sábado, 28 de fevereiro de 2015

A TUA MISSÃO É A MISERICÓRDIA Lc 6,36-38 - 02.03.2015


HOMILIA

No imenso tesouro do Evangelho, a misericórdia é como uma gema preciosa: sólida e delicada ao mesmo tempo; verdadeira e transparente na sua simplicidade; brilhante pela vida e alegria que difunde. Compaixão, solidariedade, ternura e perdão são como seus ângulos de polimento, por onde se reflete – em raios coloridos e acessíveis – o amor regenerador de Deus.

Para mim neste tempo da Quaresma, a misericórdia de Deus se traduz em resgate, cura, abrigo, libertação, sustento, proteção, acolhida, generosidade e salvação – tão marcantes na caminhada do Povo de Deus. No decorrer dos séculos, a comunidade cristã tem atualizado esta experiência em novos contextos, lugares e relacionamentos. A liturgia a celebra; a prece a invoca; a pregação a proclama; os místicos a enfatizam; o magistério a propõe; as obras a cumprem.

Antiga e sempre nova, a misericórdia de Deus se pode entender em outras palavras sob três pontos:  bem-aventurança, profecia e terapia. Como bem-aventurança, a misericórdia aproxima o Reino de Deus das pessoas, e as pessoas do Reino de Deus. É prática que dignifica o ser humano: tanto quem a dá, quanto quem a recebe. Está repleta de gratuidade e alegria, como disse Jesus: “Felizes os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). As obras de misericórdia são também profecias da justiça do Reino, que supera toda fronteira de raça, credo ou ideologia: diante da humanidade ferida e carente, somos servidores da vida e da esperança, dentro e fora da Igreja, para crentes e não-crentes, afim de que “todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10).

Jesus nos indicou o exemplo do bom samaritano para mostrar a todos que a misericórdia não aceita fronteiras! Enfim, a misericórdia é também terapia: compaixão que restaura, toque que regenera e cuidado que aquece. As obras de misericórdia têm eficácia curadora: socorrem nossa humanidade ferida pelo pecado e pelo desamor, restaurando em nós a imagem do Cristo glorioso, para que suas feições resplandeçam na nossa face, na face da Igreja, na face de toda a humanidade redimida.

Se a compaixão é um sentir que nos comove na direção do próximo, a misericórdia se caracteriza como gesto que realiza este sentir solidário. Na compaixão temos um sentimento que mobiliza; na misericórdia temos o exercício deste sentimento. Daí os verbos: cumprir, mostrar, fazer e agir – que expressam a eficácia do amor misericordioso humano e, sobretudo, divino (cf. Êx 20,6; Sl 85,8; Lc 1,72 e 10,37). A misericórdia tem caráter operativo: é amor em exercício de salvação. Se o amor é a qualidade essencial de Deus; a misericórdia é este mesmo amor exercitado para com a criatura humana, revelando a qualidade ativa de Deus. Assim, a misericórdia se mostra muito mais na experiência do dia a dia, do que na conceituação teológica, catequética ou espiritual. E ainda que tal experiência se revista de beleza, o lar da misericórdia não é o discurso e nem explicações. Porque as crianças abandonadas, os andarilhos e os excluídos da sociedade não comem explicações. O lar da misericórdia é a solidariedade. Seu órgão vital é o coração e as mãos: erguem o caído, curam o ferido, abraçam o peregrino, alimentam o faminto.

A misericórdia que Deus exige de ti e de mim não é outra senão a evangélica, que consiste em 14 obras: 7 corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher o forasteiro, vestir quem está nu, visitar os doentes e assistir aos prisioneiros e sepultar dignamente os mortos. Sete obras, centradas na exortação “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (25,40). E 7 espirituais: dar bom conselho a quem necessita, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rogar a Deus pelos vivos e mortos.

Obras de misericórdia corporais: dar de comer ao faminto, dar de beber ao sedento, vestir os maltrapilhos, abrigar os peregrinos, cuidar dos enfermos, visitar os encarcerados,

Meu irmão, minha irmã, em Emaús e à beira do lago da Galiléia, Jesus toma o pão, abençoa e reparte: os discípulos o reconhecem, por causa de seu tato característico (Lc 24,30; Jo 21,12-13). Que gestos tens feito para que as pessoas te reconheçam como discípulo de Jesus? Saiba que os gestos alimentam, curam e restauram! Eles são toques da misericórdia de Deus.

O nosso mandato é a prática da misericórdia para com o irmão: “Vai e faze o mesmo!”
Fonte Canção Nova

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

NÃO BASTA SER CRISTÃO, É PRECISO SER TRANSFIGURADO Mc 9,2-10 - 01.03.2015


HOMILIA

Convido você meu irmão, minha irmã a louvar e agradecer a Deus; porque foi num dia como hoje que das mãos de Dom Óscar Lino Lopes Fernandes Braga, então Bispo diocesano de Benguela – Angola, recebi a graça do sacerdócio! Deus me estabeleceu “ponte” entre Ele e o Seu povo! Como digo sou ainda pequeno e frágil, muitas vezes a tempestade e a água que passa debaixo de mim me fazem abalar e agitar. Por outras as vezes o peso das pessoas que passam por cima de mim quase que me quebram ao meio. Mas como dizia são Paulo: prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas porque quanto me sinto fraco então é que sou forte. Sou forte porque Cristo me faz ver que por detrás da cruz está a glorificação, ou seja, a transfiguração.

Diante do escândalo da Cruz, a Palavra de Deus apresenta-nos o Cristo glorificado através de uma magnífica teofania, isto é, a manifestação de Deus. Revela-nos sua glória para dar sentido à morte de Jesus na cruz. Jesus levou seus discípulos escolhidos para uma alta montanha e se transfigurou diante deles. Suas vestes se tornaram brancas e brilhantes. Apareceram-lhe Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas, síntese da antiga Aliança. Jesus condensa em si a Lei e a Profecia. Ele, em seu sangue sela a nova Aliança (Lc 22,20). Nesse momento entraram na nuvem que significa a presença de Deus. O Pai apresenta Jesus aos discípulos como seu Filho amado.

O Evangelho da Transfiguração liga-se à Paixão, pois tira os discípulos do escândalo da Cruz, dando-lhes a visão da futura glorificação pascal. Refletindo o tema da Aliança e Transfiguração participamos desta realidade. A obediência de Jesus deu-lhe a vitória. A meta do cristão é a transfiguração de sua fragilidade pela obediência da fé.

Somos transfigurados por Cristo a partir do Batismo e da presença do Espírito em nós. Somos revestidos de Cristo. Para chegar a isso somos convidados a subir o monte que é Jesus. Estando na presença de Deus pelo amor, ouviremos as palavras do Pai: Este é meu Filho amado, escutai o que Ele diz. O Filho diz as palavras que ouviu do Pai.

Deus prova Abraão pedindo o sacrifício de Isaac. A Jesus é oferecida a Cruz. Abraão e Jesus deram a resposta de aceitação da vontade de Deus. Somos instigados a responder com fé, mesmo tendo que sacrificar nosso Isaac, nossos caprichos. Sem isso jamais teremos uma fé que seja redenção. Na Eucaristia renovamos a aliança e somos transfigurados.

O episódio da transfiguração de Jesus deixa a mensagem que São Paulo em plenitude viveu, tendo podido assegurar: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. (Gl 2,20). Trata-se da mudança radical do cristão no modelo divino. Imitação perfeita do Filho de Deus, cujo conhecimento não deve ser meramente especulativo e cujo amor tão pouco não pode ser apenas afetivo. Tanto os estudos sobre a pessoa de Cristo como a fé no Redentor necessitam estar unidos às obras nas quais se reflete a personalidade de cada um. Conhecimento prático, amor operativo. Ele é a causa eficiente da regeneração do batizado e a causa exemplar de sua santificação, modelo de todos os que se dizem seus discípulos.

Cristo se fez um modelo acessível e atraente, perfeito e abrangente. Os cristãos podem transfigurar sua vida se identificando com Ele: pobres, ricos, sábios e ignorantes e isto em qualquer circunstância dado que Ele a todos resgatou, deu a vida sobrenatural e lhes comunica seus dons celestiais. Ele manifesta uma ética geral e uma disciplina universal de conduta para que se proceda como Ele agia, para que se viva como Ele vivia, para que se sofra como Ele sofria. Ele quer se fazer presente no mundo através de seus discípulos. O Apóstolo dizia: “Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo” (1 Cor 4,16). Deste modo o fiel se torna a imagem viva do seu Senhor.

Jesus sempre presente nas palavras, nas obras, no coração e na mente de cada um. Cristo o ideal da vida do batizado, o objeto de suas aspirações, o imã de seus corações. Para isto é cada um se interrogar a cada instante: Que pensaria Jesus neste momento? Como Ele faria esta tarefa? Que quer Ele de mim aqui e agora? Como o posso agradar neste momento?

Dá-se então o vir a ser do fiel no seu Salvador numa total identificação com Ele no gotejar da renúncia de cada minuto. O próprio Cristo afirmou: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 4,14). Não somos o fogo que deve arder nesta terra, mas devemos ser os propagadores de sua chama de amor, dado que Ele é a fornalha ardente de caridade e veio para colocar chama na terra (Lc 12,49).

Grandeza e responsabilidade do cristão! Depende de cada um fazer da vida uma interrogação, um chamado sempre susceptível de ser ouvido por todos as testemunhas que o vêem. É a imponderável ação de uma alma sobre a outra. É se transfigurando em Cristo que o cristão pode tornar os homens melhores. Com seu exemplo, mesmo sem palavras, o verdadeiro seguidor de Cristo já torna seu irmão melhor. Onde uma pessoa boa, submissa a Deus vive, reza, sofre, trabalha há uma lareira de calor sublime que aquece, arrasta nos eflúvios das mensagens celestes.

