado a eventualidade da tristeza dos esposos e dos convidados pela falta de vinho, a Virgem compadecida sugere a Jesus que intervenha com o seu poder salvador. A alguns o pedido de Maria parece desproporcionado, porque subordina a um ato de piedade o início dos milagres do Messias. À dificuldade respondeu Jesus mesmo que, com o seu assentimento à solicitação materna, demonstra a superabundância com que o Senhor responde as expectativas humanas, manifestando também quanto pode o amor de uma Mãe.

A expressão “dar início aos milagres” chama a nossa atenção. O termo início, princípio, foi usado por João no prólogo do seu Evangelho: “No principio já existia o Verbo” (1, 1). Esta coincidência induz a estabelecer um paralelo entre a primeira origem da glória de Cristo na eternidade e a primeira manifestação da mesma glória na sua missão terrena. Ressaltando a iniciativa de Maria no primeiro milagre e recordando depois a sua presença no Calvário, aos pés da Cruz, o evangelista ajuda a compreender como a cooperação de Maria se estende à inteira obra de Cristo.

O pedido da Virgem coloca-se no interior do desígnio divino de salvação. No primeiro sinal operado por Jesus os Padres da Igreja divisaram uma forte dimensão simbólica, acolhendo, na transformação da água em vinho, o anúncio da passagem da antiga à nova Aliança. Em Caná precisamente a água das jarras, destinada à purificação dos Judeus e ao cumprimento das prescrições legais (cf. Mc. 7, 1-15), torna-se o vinho novo do banquete nupcial, símbolo da união definitiva entre Deus e a humanidade.

O contexto de um banquete de núpcias, escolhido por Jesus para o Seu primeiro milagre, remete ao simbolismo matrimonial, freqüente no Antigo Testamento para indicar a Aliança entre Deus e o Seu povo e no Novo Testamento para significar a união de Cristo com a Igreja.

A presença de Jesus em Caná manifesta, além disso, o projeto salvífico de Deus a respeito do matrimônio. Nessa perspectiva, a falta de vinho pode ser interpretada como alusiva à falta de amor, que infelizmente, não raro, ameaça a união esponsal. Maria pede a Jesus que intervenha em favor de todos os esposos, que só um amor fundado em Deus pode libertar dos perigos da infidelidade, da incompreensão e das divisões.

A graça do Sacramento oferece aos esposos esta força superior de amor, que pode corroborar o empenho da fidelidade também nas circunstâncias difíceis. Segundo a interpretação dos autores cristãos, o milagre de Caná contém, além disso, um profundo significado eucarístico. Realizando-o na proximidade da solenidade da Páscoa judaica, Jesus manifesta, como na multiplicação dos pães, a intenção de preparar o verdadeiro banquete pascal, a Eucaristia. Esse desejo, nas bodas de Caná, parece sublinhado ainda mais pela presença do vinho, que alude ao sangue da Nova aliança, e pelo contexto de um banquete. Desse modo Maria, depois de ter estado na origem da presença de Jesus na festa, obtém o milagre do vinho novo, que prefigura a Eucaristia, sinal supremo da presença do seu Filho ressuscitado entre os discípulos.

No final da narração do primeiro milagre de Jesus, que se tornou possível pela fé sólida da Mãe do Senhor no seu divino Filho, o evangelista João conclui: “Os Seus discípulos acreditaram n’Ele“. Em Caná Maria inicia o caminho da fé da Igreja, precedendo os discípulos e orientando para Cristo a atenção dos servos. A sua perseverante intercessão encoraja, além disso, aqueles que às vezes se encontram diante da experiência do “silêncio de Deus”. Eles são convidados a esperar para além de toda a esperança, confiando sempre na bondade do Senhor.
Fonte Canção Nova

O uso das Riquezas… - 11.10.2015


HOMILIA

Quando Jesus saía com os seus discípulos, a caminho de Jerusalém, apareceu um jovem que se ajoelhou diante d’Ele e lhe perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” O Senhor indica-lhe os Mandamentos como caminho seguro e necessário para alcançar a salvação. O jovem, com grande simplicidade, respondeu-lhe que os cumpria desde a infância. Então Jesus, que conhecia a pureza daquele coração e o fundo de generosidade e de entrega que existe em cada homem e em cada mulher, “olhou para ele com amor” e convidou-o a segui-Lo, pondo à parte tudo o que possuía.