Não basta estar cristão, é preciso ser cristão transfigurado no modelo que é Cristo Jesus!
Fonte Canção Nova

AMAR AS PESSOAS PORQUE DEUS AS AMA Mt 5,43-48 - 28.02.2015


HOMILIA

O evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. Os discípulos são chamados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos
Como pessoas humanas nós compreendemos porque os filhos se parecem com os pais. Como filhos e filhas de Deus, também é compreensível que nós sejamos parecidos com Ele. Deus é perfeito no Amor e nós somos filhos de Deus na medida em que vivenciarmos o amor. A perfeição é a vivência do amor de Deus por nós. Somos parecidos com o Pai quando vivenciamos o Seu Amor nos nossos relacionamentos. Às vezes confundimos perfeição com perfeccionismo.
Acreditamos que ser perfeito é fazer tudo muito certo para não dar margem à que outras pessoas nos julguem e Jesus vem nos ensinar que ser perfeito é saber perdoar, amar, acolher, aceitar o erro do outro. Aos olhos do mundo o que Jesus nos ensina neste Evangelho é um verdadeiro contra-senso: Na maioria das vezes damos o primeiro lugar na nossa vida às pessoas de quem mais gostamos; só oramos por aqueles nossos mais queridos; só cumprimentamos a quem simpatizamos; só ajudamos às pessoas que podem nos recompensar; gostamos sempre de permanecer no grupo perto das pessoas com quem mais nos identificamos e assim por diante! As outras pessoas, são como ilustres desconhecidos para não dizer inimigos, estão fora do nosso convívio. Desse modo, Jesus nos direciona a vivermos também como o nosso Pai Celeste, o Criador da nossa alma! E nos ordena: “Amai os vossos inimigos e rezai porque aqueles que vos perseguem, porque assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus”! E acrescenta: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”! Buscar a santidade e a perfeição é a meta do filho de Deus e viver o amor verdadeiro é o caminho para a paz e para a justiça.
E você? Ama os seus inimigos? Você ora por eles? Qual a sua atitude para com aqueles que o perseguem? Você aceita a ordem de Jesus? Por isso, reflita e coloque-se em diálogo franco com o Senhor sobre esse assunto!
Pai, faze-me teu imitador, e não me deixes cair na tentação de fazer acepção de pessoas. Que eu ame a todos, sem qualquer distinção e sobretudo os meus inimigos!
Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O REINO DOS CÉUS Mt 5,20-26 - 27.02.2015


HOMILIA

                Segundo o Evangelista Mateus, é importante que o homem tenha a consciência de que “A ira do homem não realiza a justiça de Deus” (Tg 1, 20). E que é pela prática da justiça que vem de Deus que a sua vida é restaurada sobre a terra. E isto é tão fundamental que se torna imprescindível na vida existencial do homem e extensivo a todas outras práticas no seu dia a dia para tornar possível a convivência dos homens entre si e entre o meio ambiente.
            Ouvistes o que foi dito… Eu, porém vos digo… Jesus não pretende reformar o complexo doutrinal do judaísmo. Jesus veio nos ensinar a viver em plenitude a Lei de Deus e nos adverte de que a nossa justiça deve ser maior do que a dos mestres da lei e dos fariseus. Eles viviam na rigidez da lei e esqueciam de que o maior mandamento da Lei era justamente o amor e que, mais importante que a Lei em si, é o bom relacionamento entre as pessoas. Muitas vezes nós também, como os escribas e os fariseus, nos apegamos ao que a lei nos exorta a não fazer e ficamos alerta para não cometer aquelas faltas que se constituem as mais graves, como matar, roubar, adulterar, ter maus pensamentos, etc.. “Todo aquele que se encoleriza com o seu irmão será réu de juízo”.
            O desejo primeiro de Deus, ao criar os seres humanos, é que vivam na mais perfeita comunhão, deixando de lado tudo quanto possa dividi-los e separá-los pelo muro da inimizade. O ódio e a divisão constituem flagrante desrespeito à vontade divino.
            O homicídio é uma forma incontestável de ruptura com o próximo, culminando com a sua eliminação. Para evitar isto, Deus condenou peremptoriamente esse crime, com o mandamento: “não matarás”. A eliminação física do próximo é antecedida por outros gestos de eliminação de igual gravidade. Por exemplo, a simples irritação contra os outros, as palavras ofensivas contra eles são formas sutis de atentar contra a vida alheia. O discípulo do Reino não pode agir desta maneira.
            A Palavra de Deus que Jesus veio esclarecer para nós vai muito mais além do que as coisas que nós praticamos, mas atinge também ao que nós pensamos e falamos ou expressamos a partir do nosso coração. Assim sendo, nós não podemos chamar os nossos irmãos e irmãs nem mesmo de tolos ou idiotas. Quanto ensinamento para nós! A oferta que fazemos ao Senhor será desnecessária, se primeiro não oferecermos a nossa compreensão e perdão às pessoas com as quais nos relacionamos. Enquanto caminhamos aproveitemos o conselho do Mestre para que a nossa justiça seja maior do que a justiça dos “mestres da lei” e dos “fariseus” de hoje. Como é a nossa justiça? O que é justo para Deus? A justiça de Deus é o Amor, é o perdão, é a reconciliação. E a nossa? Fazemos as nossas ofertas no Altar do Senhor, mas como está o nosso coração? Reflita agora: – Como você trata as pessoas com quem você convive? – Você tem costume de falar mal os seus amigos, suas amigas? – Você o faz de coração? – E quando você faz a sua oferta na hora do ofertório, qual é a sua atitude diante de Jesus?- Você já pensou que enquanto você faz a oferta do seu coração na hora da Missa, ele pode estar sujo com a injustiça da falta de perdão, da ofensa feita, do ódio por alguém?
            A reverência a Deus passa pelo respeito ao próximo. Na liturgia de hoje, Jesus exige de mim e de ti, como seus discípulos a reconciliação com seu próximo, antes de fazerem sua oferenda a Deus. Se alguém estava para fazer sua oferta, e se recordava de algum desentendimento com o próximo, deveria deixá-la ao pé do altar, para antes ir reconciliar-se. Caso contrário, a oferta não teria valor perante Deus.
            Ele vem revelar que qualquer doutrina ou lei só tem valor à medida que contribua para a libertação e a promoção da vida. Jesus não propõe uma doutrina, mas ensina a prática restauradora da vida. A grande novidade que Jesus me ensina hoje é o perdão sem limites e a reconciliação, que me levam à comunhão de vidas com Deus e com os meus irmãos.
            Por isso, quero neste dia ó Senhor Jesus que me ensineis a perdoar os meus irmãos e irmãs para poder estar em comunhão com o Vosso e o meu Deus e com os meus irmãos já aqui na terra.
Fonte Padre BANTU SAYLA

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A oração confiante - Mt 7, 7-22 - 26.02.2015


HOMILIA

O texto do evangelho deste dia é um convite à oração de súplica confiante, pois nesse tipo de oração confessamos nossa própria miséria, uma vez que não podemos nos dar o que pedimos, nem sabemos se o que desejamos é o que Deus quer para a nossa vida. É necessário, no entanto, empenho para conhecer a vontade de Deus. Nosso texto de hoje é parte do sermão da montanha (Mt 5–7), em que Jesus é apresentado como o intérprete da Lei de Moisés. Mas por que pedir, se Deus sabe tudo e conhece profundamente cada pessoa (cf. Sl 138)? Em primeiro lugar, para reconhecer que tudo o que é bom para a vida do ser humano procede do Pai. Em segundo lugar, porque a súplica em favor das necessidades dos outros e das suas próprias abre a pessoa de fé para a relação filial com Deus Pai, que é a fonte de todo verdadeiro bem. A regra de ouro, bem anterior ao Novo Testamento, é não somente conclusão do trecho em questão, mas de toda a seção do sermão da montanha que trata da conduta a ser adotada em relação ao próximo. A regra de ouro é uma regra de solidariedade, que possibilita a convivência pacífica e respeitosa, anterior ao nosso texto e conhecida no mundo pagão. Eclo 31,14-15 apresenta um exemplo de aplicação dessa regra.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte Paulinas

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DE QUE GERAÇÃO TU ÉS? Lc 11,29-32 - 25.02.2015


HOMILIA

No tempo de Jesus as pessoas procuravam sinais do Messias enviado de Deus, e as autoridades pediam que Jesus realizasse um sinal que provasse que ele era de fato o Messias Mt 12,38. Segundo Lucas, Jesus recusa até mesmo apontar o sinal da ressurreição.

Ora vejam, os ninivitas se arrependeram e se converteram com a pregação de Jonas. Jesus veio como um sinal do Pai para a humanidade. Ele é maior do que Jonas e maior que Salomão que atraiu reis pela sua sabedoria. A quem Jesus chama de geração má? Será que fazemos parte dessa geração? A geração má é aquela que é constituída de uma multidão de gente que não crê na Palavra de Deus e não segue os ensinamentos de Jesus, esperando por alguma coisa que venha a acontecer e que seja visível aos seus olhos e sensível ao toque. É a geração daqueles (as) que querem um sinal para acreditar, que só vão, vendo, mas que não enxergam o que está um pouco além da mesma vidinha insignificante e sem objetivo do ter, do prazer, do poder, do divertir-se, do amealhar.

Nós achamos que fazemos parte da geração que tem Jesus como sinal, mas mesmo assim muitas vezes necessitamos de outros sinais para acreditar na força e no poder de Deus. Jesus nos abre os olhos: Os ninivitas acreditaram nas palavras de Jonas; a rainha do sul (rainha de Sabá) seguiu os conselhos de Salomão, e todos foram salvos. Eu e tu?

A quem devemos ouvir para não fazermos parte dessa geração que caminha para o mal? Convido-te a fazer uma reflexão da tua vida e pense se há alguma mensagem do Evangelho que tu não acreditas e por isso não tentas viver como Jesus ensinou? Devemos refletir ainda: tu ainda esperas algum outro sinal a não ser o sinal da Cruz?

A palavra de Deus te basta para que tu voltes atrás e te arrependas e tenhas vida nova? Tu sabes que foste assinalado com o selo do Espírito Santo de Deus? De tipo de geração tu fazes parte, boa ou má?

Escute a advertência de Jesus: a rainha de Sabá (1 Reis 10,1) e os ninivitas (Jonas 3,4-10) irão condenar os que rejeitam a Jesus.

Tome consciência! Oxalá seja diferente das autoridades. Jesus é mais sábio que o rei Salomão e muito maior do que Jonas, mas as autoridades não lhe dão ouvidos e não se convertem. Preferem continuar servindo aos seus próprios e mesquinhos interesses, em vez de se colocarem a serviço do projeto de Jesus que, através da justiça, constrói nova sociedade e nova história. Assim fazendo, as autoridades confirmam que estão contra Jesus, isto é, do lado de Satanás, que cria o reino da injustiça. Saia desta geração, desde partido converta-te para a geração dos que buscam a fase do Deus de Jacob, venha para Jesus e terás a vida em plenitude que é fruto da Justiça de Deus!
Fonte Canção Nova

domingo, 22 de fevereiro de 2015

PAI NOSSO Mt 6,7-15 - 24.02.2015


HOMILIA

Nas nossas orações, muitas vezes dizemos apenas palavras que saem da boca para fora e não do fundo do nosso coração. Assim sendo, nosso coração, nossos sentimentos e pensamentos estão distantes de Deus e de tudo o que apresentamos à Ele quer como gratidão quer como necessidade. Diante desta situação, Jesus nos ensina, de maneira muito simples, a nos dirigirmos ao Pai ensinando-nos a orar.
Esta oração, comum mente conhecida, por a Oração dominical ou simplesmente a Oração do Pai Nosso, é segundo Sto Tomás de Aguino, “a mais perfeita das orações... Nela não só pedimos tudo quanto podemos desejar corretamente, mas ainda segundo a ordem em que convém desejá-lo. De modo que esta oração não só nos ensina a pedir, mas ordena também todos os nossos afetos”.
Pai Nosso. Logo no início da Oração do Senhor nos é dada uma revelação essencial. Deus em seu infinito Amor nos adota como seus filhos. E nos ensina a rezar não só por nós mesmos, mas pelos nossos irmãos, por toda a comunidade. Pois nós não falamos "Meu Pai" e sim "Pai Nosso".
... que estás nos céus. Esta parte nos dá a entender que Deus não está especificamente em um lugar material, mas Ele está além de tudo. Ou seja, nos dá a idéia da transcendência de Deus.
Santificado seja o vosso Nome. Nesta passagem reconhecemos a Santidade de Deus, e queremos que todo o mundo o trate de maneira santa, como o Único que santifica e que é Santo por natureza. Para isto devemos igualmente caminhar no sentido de nossa santificação, pois como Ele mesmo disse: Sede santos, porque eu vosso Deus, sou santo (Lv19,2). Jesus também nos comunica isto em outra passagem: "Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito".
Venha a nós o Vosso Reino. Aqui pedimos que o Reino de Deus, a volta de Cristo, no fim dos tempos, venha mais rápido. Pois nesse momento a Glória de Deus se manifestará a todos e os Justos verão a Sua Face. E da mesma forma que esperamos o fim dos tempos, tentamos realizar o Reino de Deus, pelo menos parcialmente, aqui na Terra; pois o Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14,17).
Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. Nesta passagem, reconhecemos a superioridade da Vontade Divina e desejamos ardentemente que ela seja realizada. É importante ressaltar que devemos fazer este pedido com sinceridade e que realmente desejamos que Sua Vontade seja realizada em detrimento da nossa que é falha e nem sempre nos leva para o nosso bem. A Vontade de Deus é perfeita por mais que , às vezes, não compreendamos. A Vontade de Deus é que nos salvemos, por isso nos mandou seu Filho. E quer que nos amemos uns aos outros. Quer que amemos a Ele acima de todas as coisas e que obedeçamos os seus mandamentos. Confiando na Vontade Divina e não na nossa encontraremos o verdadeiro sentido da vida e o Caminho da Verdade.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Pedimos aqui com confiança filial, o alimento de cada dia. Pedimos que Deus nos dê o mínimo necessário para sobrevivermos dignamente, tanto bens materiais como espirituais. Basta que procuremos o Reino de Deus, e como diz Jesus, tudo o mais nos será dado em acréscimo. Disse isso para não nos preocuparmos excessivamente com as coisas deste mundo e com nosso sustendo. Não quer dizer com isso que devamos ser passivos e esperar que tudo caia de bandeja nas nossas mãos. Mas disse isto com o intuito de nos libertar da inquietação e preocupação. Este pedido também gera um compromisso com nossos irmãos necessitados, pois se queremos que se cumpra também devemos agir.
Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido. Neste pedido, confessamos que somos pecadores e apelamos para misericórdia divina. Jesus Cristo veio ao mundo e morreu para permitir que nossos pecados fossem perdoados. Ele nos deu a possibilidade do perdão das nossas inúmeras faltas. Mas faz uma exigência. Que nós também perdoemos aqueles que nos ofendam. É necessária esta reciprocidade.
Não nos deixeis cair em tentação. Este sexto pedido está ligado de certa forma ao anterior, pois para alcançarmos o perdão dos pecados, devemos nos arrepender e não querer pecar novamente. A misericórdia de Deus não atinge os duros de coração, pois estes não a deixam penetrar. Como nós somos fracos, pedimos a Deus a força necessária para não sucumbirmos à escravidão do pecado. Como dizia São Paulo: "Posso tudo naquele que me fortalece"
Mas livrai-nos do Mal. Este pedido é uma referência bem específica ao Maligno. Satanás, aquele que é homicida desde o princípio, introduziu o pecado no mundo. Ele é o grande pecador, e já está condenado. Está condenado e afastado do convívio com Deus, e quer arrastar para perdição, junto com os outros anjos caídos, todos os seres humanos que for capaz. Ele usa de seus ardis para afastar-nos de Deus. Pedimos a Deus que nos afaste do tentador e nos mantenha junto de Seu Filho, que o venceu.
Amém. Significa "que assim seja".
Fonte Padre BANTU SAYLA

A CHAVE DA VIDA Mt 25,31-46 - 23.02.2015


HOMILIA

Ao dizer chave da vida, quero me referir o grande segredo que Jesus revela para todos nós: O amor! No fundo Jesus revela uma verdade profunda, que quando o homem terminar sua jornada na terra e apresentar-se diante de Deus uma única coisa terá valor para Deus: o amor que ele dedicou ao seu irmão. Qualquer religião que não conduza a este amor é falsa e não tem nenhum valor diante de Deus. E aqueles que não são cristãos? E os que praticam outra religião? E os ateus? Estarão perdidos? A parábola fala de reunir os homens todas as nações, portanto todas as raças, culturas e mesmo religiões diferentes estarão diante de Jesus. O texto, como boa notícia diz nos que não! Todavia, aponta algo sem o qual ninguém vai ao céu.
Aquele que faz o bem ao irmão, mesmo sem reconhecer nele Jesus, mesmo sem aderir a comunidade cristã receberá a recompensa. Já os Santos Padres falavam das “Sementes do Verbo” que são as sementes da Palavra de Deus espalhadas na criação e nos homens que buscam de coração a verdade e o bem. São os cristãos implícitos, pois pelo seu comportamento de justiça, busca do bem comum e amor aos irmãos aderem ao essencial da mensagem de Jesus. E, portanto irão para a festa do Reino! O critério do exame final não será a ortodoxia de doutrina, mas a prática do amor fraterno. Já dizia São João da Cruz: “No entardecer da vida seremos examinados sobre o amor”. É o amor a todo ser humano, e quanto mais necessitado mais ele é nosso próximo!
Assim a chave para não perder a vida é o amor ao irmão! Não adianta só dizer “Senhor, Senhor” (Mt 7,21), mas é preciso amar concretamente. Jesus já dizia que o sinal que distingue seu discípulo é justamente o amor fraterno (Jo 13, 35). Seremos julgados conforme nossa aceitação a Cristo, que não vemos, mas que se identifica com os irmãos mais pequenos (1 Jo 4,20). O próximo é o vídeo onde verificamos nossa conduta, e a solidariedade aos que sofrem o termômetro de nossa vida cristã. Não é à toa que nossa liturgia de Cristo Rei, no ano C, coloca o Evangelho da Paixão neste dia (Lc 23,35-43).  A mensagem é a mesma, Jesus Reina pelo amor! Jesus Reina do alto da cruz pela entrega de sua vida para gerar vida plena aos irmãos. É o pastor que dá a vida. É o pastor que cuida de modo especial das ovelhas doentes e mais débeis do rebanho.
Na sua entrega dolorosa, podemos experimentar o quanto o Senhor ama a cada um de nós. Ama e nos pede que amemo-nos como ele amou. Amar na prática do dia a dia deve ser o nosso valor maior. Mas não basta para nós uma ação caritativa apenas assistencialista. Há ocasiões que temos apenas que dar de comer, são situações extremas. Mas a caridade irá mais longe, na promoção da pessoa, na busca de uma melhor educação, na possibilidade de trabalho, e na transformação das estruturas sociais que diminuem o ser humano. Vivemos em sociedade, e todas as nossas ações, têm sempre repercussões sociais, por isto temos que investir nosso trabalho na área da verdadeira política. Não se trata de fazer política partidária, mas de amor ao bem comum. Ainda vale lembrar, mais uma vez, que Deus é justo não porque castiga e condena, mas por que é capaz de transformar as pessoas más em justas! E quem são as ovelhas e os cabritos? Os bons e os maus? Sem dúvida todos nós ás vezes nos comportamos como ovelhas e outras vezes como cabritos! Todos precisamos de uma continua conversão!      Que esta Quaresma não seja mais uma e sim, o tempo e a hora de nos voltarmos completamente para Deus na prática do amor!
Pai, reforça minha disposição para amar e servir meus semelhantes, sobretudo, os mais pobres e marginalizados. Esta será a única forma de me preparar para o encontro com Jesus.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO Mc 1,12-15 - 22.02.2015


HOMILIA

O título desta homilia marca o final do Evangelho do primeiro Domingo da Quaresma. Como ouvimos, Marcos narra o ambiente e as circunstâncias da tentação de Jesus. Estamos diante de três elementos: o deserto, os anjos e o diabo. Os três são elementos representam o árduo caminho da quaresma, iniciado na última quarta-feira e a nossa grande missão durante este tempo: a conversão.

O deserto indica um local de provação. Jesus é o novo Israel que passa 40 dias no deserto e vence a tentação, permanecendo fiel à vontade divina e à sua Aliança.

O diabo e os anjos representam o interior de cada um de nós. Dentro de nós pode morar um anjo e um diabo. Quando nos damos de corpo e alma a Deus em nós sobressai o lado angélico e quando nos damos aos prazeres da carne então fala mais alto o lado diabólico. Vivemos num mudo onde existem pessoas com corações diversificados. Há aqueles que são mais compreensivos e curtem a paz, até mesmo em momentos críticos. São os que têm como razão de viver o cultivo da vida interior com Deus e em Deus. Para estes, os anjos de Deus constantemente os servem com a paz, com a fortaleza, com a sabedoria, com o temor de Deus e assim por diante. Mesmo que tenham um temperamento forte, sabem controlar seus impulsos e seus instintos.

O diabo representado pelos impulsos e os instintos. Todos nós sabemos que os animais reagem por impulsos e instintos. E isso também existe dentro de cada um de nós quando não fazemos usa da nossa liberdade e vontade que vindos de Deus deveriam ser usados para escolher sempre o bem! Em alguns, parecem indomáveis estes dois elementos. Trata-se de pessoas impulsivas, que primeiro fazem e depois pensam, quando as conseqüências amargam na vida. O diabo que indomada existe em quem vive pelo instinto, incapaz de ter qualquer controle sobre si próprio.

No deserto, local da sede, da fome e da provação, o que acontece conosco, aconteceu com Jesus, porque ele era homem, igual a cada um de nós. Poderia se deixar levar pelo instinto e a impulsividade do diabo. Mas não. Ele vence a tentação optando pelo serviço dos anjos e isso acontece pela fidelidade ao plano divino. Eis a diferença entre nós e Ele. Enquanto muitas vezes nós nos deixamos vencer pelo diabo, Ele o desafia. E então Aquele que é fiel, envia os seus anjos para servi-lo. O que vemos em Jesus é um exemplo para vencermos as tentações. Os nossos desertos são muitos e podem ser localizados aqui na Canção Nova – Cachoeira Paulista onde moro e podem ser localizados aí na tua cidade, na tua casa. Podem ser na tua família, pode ser a escola, pode ser o trabalho. É nos locais onde vivemos, trabalhamos que a tentação aparece e faz transparecer o controle de si ou o terrível diabo que salta pelos olhos e pela boca.

Quero lembrar-te que esse tipo de reação não se trata com controles mentais ou técnicas de relaxamento ou por meio de uma consulta ao psicólogo ou psicanalista. Isso pode ajudar, mas a proposta da espiritualidade cristã diz que a vida interior só se resolve a partir do momento em que optamos por Deus. É o que fez Jesus. Pois, existe dentro de nós uma duplicidade: ou optamos por Deus e Ele nos serve, ou deixamos que nossos impulsos e instintos apareçam e estes tomam conta de nossa vida, a ponto de infernizá-la e então caímos nas malhas do diabo que nos domina o tempo todo.