Como gostaríamos de contemplar esse olhar de Jesus! Umas vezes, imperioso; outras, de pena e de tristeza, por exemplo ao ver a incredulidade dos fariseus (Mc 2,5); outras, de compaixão, como à entrada de Naim, quando passou o enterro do filho da viúva (Lc 7,13). É esse olhar que comunica uma força persuasiva às palavras com que convida Mateus a deixar tudo e segui-Lo (Mt 9,9); ou com que se faz convidar a casa de Zaqueu, levando-o à conversão (Lc 19,5).

Mas o jovem prefere a “segurança” da riqueza e recusa o convite de Jesus!

Ao recusar o convite, diz o Evangelho:” quando ele ouvir isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (Mc 10,22). “A tristeza deste jovem deve fazer-nos refletir. Podemos ter a tentação de pensar que possuir muitas coisas, muitos bens neste mundo, pode fazer-nos felizes. E no entanto, vemos no caso deste jovem do Evangelho que as muitas riquezas se converteram em obstáculo para aceitar o chamamento de Jesus. Não estava disposto a dizer Sim a Jesus e não a si próprio, a dizer Sim ao amor e não á fuga!

O amor verdadeiro é exigente. O amor exige esforço e compromisso pessoal para cumprir a vontade de Deus. Significa disciplina e sacrifício, mas significa também alegria e realização humana. Não tenhais medo a um esforço honesto e a um trabalho honesto; não tenhais medo à verdade. Queridos jovens, com a ajuda de Cristo e através da oração, vós podeis responder ao Seu chamamento, resistindo às tentações, aos entusiasmos passageiros e a toda a forma de manipulação de massas.

Segui a Cristo! Vós, esposos, tornai-vos participantes reciprocamente, do vosso amor e das vossas cargas, respeitai a dignidade humana do vosso cônjuge; aceitai com alegria a vida que Deus vos confia; tornai estável e seguro o vosso matrimônio por amor aos vossos filhos.

Segui a Cristo! Vós solteiros ou que estais a preparar para o matrimônio!

Em nome de Cristo estendo a todos vós o chamamento, o convite, a vocação: Vem e segue-Me” (Beato João Paulo II).

A reflexão da passagem bíblica sobre o jovem rico leva-nos a entender o uso dos bens materiais. Jesus não os condena por si mesmos; são meios que Deus pôs à disposição do homem para o seu desenvolvimento em sociedade com os outros. O apego indevido a eles é o que faz que se convertam em ocasião pecaminosa. O pecado consiste em “confiar” neles, como solução única da vida, voltando as costas à divina Providência. São Paulo diz que a ganância é uma idolatria (Cl 3,5). Cristo exclui do Reino de Deus a quem cai nesse apego às riquezas, constituindo-as em centro da sua vida, ou melhor disto, ele mesmo se exclui.

Quem é esse jovem do Evangelho?

Posso ser eu. Pode ser você… São muitas pessoas que observam os Mandamentos e até desejariam fazer mais… Mas quando Deus pede algo mais… se retiram tristes, porque estão apegadas a muitas coisas, que amaram o seu coração e impedem de dar esse passo a mais. As vezes são medíocres, querem ficar satisfeitas apenas com o mínimo necessário!…

Cristo nos dirige, ainda hoje, o mesmo convite: “Vai e vende tudo o que tens e dá aos pobres… e depois, vem e segue-Me.” Todos nós temos alguma coisa para “vender”…

Quais são as “riquezas”, de que devemos nos desfazer para esse algo mais e que tornam o nosso coração materializado e insensível às coisas de Deus?

Cristo continua nos olhando com amor!

Com esforço devemos seguir o Mestre. “Neste esforço de identificação com Cristo, costumo distinguir como que quatro degraus: procurá-Lo, encontrá-Lo, tratá-Lo, amá-Lo. Talvez vos sintais como que na primeira etapa. Procurai o Senhor com fome, procurai-O em vós mesmo com todas as forças. Atuando com este empenho, atrevo-me a garantir que já O tereis encontrado, e que tereis começado a tratá-Lo e a amá-Lo” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, nº 300).


Mons. José Maria Pereira