A vida interior só se torna divinizada à medida que formos capazes de nos esvaziar de nós mesmos, de tirar de nós os instintos e os impulsos, para acolher com simplicidade, humildade e no espírito de pobreza, o que Deus nos oferece por meio do Seu Filho manso e humilde de coração.

Portanto, neste tempo quaresmal o nosso primeiro empenho é acolher o convite à conversão: CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO. E converter-se, hoje, significa considerar a vida interior de cada um de nós. Ver o que é mais saliente em nós: o lado divino ou o lado dos impulsos e instintos? O lado divino ou o lado humano? Lapidai-me ó Deus, para que convertido possa acolher o vosso Reino .  Acolhendo-o os vossos anjos me venham servir como fizeram a Jesus!
Fonte Canção Nova

O CHAMAMENTO DE LEVI Lc 5,27-32 - 21.02.2015


HOMILIA

No texto de hoje, Jesus mostra-nos a opção que faz pelos pobres, pecadores e excluídos da convivência dos privilegiados. Ele encontrou um cobrador de impostos chamado Levi e o convida para ser seu discípulo devemos e cada um em particular entrever-se. Pois o Mestre também nos chama. Assim como Levi segue imediatamente a Jesus oferecendo então, um banquete a Jesus, convidando os membros da sua classe também nós façamos o mesmo. Veja que Levi sendo um detestado cobrador de impostos, os únicos amigos que tinha eram outros cobradores de impostos, seus colegas. E os nossos são aqueles que eu e tu conhecemos. Pai, mãe, filhos, irmãos e irmãs, tios e tias, colegas sei lá! Convidemo-los a participar da mesa com o mestre. Que eles partilhem de igual modo da nossa conversão!
Como Levi, sejamos obedientes ao Mestre que nos chama para a sua missão. Saiba que a obediência ao chamado de Jesus é o único caminho de que dispõe a pessoa humana – ser inteligente e livre – para se realizar plenamente. Quando diz “não” a Deus a pessoa humana compromete o projeto divino e se diminui a si mesma, destinando-se ao fracasso. Diga sim ao projeto de Deus na tua vida e tu e os teus vivereis eternamente.
Pai, estou certo de que, mesmo sendo pecador, sou amado por ti, e posso contar com a tua solidariedade, que me descortina a misericórdia e a justiça como jeito novo de ser.
Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O VERDADEIRO JEJUM Mt 9,14-15 - 20.02.2015


HOMILIA

Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar”! Com estas palavras Jesus não aboliu nem o jejum e nem a oração.
Simplesmente Ele quis dizer aos discípulos de João Batista, e todos aqueles que ainda estavam presos ao passado que, jejum é feito em casos específicos, quando queremos servir melhor a Deus, quando estamos passando por tribulações, perseguições, doenças e calamidades, nos arrependimentos de pecados por nós e pelo povo, e conversões em massa.
Alías, Jejum, oração e boas obras são mencionados frequentemente por ambos judeus e cristãos. Oração não fica a frente do jejum, e boas obras, independente deles, mas como algo que os liga de dentro. O mais completo entendimento da oração é particularmente oferecido em conexão com o jejum. Quando nós olhamos o que é dito sobre a oração, e como ela é definida, nós podemos ver que a ênfase é naturalmente mais no estado do coração e alma que no corpo, como possível expressão da oração em geral.
Segundo São João Damasceno: “Oração é a subida da mente e do coração de alguém a Deus ou o pedido das boas coisas de Deus”.
Primariamente, a conversa com Deus como atividade espiritual é enfatizada. Todavia, há também a prática e a experiência de que não apenas pensamentos, conversa e atos espirituais por si só estão inclusos na oração, mas também é o corpo. A oração torna-se mais completa por meio do corpo e do movimento, que acompanha as palavras da oração. O corpo e seu movimento tornam a oração mais completa e expressiva para que ela possa mais facilmente envolver a pessoa inteira.
A unificação do corpo e da alma na oração é particularmente manifestada em jejuar e orar. O jejum físico torna a oração mais completa. Uma pessoa que jejua reza melhor e uma pessoa que reza, jejua mais facilmente. Desta forma, a oração não permanece somente uma expressão ou palavras, mas cobre o ser humano inteiro. O jejum físico é uma admissão para Deus diante dos homens que alguém não pode fazer sozinho e necessita de ajuda. Uma pessoa experimenta sua impotência mais facilmente quando ela jejua, e por isso, por meio do jejum físico, a alma está mais aberta a Deus. Sem jejum, nossas palavras na oração permanecem sem uma fundação verdadeira. No Antigo Testamento, os crentes jejuavam e rezavam individualmente, em grupos e em várias situações da vida. Por causa disso, eles sempre experimentavam a ajuda de Deus. Jesus confere uma força especial ao jejum e a oração, especialmente na batalha contra os espíritos do mal.
O jejum é um tipo de penitência no qual abrimos mão de algo que nos agrada, e oferecemos esse “sacrifício” por alguma boa intenção. E aqui entra um detalhe: só Deus precisa saber desse jejum! Não precisa sair por aí se gabando de jejuar, ou se mostrando abatido por causa do jejum! Pelo contrário, o verdadeiro jejum é feito escondido, para que somente o nosso Deus, que vê o que está escondido, tome conhecimento.
No evangelho de hoje, Jesus justificou que os seus discípulos não estavam em jejum porque Ele próprio estava presente, e isso era motivo de festa! E festa não combina com jejum! Chegaria o dia em que Jesus não estaria mais com eles. E aí sim, eles jejuariam. Querendo, pois fazer uma caminhada de penitência, sigámo-l’O. Hoje é o dia esta é a hora da prática do jejum. Abrindo mão de certos prazeres, ou até oferecendo as nossas dores e sofrimentos a Deus, a fim de que Ele amenize o sofrimento nosso ou de outras pessoas.
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Fonte Padre BANTU SAYLA

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A VITÓRIA DA VIDA SOBRE A MORTE Lc 9,22-25 - 19.02.2015


HOMILIA

Para Lucas, a morte de Jesus é a garantia da Sua ressurreição. Porque ele vê no anúncio a certeza deste falto. Pela confiança que ele próprio deposita nas palavras de Mestre: O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será ressuscitado.
Portanto, narra a morte de Jesus como vitória sobre o sofrimento e, sobretudo sobre os poderes da morte ,e a de descer aos infernos e lutar com a morte, era uma idéia bem conhecida no oriente e no ocidente. Faz parte da mitologia de muitos povos que a aplicavam aos seus heróis. Esta idéia penetrou no judaísmo tardio e dali passou para o Novo Testamento. Nesta mesma perspectiva, também Cristo tem vencido os poderes da perdição. Ele conquistou a salvação descendo ao reino dos mortos, libertando os que aí estavam presos , desde Adão até o último homem.
“A concepção é de que Cristo, na hora de sua morte, desce até ali e derrota – numa luta – o príncipe dos demônios. No Novo Testamento encontram-se vestígios desta visão mítica. Em Mt 27,51-53 se narra que no momento da morte de Jesus a terra tremeu e se abriu, muitos mortos saíram de suas sepulturas e entraram na cidade. Assim Jesus, pela sua morte liberta os mortos que lá estavam presos. Com esta visão mítica, personifica-se o poder que age sobre a morte. O diabo, a morte e as forças do mal se confundem. A morte de Jesus assim é vista como resgate e a destruição deste poder. Pela sua morte Jesus destruiu a morte (1Cor 15,24.26; 2Ts 2,8; 2Tm 1,10; Hb 2,14). “Assim, pois, já que os filhos têm em comum o sangue e a carne, também Ele participou igualmente da mesma condição, a fim de, por sua morte, reduzir à impotência daquele que detinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb 2,14).
Através de sua morte, Jesus destruiu o poder da morte, deixando o ser humano livre. Mas, antes da Ressurreição existe a cruz. E Ele quer advertir os seus para que fiquem preparados para ela. Como aos apóstolos também cada um de nós está sendo convidado a segui-lo, passando por tudo o que Ele passou, a fim de que no final possamos ressuscitar com Ele para a eternidade.
Pai, dá-me a firme disposição de renunciar a todos os meus projetos pessoais, para abraçar unicamente o projeto de Jesus, mesmo devendo passar por sofrimentos.
Fonte Padre BANTU SAYLA

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

CUIDADO COM A HIPOCRISIA Mt 6,1-6.16-18 - 18.02.2015


HOMILIA

No Evangelho, Jesus pede a pratica da esmola, o jejum e a oração longe de toda hipocrisia: «Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa». Os hipócritas, energicamente denunciados por Jesus Cristo, se caracterizam pela falsidade de seu coração. Mas, Jesus adverte hoje não só da hipocrisia subjetiva senão também da objetiva: cumprir, inclusive de boa fé, tudo o que manda a Lei de Deus e a Escritura Santa, mas fazendo de maneira que fique na mera prática exterior, sem a correspondente conversão interior.
Cuidado! não pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados. De outra forma, não recebereis recompensa do vosso Pai que está nos céus». A justiça da que Jesus nos fala consiste em viver conforme aos princípios evangélicos, sem esquecer que «Eu vos digo: Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus».
A justiça nos leva ao amor, manifestado na esmola e em obras de misericórdia: «Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita». Não é que se devam ocultar as obras boas, mas que não se deve pensar em elogio humano ao fazê-lo, sem desejar nenhum outro bem superior e celestial. Em outras palavras, devo dar esmola de tal modo que nem eu tenha a sensação de estar fazendo uma boa ação, que merece uma recompensa por parte de Deus e elogio por parte dos homens.
Então, a esmola reduzida à “gorjeta” deixa de ser um ato fraternal e se reduz a um gesto tranqüilizador que não muda a maneira de ver o irmão, nem faz sentir a caridade de prestar-lhe a atenção que ele merece. O jejum, por outro lado, fica limitado ao cumprimento formal, que já não lembra em nenhum momento a necessidade de moderar nosso consumismo compulsivo, nem a necessidade que temos de ser curados da “bulimia espiritual”. Finalmente, a oração reduzida a estéril monólogo não chega a ser autêntica abertura espiritual, colóquio íntimo com o Pai e escuta atenta do Evangelho do Filho.
A religião dos hipócritas é una religião triste, legalista, moralista, de uma grande pobreza de espírito. “Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens, para serdes vistos por eles como fazem os hipócritas...” No dicionário do Aurélio, hipocrisia é afetação duma virtude, de um sentimento louvável que não se tem. É impostura, fingimento, simulação, falsidade. Os hipócritas enganam (ou pensam enganar) as pessoas que os vêem por sua aparência. Fingem ser uma coisa que não são. Por quanto tempo dura uma hipocrisia? Pois nada há de oculto que não seja um dia revelado. Que passageira recompensa recebem os hipócritas, não é mesmo? Recebem os louvores e reconhecimentos momentâneos. Até a hora em que são descobertos. Daí, então, a máscara cai e se revela a verdade do que são. Como não construíram sobre a rocha, a verdade, é grande sua ruína (cf. Mt 7,27).
Por que, então, cair neste pecado da hipocrisia? Se pensarmos bem, mesmo sem levar em conta o lado espiritual, não vale a pena. Seja no ambiente de trabalho, seja na sociedade ou na família, a hipocrisia é um grande contra-senso. Reflita e medite sobre isso em sua vida. Dirija-se ao Senhor pedindo perdão pelas vezes em que fingiu ou simulou algo apenas para ser visto pelos homens. Peça hoje uma graça de coerência e fidelidade ao chamado último de todos os homens: a santidade.
Fonte padre BANTU SAYLA

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O FERMENTO DOS FARISEUS E O FERMENTO DE HERODES Mc 8,14-21 - 17.02.2015


HOMILIA

No Evangelho de hoje dois pontos chamam atenção: a menção de Jesus para que os discípulos tomem cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes, e a reação d’Ele ao ver que os discípulos acharam que Jesus estava falando sobre comida.
            Primeiro precisamos entender de que fermento Jesus estava falando quando se referiu aos fariseus e a Herodes. Isso fica fácil quando sabemos o que movia Herodes e os fariseus: o poder e a vaidade. E era disso que Jesus estava falando quando pediu que os discípulos tivessem cuidado... Jesus queria que os discípulos não fossem movidos pelo poder e pela vaidade. Mas os discípulos pensaram que Jesus estava falando sobre fermento porque eles tinham apenas um pão no barco onde eles estavam, e por isso Jesus se decepcionou com a lentidão de pensamento dos discípulos.
Por mais que Jesus lhes mostrasse prodígios e milagres, os discípulos não O entendiam porque tinham o seu pensamento obscurecido pelas coisas materiais e porque não O escutavam com o coração. Mesmo depois dos milagres da multiplicação dos pães eles continuavam inseguros quanto á sua sobrevivência. Jesus os advertia sobre “o fermento dos fariseus” ( a falsidade), mas eles não compreendiam do que Jesus estava falando. O homem tem fome de Deus e se confunde pensando que a sua fome é de pão material. Assim somos nós também: “tendo olhos, nós não vemos e tendo ouvidos, nós não ouvimos”. Temos o coração endurecido, e não enxergamos o poder de Deus para providenciar tudo de que precisamos na nossa vida.
            A mensagem de hoje é para que não sejamos como Herodes ou os fariseus, que se orgulhavam do poder e da vaidade. Devemos ser o contrário disso: humildes e servidores, assim como foi Jesus. Os frutos que iremos colher virão bem depois.
Você tem medo de passar necessidades no futuro? – Você acredita na providência de Deus? – Você consegue entender espiritualmente os ensinamentos de Jesus para sua vida?
Pai, reforça minha fé na tua providência paterna que se manifestou de tantos modos em minha vida, e livra-me de colocar minha esperança nas coisas deste mundo.

Fonte Padre BANTU SAYLA

sábado, 14 de fevereiro de 2015

OS FARISEUS PEDEM UM MILAGRE Mc 8,11-13 - 16.02.2015


HOMILIA

As provocações dos fariseus são insistentes. Já espionaram Jesus para ver se curava no sábado. A preocupação então não era o sinal da cura, mas a acusação da infração do sábado. Em casa, em Cafarnaúm, Jesus perdoou os pecados de um paralítico, e o cura, como sinal.
No evangelho de hoje, temos mais um conflito entre os fariseus e Jesus. E mais uma vez na tentativa de acusar Jesus perante as autoridades, pediam de Jesus, um sinal do céu, como uma prova de que Ele era o Messias enviado, queria ver um sinal do seu poder. Queriam que Jesus realizasse algo extraordinário, com fez Moisés, as pragas do Egito e a travessia do Mar Vermelho. Para os fariseus o Messias esperado era poderoso que buscasse glorias, que faria com que as elites conquistassem sua autonomia, e os libertaria da opressão do império romano, destruindo o inimigo.  Indignado e triste, Jesus, vendo a dureza de coração dos fariseus, Jesus diz: "... a essa geração não será dado nenhum sinal" e parte.
            Os fariseus eram incapazes de ver os sinais de Cristo na terra, eles não acreditavam no milagre na encarnação de Cristo. Não aceitavam Jesus porque se identificava com multidão de pobres, pecadores, excluídos, doentes, marginalizados, e sentiam seu poder ameaçado por Jesus. Tão cegos e sedentos de poder eram os fariseus, que não foram capazes de perceber o sinal da partilha dos pães.
E nós? Quantas vezes em nossas orações colocamos em dúvida o poder de Deus, seu amor por nós? Quando não somos prontamente atendidos, nossa fé é abalada. Sabemos que tudo o que pedimos com fé, Deus nos concederá. Precisamos ser pacientes em nossa fé, receberemos as graças de Deus quando estivermos prontos para recebê-la. Deus nos conhece, sabe quando será o melhor momento. Deus se homem, em seu Filho Jesus, que deu sua vida para nos salvar. Porque então pedir prova seu poder, de seu amor por nós? Confiemos em Deus e no seu amor por todos nós. E saibamos reconhecer os sinais de Deus na solidariedade, na partilha, na justiça, na paz, no irmão necessitado, que sofre preconceito e exclusão. Basta que  não tenhamos um coração frio e duro como dos fariseus.
Pai, dá-me sensibilidade para reconhecer a messianidade de teu filho Jesus manifestada no bem que ele fez ao povo e no seu modo simples de ser.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

JESUS CURA O LEPROSO Mc 1,40-45 - 15.02.2015


HOMILIA

Pouco a pouco o Evangelho de Marcos vai mostrando quem é Jesus. O episódio de hoje é o terceiro milagre recordado em vista desse objetivo.

Já vimos, na I leitura, a situação de marginalidade em que se encontrava o leproso. Essa situação era mais grave no tempo de Jesus, pois tudo girava em torno do puro/impuro. Quem controlava esse rígido código de pureza eram os sacerdotes. Cabia a eles declarar o que podia ou não podia ter acesso a Deus. Deus estaria sob o controle dos sacerdotes e do código de pureza.

O leproso certamente sabia disso. Sabia também que sua vida – e sua libertação da marginalidade – não dependiam do Templo e dos sacerdotes, pois estes só constatavam a cura ou a permanência da doença em seu corpo. Diante disso, o leproso toma uma decisão radical: não vai ao sacerdote, e sim a Jesus. Ajoelha-se diante dele e pede: “Se quiseres, podes curar-me”. Reconhece que o poder da cura que o tira da marginalidade não vem da religião dos sacerdotes, e sim de Jesus. Notemos outro aspecto importante: ao invés de ficar à distância e gritar sua marginalização, aproxima-se e manifesta sua adesão a Jesus enquanto fonte de libertação e vida: “Se quiseres, podes curar-me”. Viola a lei para ser curado.

Jesus quer curar o leproso de sua marginalização, devolvendo-lhe a vida. Para os homens daquele tempo, curar um leproso era sinônimo de ressuscitar um morto. Mas a ação de Jesus é precedida por uma reação. De acordo com a maioria das traduções, a reação de Jesus se traduz em compaixão. Algumas traduções, porém, em vez de ler “compaixão”, lêem “ira”. Jesus teria ficado furioso. Não certamente contra o leproso, mas contra o código de pureza que, em nome de Deus, marginaliza as pessoas, considerando-as como mortas. É contra esse sistema religioso que Jesus se revolta. E o transgride também.

De fato, acreditava-se que a lepra fosse contagiosa. Jesus quebra o código de pureza, tocando o leproso. Com isso, de acordo com o sistema religioso vigente, torna-se impuro: torna-se leproso e fonte de contaminação. Por exemplo no Lv 5,5-6, além de ficar impuro Jesus deveria oferecer um sacrifício!. Torna-se marginalizado e não poderá mais entrar publicamente numa cidade: deverá ficar fora, em lugares desertos, como os marginalizados. O Filho de Deus foi morar com os marginalizados. Aqui o Evangelho de Marcos mostra quem é Jesus: é aquele que rompe os esquemas fechados de uma religião elitista e segregadora, indo habitar entre os banidos do convívio social.

Curado o leproso, Jesus o expulsa. É esse o sentido da expressão “o mandou logo embora”. A expressão é forte e, ao mesmo tempo, estranha. Mas não é estranha se a lermos na ótica da ira de Jesus contra o código de pureza que marginaliza as pessoas: ele não quer que elas continuem vítimas de um sistema social e religioso que rouba a vida.

Jesus dá uma ordem ao curado: “Não conte isso a ninguém! Vá, mostre-se ao sacerdote e ofereça o sacrifício que Moisés mandou, como prova para eles!” Tudo leva a crer que a tarefa da pessoa curada consiste não em divulgar o milagre, mas em colaborar para que o código de pureza seja abolido. De fato, ele deverá se mostrar ao sacerdote para que este constate sua cura. Sinal de que a cura não depende do código de pureza, nem da religião do Templo. A expressão “como prova para eles” tem este sentido: o sacrifício serve como testemunho contra o sistema que o declarava um punido por Deus e banido do convívio social. O sacrifício tem, pois, caráter de denúncia e de abolição do código de pureza.

Não sabemos se a pessoa curada teve a coragem de testemunhar contra o sistema religioso que o mantinha na marginalidade. Marcos diz que o curado “foi e começou a contar e a divulgar muito o fato” (v. 45a). A reação a esse anúncio é evidente: Jesus não pode mais entrar numa cidade, pois, segundo o código de pureza, está contaminado e é fonte de contaminação. Todavia, de toda parte o povo vai procurá-lo, sinal de que está aberto um novo acesso a Deus. Deus, em seu Filho, pode ser encontrado fora, na clandestinidade, entre os que o sistema religioso e social discriminou.
Fonte Canção Nova

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

JESUS,O PÃO REPARTIDO PARA NOSSA SALVAÇÃO Mc 8,1-10 - 14.02.2015


HOMILIA

Deus Pai na Sua infinita bondade quis nos restituir a humanidade dando-nos o Seu Próprio Filho Jesus Cristo nosso Senhor, o Pão Vivo descido do céu, que à cada Eucaristia nos alimenta e nos dá novo alento e perdão.

Jesus partiu o pão. Se não tivesse rompido o pão, como é que as migalhas chegariam até nós?

Mas ele partiu-o e distribuiu-o: « Distribuiu-o e deu-o aos pobres». Partiu-o por amor, para quebrar a ira do Pai e a Sua. Deus tinha-o dito: ter-nos-ia aniquilado, se o seu Único, «o seu eleito, não se tivesse posto diante dele, erguido sobre a brecha para afastar a sua cólera». Ele colocou-se diante de Deus e apaziguou-o; pela sua força indefectível, manteve-se de pé, não quebrado.

Mas Ele próprio, voluntariamente, partiu e distribuiu a Sua carne, rasgada pelo sofrimento.

Foi então que Ele «quebrou o poder do arco», «quebrou a cabeça do dragão», todos os nossos inimigos, com o Seu poder. Então, partiu de algum modo as tábuas da primeira aliança, para que já não estejamos sob a Lei. Então quebrou o jugo da nossa prisão.

Quebrou tudo o que nos quebrava, para reparar em nós tudo o que estava quebrado, e para «enviar livres os que estavam oprimidos» (Is 58,6), Com efeito, nós estávamos cativos da miséria e das correntes.

No sacramento do altar, o Senhor vem ao encontro do homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 27), fazendo-Se seu companheiro de viagem. Com efeito, neste sacramento, Jesus torna-Se alimento para o homem, faminto de verdade e de liberdade. Uma vez que só a verdade nos pode tornar verdadeiramente livres (Jo 8, 36), Cristo faz-Se alimento de Verdade para nós. Com agudo conhecimento da realidade humana, Santo Agostinho pôs em evidência como o homem se move espontaneamente, e não constrangido, quando encontra algo que o atrai e nele suscita desejo. Perguntando-se ele, uma vez, sobre o que poderia em última análise mover o homem no seu íntimo, o santo bispo exclama: « Que pode a alma desejar mais ardentemente do que a verdade?

De fato, todo o homem traz dentro de si o desejo insuprimível da verdade última e definitiva. Por isso, o Senhor Jesus, « caminho, verdade e vida » (Jo 14, 6), dirige-Se ao coração anelante do homem que se sente peregrino e sedento, ao coração que suspira pela fonte da vida, ao coração mendigo da Verdade. Com efeito, Jesus Cristo é a Verdade feita Pessoa, que atrai a Si o mundo. Jesus é a estrela polar da liberdade humana: esta, sem Ele, perde a sua orientação, porque, sem o conhecimento da verdade, a liberdade desvirtua-se, isola-se e reduz-se a estéril arbítrio. Com Ele, a liberdade volta a encontrar-se a si mesma. No sacramento da Eucaristia, Jesus mostra-nos de modo particular a verdade do amor, que é a própria essência de Deus. Esta é a verdade evangélica que interessa a todo o homem e ao homem todo. Por isso a Igreja, que encontra na Eucaristia o seu centro vital, esforça-se constantemente por anunciar a todos, em tempo propício e fora dele ( 2 Tm 4, 2), que Deus é amor. Exatamente porque Cristo Se fez alimento de Verdade para nós, a Igreja dirige-se ao homem convidando-o a acolher livremente o dom de Deus.

Bom Jesus, ainda hoje, se bem que tenhas aniquilado a ira, partido o pão para nós, pobres pedintes, continuamos com fome. Parte, pois cada dia esse pão para aqueles que têm fome. É que hoje e todos os dias recolhemos algumas migalhas, e cada dia precisamos de novo do nosso pão quotidiano. «Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.» (Lc 11,3) Se Tu não o dás, quem o dará? Na nossa privação, na nossa carência não há ninguém para nos partir o pão, ninguém para nos alimentar, ninguém para nos refazer, ninguém senão Tu, ó nosso Deus. Em todo o consolo que nos mandas, recolhemos as migalhas desse pão que nos partes e saboreamos «como é doce a tua misericórdia».

Celebramos hoje a memória de São Cirílo e São Metódio, dois irmãos pelo sangue pela fé, pela vocação apostólica e até pela morte! O dois por fazerem da Eucaristia o seu alimento diário se converteram em autênticos evangelizadores dos povos eslavos. Como seria bom se todos os da minha casa, família tivessem como alimento primordial o Pão dos anjos, o pão dos fortes e como conseqüência se entregassem ao serviço do evangelho? Peçamos ao Senhor esta graça!
Fonte Canção Nova

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ABRE-TE! Mc 7,31-37 - 13.02.2015


HOMILIA

Efatá é uma palavra chave da liturgia ; palavra que o Senhor pronuncia hoje para todos e que tem, para cada um de nós, uma ressonância pessoal. É fundamental que cada um de nós veja e pense no conteúdo dela.

Efatá, palavra dita pelo Senhor quando o mar se abriu para a passagem dos escravos rumo à liberdade. “Efatá!”, disse Deus, e se abriram os céus sobre o batismo de Jesus e sobre a humildade do seu batismo; e se abriu o paraíso sobre a cruz de Jesus, e o paraíso ficou à mercê dos ladrões; e se abriram os sepulcros, e os vencidos fugiram da morte. Dirigida agora para nós a fim de que enxerguemos o caminho que nos conduz à Salvação eterna. Por isso, não diga “Abrir-se-ão os olhos do cego e os ouvidos do surdo”. Mas que abrir-se-ão os meus olhos e os meus ouvidos que estávamos fechados por causa da dureza do meu coração, fruto do meu próprio pecado. Saiba que a palavra se cumpre hoje, a profecia está se realizando neste evangelho. A promessa se torna realidade hoje e agora, com Cristo e em Cristo na tua vida. Corra e vá atrás d’Ele. E se não tens como peça a ajuda. Deixe-se ajudar. Não seja cabeça dura. Escute e siga as orientações, os conselhos da tua esposa, do teu marido, dos teus pais e filhos. Deixe de viver na noite e no mundo do erro, do pecado, da falsidade e da morte.

Ah padre, mas eu não sou surdo nem mudo. Isso é ofensa. Eu digo que sim. Somos surdos, por exemplo, quando não ouvimos o grito de ajuda que se eleva para nós e preferimos pôr entre nós e o próximo o «duplo vidro» da indiferença. Os pais são surdos quando não entendem que certas atitudes estranhas ou desordenadas dos filhos escondem um pedido de atenção e de amor. Um marido é surdo quando não sabe ver no nervosismo de sua mulher o sinal do cansaço ou a necessidade de um esclarecimento. E o mesmo quanto à esposa. Estamos mudos quando nos fechamos, por orgulho, em um silêncio esquivo e ressentido, enquanto talvez com uma só palavra de desculpa e de perdão poderíamos devolver a paz e a serenidade ao nosso lar. Os religiosos e as religiosas têm, no dia, tempos de silêncio, e às vezes se acusam na Confissão, dizendo: «Quebrei o silêncio». Penso que às vezes deveríamos acusar-nos do contrário e dizer: «Não quebrei o silêncio».

O que, contudo, decide a qualidade de uma comunicação não é simplesmente falar ou não falar, mas falar ou não fazê-lo por amor. Santo Agostinho dizia às pessoas em um discurso: É impossível saber em toda circunstância o que é o justo que se deve fazer: se falar ou calar, se corrigir ou deixar passar algo. Eis aqui então que se dá uma regra que vale para todos os casos: «Ama e faz o que quiseres». Preocupa-te de que em teu coração haja amor; depois, se falas, será por amor, se calas, será por amor, e tudo estará bem porque do amor não brota mais que o bem.

As histórias de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com estes pobres, em vista de restaurar-lhes a vida que é característica do Reino de Deus. A proclamação final, “faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”, indica o cumprimento da profecia atribuída a Isaías aos exilados da Babilônia; porém, agora, não restrita àquele povo que se julgava eleito, mas a todos os povos da terra sem discriminações. Jesus vem libertar as maiorias empobrecidas subjugadas pelas minorias que detêm o poder, resgatando a dignidade e a vida neste mundo.

Por isso, meu irmão, minha irmã o segredo está em entrar em comunhão com Cristo ressuscitado, tu que estavas morto, vês e escutas e entras com Ele pelas portas abertas de Deus.

Ó Senhor tenho plena consciência de que Vossa voz ressoou no deserto: “Efatá!”, para que do céu caísse como chuva o pão e da rocha jorrou água. “Efatá!”, dissestes, e abristes, como que com uma faca, as águas do Jordão, que se tornaram porta pela qual entraram vossos filhos à terra das vossas promessas. Dignai-vos olhar para mim, para os meus olhos e ouvidos. Impõe sobre mim as Tuas mãos e liberta-me, cura-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
Fonte Canção Nova

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A FÉ DE UMA MULHER PAGÃ Mc 7,24-30 - 12.02.2015


HOMILIA

Jesus e os Seus discípulos estavam sob uma considerável pressão, pois a hostilidade dos Judeus intensificava-se. Assim, o Mestre e os Seus seguidores retiraram-se para as fronteiras de Tiro e Sidom e não querendo que alguém o soubesse, entrou numa casa onde esperava encontrar alguma privacidade, mas, significativamente. Ele não pode ser oculto, porque a Sua mensagem era demasiado maravilhosa e os Seus feitos demasiado poderosos para serem escondidos. Trata-se do Sumo Bem personalizado em Jesus e por isso não se pode esconder seja a quem for. Sua fama precedia-O onde quer que Ele fosse. Dentro desta visão, uma mulher com o coração despedaçado O procura, e O descobre. Ela era de origem cananéia, isto é, tinha raízes pagãs. A mulher estava extremamente afligida devido ao fato da sua filha ainda pequena estar possuída por um demônio que lamentavelmente a atormentava.

Deus permitiu isso para que Jesus pudesse demonstrar o Seu poder sobre as forças de Satanás.

Tendo em vista o pedido que queria fazer, esta mãe ansiosa seguiu Cristo e os que O acompanhavam, tendo–Lhe rogado que tivesse compaixão dela e curasse a sua filha. Muitos pensam que o Senhor a tratou de uma forma descuidada, quase rudemente, no entanto, esse ponto de vista não tem qualquer fundamento.

Uma análise mais cuidada revela que Cristo conhecia a qualidade da alma desta mulher e Ele a desafiou a amadurecer. De um modo maravilhoso, o Mestre Professor colocou vários obstáculos no caminho da mulher, cada um dos quais ela superou com uma fé radiante. Finalmente, Jesus exclamou: “Ó mulher, grande é a tua fé,” e Ele curou a sua filha sem sequer ter colocado os olhos sobre a criança. Que qualidades caracterizavam a fé desta mulher, a ponto de receber tão grande elogio por parte do Salvador?

Esta mulher, embora com antecedentes pagãos, tinha obviamente conhecimentos em relação ao Filho de Deus. Isso é evidenciado pelo fato de ela tratar Jesus como “Senhor, filho de David.”

Onde teria ela aprendido acerca do Filho do Deus? Teria ela ouvido alguém falar sobre Ele? Teria ela viajado para a Galileia, estando presente entre as multidões que O seguiam? Essas perguntas devem permanecer sem resposta; o fato é que ela acreditou.

Jesus ensinou em uma ocasião: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á.”. As formas verbais denotam ação contínua, persistência. Esta senhora encantadora entendeu bem esse princípio, tanto que a sua fé era da mais tenaz.

Conforme sugerido anteriormente, com a intenção de aumentar e testar a sua fé, o Senhor colocou pequenas barreiras no caminho desta mulher, mas ela as superou todas. Isso é uma evidência clara que Cristo tinha uma percepção divina que penetrava através da essência da alma desta mulher. Ela era uma pessoa forte, mas este encontro com o Filho de Deus a tornaria ainda mais forte.

Os discípulos sugeriram que Cristo concedesse apressadamente o pedido da mulher para que ela os deixasse em paz. Com certeza que essa foi à intenção do pedido feito pelos discípulos e isso está claramente implícito na natureza da resposta dada pelo Senhor. Jesus respondeu que Ele havia sido enviado apenas às ovelhas perdidas da casa de Israel e, isso excluía esta mulher gentia. Mas ela não desistiu!

Cristo disse-lhe: “Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.” Muitos se queixam de que nesta ocasião o Senhor usou linguagem insultuosa, mas o termo Grego utilizado para a palavra “cães” é diminutivo, significando um pequeno cachorrinho de estimação. A expressão não é áspera como poderia parecer.

Então, esta mulher perseverante “agarrou-se” ao significado da palavra “primeiro”; sendo certo que ela reconheceu a prioridade dos Judeus no plano do Deus, claramente ela detectou a inferência de que os Gentios no futuro também receberiam a benevolência do Salvador, tendo pensado para si própria: “por que não agora?!”

Desse modo, com um argumento brilhante, ela contrapôs: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.” Ela ficaria satisfeita com apenas uma migalha da mesa do seu Mestre. Que grande mulher! Ela agarrou-se firmemente como uma carraça, não sendo de admirar que o Salvador tivesse elogiado a sua grande fé!

Embora a mulher sirofenícia tivesse rogado ao Senhor dizendo “tem compaixão de mim”, de fato o pedido foi para a sua filha. A sua paixão estava tão dirigida para a sua filhinha que ela colocou de lado quaisquer necessidades pessoais e implorou pelo bem estar da sua criança afligida. A história de um espírito tão disposto ao sacrifício é deveras refrescante nestes dias, quando o abuso infantil é um drama tão comum.

Esta mulher entendeu bem o conceito de que uma fé sem obras está morta. Embora não lhe tivessem pedido para executar nenhum ato específico de obediência, quando Cristo visitou a sua região, ela buscou-O, seguiu-O, adorou-O, apelou para Ele e argumentou com Ele. Se ela tivesse atuado segundo a premissa que “contanto que acredite que isso seja assim, assim será”, a sua filha afligida teria permanecido na mesma situação deplorável.

É uma verdade incontornável que segundo o Novo Testamento, nenhuma pessoa foi alguma vez abençoada por causa da sua fé pessoal, sem que essa fé se tivesse exprimido em ações.

Observemos o caso registrado em Marcos 2. Um homem, doente com paralisia, foi transportado por quatro dos seus amigos a uma casa onde o Senhor ensinava. Marcos relata: “E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados”.

Quão triste teria sido se esta estimável mulher tivesse raciocinado de seguinte modo: “sou gentia, uma mera mulher sem nenhuma reputação; quem sou eu para receber qualquer bênção deste afamado Nazareno?” Tivesse sido esse o caso, ela não teria pedido e, por conseguinte, não teria recebido!

Esta mulher anônima deve inspirar a minha e a tua fé. A sua fé resoluta e destemida fez com que Jesus através dela disse também a mim e a ti GRANDE É A TUA FÉ!
Fonte Canção Nova

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

JESUS FALA SOBRE A IMPUREZA Mc 7,14-23 - 11.02.2015


HOMILIA

            Hoje, Jesus desmascara o que está por trás de certas práticas apresentadas como religiosas. E toma um exemplo concreto referente ao quarto mandamento. Corbã era o voto, pelo qual uma pessoa consagrava a Deus os próprios bens, tornando-os intocáveis e reservados ao tesouro do Templo. Aparentemente Deus era louvado, mas na realidade os pais ficavam privados de sustento necessário, enquanto o Templo e os sacerdotes ficavam ainda mais ricos
Neste Evangelho Jesus nos ensina a discernir onde encontrar a raiz do mal que tenta nos afastar de Deus levando-nos ao pecado e à morte. Muitas vezes nós enxergamos o que o mundo nos apresenta como proposta, os apelos ao sexo, ao poder, ao consumismo, aos prazeres, às desordens, violência. E, erradamente supomos que é isto que nos motiva a viver uma vida longe de Deus. Achamos que as concupiscências vêem de fora para nos desvirtuar. No entanto, Jesus nos dá conhecimento de que “é de dentro do coração humano que saem as impurezas!” e não o que vem de fora.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus e o nosso coração foi feito pleno do Seu amor, para que com este mesmo amor nós pudéssemos amá-Lo e amar aos nossos semelhantes e com eles manter relacionamentos benfazejos. Contudo, nós temos em nós a semente do pecado original que descaracteriza a nossa imagem e semelhança com Deus e, por isto, nós também cultivamos no nosso coração o desamor e a soberba. É por orgulho e vaidade que o homem se torna mal! Tudo o que cultivarmos dentro de nós será o que irá motivar as nossas ações.
O nosso coração é fonte de bênção e de maldição. O mal não entra pela boca, mas sai do coração do homem. A fonte do mal é o pensamento do homem. Se não cuidarmos em cultivar pensamentos sadios e agradáveis a Deus iremos carimbar as nossas ações com a marca do inferno e já não nos pareceremos com Jesus que veio ao mundo para nos configurar a Ele.
Cabe a cada um de nós fazer uma reflexão de como está o nosso interior para que possamos perceber se estamos sendo banhados pela água fonte que traz vida em abundância, isto é, o Espírito Santo, ou pela sujeira do esgoto interior do qual só sai devassidão.
Estamos exalando o perfume do céu ou a podridão do inferno? Você tem feito um exame de consciência do seu interior? – Em qual fonte você tem se banhado? – O que tem direcionado os seus pensamentos: coisas boas ou coisas más? – Você guarda rancor dentro de si? – Você costuma desabafar com alguém quando tem algum ressentimento ou apenas rumina no seu pensamento?
Pai, cria, no meu coração, a pureza verdadeira que me permite estar na tua presença, seguro de que minha vida te agrada.
Fonte Padre BANTU SAYLA

domingo, 8 de fevereiro de 2015

JESUS E A TRADIÇÃO DOS JUDEUS Mc 7,1-13 - 10.02.2015


HOMILIA

            Porque os preceitos humanos muitas vezes esvaziam a Palavra de Deus, nós não nos podemos deixar enganar nem por alguém nem por nada. E para que tenhamos rumo na vida, Jesus traz para nós o caminho certo que nos possa orientar até Deus nosso Pai. Ele hoje chama a atenção daqueles que seguem os preceitos humanos e deixam de lado os ensinamentos da Lei de Deus. Os mandamentos nos foram dados para iluminar o nosso caminhar, porém o homem tem substituído a orientação de Deus para seguir as formalidades do mundo. O mandamento de Deus é o amor e Jesus veio nos ensinar a amar com o mesmo amor que O Pai nos ama. Os nossos gestos, as nossas expressões, o nosso comportamento deve ser pautado pelo amor de Deus.
As ações exteriores, as palavras soltas, as atitudes falsas levam o homem a desviar-se do verdadeiro caminho e assim perder a felicidade aqui na terra. Se, não concretizarmos o que falamos, através da oferta do nosso coração, de nada valerá a nossa oferta exterior, os ritos, as convenções, as práticas corriqueiras que seguem apenas o manual de instrução do mundo.
Seguir a tradição dos homens é andar conforme a onda do mundo até no que damos como oferta a Deus. Quando deixamos de lado a nossa obrigação de filhos, de filhas, de pais e mães de família, de irmãos de comunidade para impressionar as pessoas com o volume que oferecemos a Deus caímos no erro de querer aparecer. E deixamos de agradar a Deus. Isto porque Deus deve ser servido nos nossos irmãos e irmãs, a começar pelos  da minha casa. Não podemos nos desviar nem confundir as nossas oferendas: uma coisa é o que se deve ao próximo, outra coisa é o que se deve a Deus. Alías São João afirma: quem diz amar a Deus e odeia o seu irmão, este é mentiroso, porque Deus é amor incondicional pelo irmão.
Você tem deixado de ajudar a alguém na sua casa porque está ajudando na Igreja ou na Comunidade? – A quem você acha que deve dar prioridade? – Quando você louva a Deus, você o faz de coração? Você presta atenção nas suas palavras?- Qual é a sua atitude antes de ir para a celebração Eucarística? Qual é seu pensamento? Como você vê as pessoas que você encontra na Igreja?
Pai, coloca-me no caminho da verdadeira piedade, a qual me leve a estar em perfeita sintonia contigo, realizando aquilo que, de fato, é do teu agrado.
Fonte Padre BANTU SAYLA

sábado, 7 de fevereiro de 2015

JESUS CURAVA A TODOS OS QUE O PROCURAVAM Mc 6,53-56 - 09.02.2015


HOMILIA

Depois dos discípulos terem anuído ao convite do Mestre, abandonaram a casa de Simão e partiram para outras regiões da redondeza. E no Evangelho de hoje vemos os discípulos fazendo a travessia do mar agitado com seu próprio barco desembarcando em Genesaré e logo o povo reconhece Jesus.

O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças.

A salvação é dirigida a esta multidão formada por gentios e judeus marginalizados. São os moradores dos povoados, cidades e campos por onde Jesus andava, com seus discípulos. Jesus realiza a sua atividade sobretudo entre as camadas mais sofredoras e abandonadas do povo, constituindo praticamente, a única esperança dessa gente.

O enfoque é a presença física libertadora de Jesus. As curas são conseguidas com o toque, pelo menos na franja do manto dele. A doença generalizada é fruto das barreiras a exclusão.

A cura resulta da libertação da exclusão e é fruto da acolhida. Assim como, fisicamente,

o pão foi partilhado, o mesmo vale para o corpo. A comunicação não se faz apenas pela palavra. Faz-se também pela partilha do corpo. A presença física, o toque, o abraço, o sorriso acolhedor, o olhar compreensivo e atento, a compaixão complementam a força comunicadora da palavra libertadora.

Desde o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galiléia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.

Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto.

Pela fé, todos nós esperamos e sonhamos com o Reino de Deus, como um novo tempo, onde não haverá dor nem lágrimas. Ao curar muitas pessoas, Jesus mostra que Deus reprova tudo o que faz o ser humano sofrer. Mergulhemos na certeza de que nossa missão é seguir os passos do Mestre para construir este “novo tempo”, entre nós.
Fonte Canção Nova

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

JESUS CURA A SOGRA DE SIMÃO Mc 1,29-39 - 08.02.2015


HOMILIA

Jesus andou por toda a Galiléia ensinando nas sinagogas, anunciando a Boa Nova do Reino e curando as enfermidades e doenças graves do povo. As notícias a respeito d’Ele se espalharam por toda a região da Síria. Por isso, o povo levava a Jesus pessoas que sofriam de várias doenças e de todos os tipos de males, isto é, epiléticos, paralíticos e pessoas dominadas por demônios; e Ele curava todos. Grandes multidões O seguiam; eram gente da Galiléia, das dez cidades, de Jerusalém, da Judéia e das regiões que ficam no lado leste do Rio Jordão.

No Evangelho de hoje, vemos Jesus com a concisa precisão que se dirige para uma casa. “Logo que saíram da sinagoga, foram para a casa de Simão”, o evangelista Marcos indica que Jesus descarta a sinagoga e afirma seu ministério no espaço da “casa”. É a casa o lugar onde se reúne a nova comunidade e que se torna o centro de irradiação da missão. Na “casa”, a mulher, libertada de sua exclusão, exerce a prática essencial das novas comunidades, que é o serviço. E é à porta da casa que se reúne a cidade inteira.

Jesus não se deixa reter por uma comunidade particular. Seu ministério missionário é dirigido amplamente a toda a Galiléia e aos territórios vizinhos.

A sogra de Simão estava com febre. Identificada a doença, Jesus se aproxima dela e a cura. O que falta para que Ele cure também a sua doença? Identifique-a, procure saber qual é e clame por Jesus. Se for o pecado, lembre-se de que não precisa explicação. Se você quer ser curado do pecado, ele só precisa ser reconhecido. Por favor, não jogue a culpa nos outros: “Eu pequei porque estava muito sozinho, porque meu marido me abandonou, porque minha mulher me abandonou ou porque o meu pai não me compreende; eu estou nas drogas porque ninguém gosta de mim; eu bebo porque a sociedade é injusta; sou homossexual por isso, ou eu faço isso por aquilo”.

Enquanto você estiver tentando explicar, você não deu o primeiro passo. Se você quer ser verdadeiramente curado, transformado, só tem que dar um passo: dizer como o ladrão na cruz: “Este não fez nada, mas nós sim; nós merecemos porque somos ladrões, fizemos mal”.

Pergunto-lhe: você já reconheceu qual é o seu problema? Talvez não seja o dinheiro, não seja a saúde nem o marido ou a mulher; nem o filho ou o pai. Talvez seu problema não seja o chefe, nem a inflação. Pode ser que todas essas coisas sejam pretextos para esconder seu verdadeiro problema que tem raízes mais profundas.

Se você tomar consciência de sua situação, se a reconhecer e aceitá-la, já deu o primeiro grande passo na recuperação. Mas existe muita gente que, apesar de dar este primeiro passo, sente que nada muda. Por quê?

Em algum momento temos que parar, reconhecer nossa situação e clamar pedindo ajuda. Fale, em seu coração, com Deus. Fale: “Senhor, o meu problema sou eu, o meu temperamento, o meu caráter. Não tenho paciência, estouro por qualquer coisa. Não tenho sabido dominar meu temperamento. Meu problema não é meu patrão nem que os outros tenham oportunidades; meu problema é o meu temperamento. Sou impontual, desorganizado e não tenho forças para sair desta situação sozinho, preciso de sua ajuda”.

Vejam agora a resposta de Jesus a este ladrão. Ele disse: “Em verdade, em verdade te digo: Estarás comigo no Paraíso”. Percebam, queridos, o ladrão somente pede: “Lembra-te de mim”. Nada mais. Porém, Jesus lhe diz: “Eu te prometo que estarás comigo no Paraíso”. Nunca mais estará sozinho, nunca mais abandonado, rejeitado, nunca mais passará fome, nunca mais um ser querido morrerá. Você estará comigo para sempre, por toda a eternidade.
Fonte Canção Nova

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

JESUS TEM PENA DO POVO Mc 6,30-34 - 07.02.2015


HOMILIA

            Jesus havia escolhido os doze apóstolos e os enviara em missão. Agora retornam e contam a Jesus o seu desempenho. Na missão o ensino é acompanhado da ação libertadora e vivificante, o que é simbolizado pelas curas e exorcismos.
Uma leitura superficial do texto de hoje faz saltar aos olhos um tema muito central - o da “compaixão” de Jesus. Aliás, os evangelhos todos - e especialmente Lucas - enfatizam este aspecto da personalidade e da missão de Jesus. Ele demonstrou a quem o encontrasse a verdadeira natureza de Deus: de ter compaixão para todos os que sofrem. Os versículos de hoje demonstram este traço de Jesus no seu relacionamento com os discípulos e com as multidões. Com os discípulos, Ele ressalta a necessidade de descanso depois das tarefas apostólicas. Quando voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças. Jesus tem critérios que não correspondem com o grande critério da sociedade nossa - o da eficácia! Para Ele, os apóstolos não eram máquinas; mas, em primeiro lugar pessoas humanas, que necessitavam de serem tratadas como tal.
O trabalho - mesmo o trabalho missionário - não é o absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um equilíbrio entre todos os aspectos da vivência humana. Aqui há uma lição para muitos cristãos engajados hoje - embora devamos nos dedicar ao máximo pelo apostolado, não devemos descuidar das nossas vidas particulares, do cultivo de valores espirituais, da saúde e do relacionamento afetivo com os outros. Caso contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras máquinas ou funcionários do sagrado, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai. Mais ainda, o texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo sofrido. Era tão procurado pelo povo, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer.
Quando Ele se retirava, o povo ia atrás d’ Ele. O que atraía tanta gente? Com certeza não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de irradiar compaixão, de demonstrar de uma maneira concreta o amor compassivo de Deus. Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, literalmente, sofria junto, e tinha uma empatia pelos sofredores, que se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade de Jesus desafia a Igreja e os seus ministros hoje, para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai. Infelizmente, muitas vezes as nossas secretarias paroquiais mais parecem repartições públicas do que lugares de encontro com a comunidade que acredita no Deus de Jesus!
A frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui que marginaliza e que só valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões, hoje, como dois mil anos atrás, semelhantes a “ovelhas sem pastor”.
Pai, dá-me as disposições necessárias para eu realizar bem a missão recebida de Jesus, tendo-o sempre como modelo.
Fonte Padre BANTU SAYLA

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A VERDADE CUSTA A VIDA Mc 6,14-29 - 06.02.2015


HOMILIA

Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão.  Permita meu irmão, minha irmã: Será que coisa como esta ainda acontece nos dias de hoje?  Será que os homens que cobiçam ou desejam a mulher do amigo, do irmão, já não existem?  Ver e admirar a beleza na mulher que acaba de passar, é até certo ponto normal, natural, porque se você é homem, isto faz parte da natureza. A beleza da mulher ou do homem deve levar você a louvar a Deus que fez as coisas boas e belas. Está no livro do Gêneses: Deus fez tudo bem e belo. Então é natural contemplar a beleza humana desde que esta contemplação nos leve à Deus. O que não é natural e correto, é você não se controlar diante da exuberância  e da beleza da mulher ou do marido de outra pessoa, e partir para a conquista dela. É animalesco. Quando você passa por cima do fato dela ser a mulher do seu irmão, ou do marido da sua irmã e parte para planejar um modo de se aproximar dela ou dele com o objetivo de possessão, aí está cometendo pecado contra um dos dez mandamentos que foram deixados por Deus a Moises.
Trata-se de um pecado grave, pois atinge várias conotações, ou dimensões: primeiro: Aquela mulher linda ou homem lindo e saudável não lhe pertence, mas sim pertence a outro (a), ao seu ou a sua irmão em Cristo. Portanto, é pecado tirar qualquer coisa do seu irmão (a), principalmente sua mulher amada ou marido; Segundo: Ao conquistar a mulher do próximo, ou o marido da outra você destruiu um lar, uma família, fazendo infeliz os referidos filhos daquele casal; Terceiro: Você infringiu a Lei de Deus que diz: "O que Deus uniu, o homem não pode separar"; Quarto: Se você for casado (a), ou tem namorada (o), acabou de trair não só o marido daquela linda mulher, mais também traiu a sua esposa ou sua namorada, e destruiu duas famílias. Percebeu o estrago que você fez somente para satisfazer o seu instinto, o seu desejo, o seu egoísmo?
Até aqui nos referimos ou nos dirigimos ao homem, que cobiça a mulher ou o marido do próximo. Porém, como sabemos, existem não raros casos de mulheres que cobiçam,  atrai e conquista  o marido da próxima.  Sendo assim, da mesma gravidade.
Como homens e mulheres devemos respeitar a Lei de Deus, vamos nos controlar diante das tentações,  vamos respeitar aqueles que foram unidos no altar pelo representante de Deus na terra. Não vamos fazer o mal ao próximo, e principalmente trazer a infelicidade as crianças e adolescentes inocentes. Estamos falando dos filhos dos casais separados, aqueles que mais sofrem com as traições, e com a separação.
Outro pormenor do evangelho de hoje é que na verdade, quem articulou a morte de João, foram os poderosos da Galileia. Mais usaram Herodíades e sua mãe para executar o plano assassino. Trata-se da repressão do poder local contra as ações denunciadoras e libertadoras. A execução de João tem três significados: Primeiro, ironizar um rei que apesar de toda sua pompa, no fundo não passava de um fraco. Também significou uma advertência aos discípulos de Jesus que estavam preparados para o apresentar como O messias, O filho de Deus, ou o próprio Deus. E em terceiro lugar, o martírio de João serviria para avisar, para assustar a todos, no sentido de que tomassem consciência de que tanto de João como de Jesus, ninguém deveria esperar glória nem poder, mas um serviço humilde e divino, seguido de martírio.
            A vida de João Batista foi uma preparação para que a pessoa de Jesus Cristo fosse aceita. Ele veio preparar os caminhos. Por outro lado, sua vida é muito parecida com a aventura de Jesus. Ambos anunciaram o reino de Deus, foram perseguidos, contra eles houve a articulação dos poderosos, para tramar a morte de ambos, porém em espaço de tempo seguido ou diferente. Também, igualmente, ambos permaneceram na mente do povo até hoje. Jesus mais além. Ele sendo o próprio Deus, está presente de verdade em todos os lugares. Concluindo: O dom da vida não pertence aos poderosos, mas sim a Deus. Isto quer dizer, que alguém por mais poderoso que seja não tem o direito de tirar a vida de outra pessoa. A vida pertence a Deus.
Pai, que as contrariedades da vida jamais me intimidem e impeçam de seguir adiante, cumprindo minha missão de evangelizador e de dizer sempre a verdade. Ainda que isso me custe a vida como João Batista. É isso que vos peço Ó Pai do Céu. Daí-me força para não cair na tentação da beleza carnal.
Fonte Padre BANTU SAYLA

A MISSÃO DOS DOZE DISCÍPULOS Mc 6,7-13 - 05.02.2015

A MISSÃO DOS DOZE DISCÍPULOS Mc 6,7-13
HOMILIA

Jesus Cristo está a poucos meses pregando pela Judéia e Galiléia. Foi formando um grupo de discípulos e seguidores, e o Mestre escolheu doze deles como apóstolos. Com eles fala intimamente, explica-lhes as parábolas, escuta-os e ensina-os. Chega o momento de mandá-los para pregar. É a primeira missão dos apóstolos, uma primeira mega missão para preparar o caminho da pregação de Jesus. O Mestre lhes explica com detalhe o que fazer. Não lhes pede que dêem grandes sermões teológicos, nem que falem de tal forma que deixem boquiabertos quantos escutarem. Simplesmente tem que anunciar a paz (“A paz esteja nesta casa”), e ensinar que o Reino de Deus está próximo, o Reino do Amor. Com esta tarefa e com a confiança colocada no senhor, os apóstolos saem para percorrer os povoados e cidades próximas.
O chamado e consequentemente o envio é uma tarefa que não se pode realizar no individualismo. O chamado é pessoal, a resposta também, mas o ministério, o serviço deve ser entendido numa dimensão comunitária. Pois a igreja é mistério de comunhão. E para que os apóstolos entendessem isso, Ele os envia em missão, dois a dois, colocando como centro vida em comunidade na ação missionária. Este foi o espírito do Concílio Vaticano II: A missão na Igreja-comunhão
Onde fica sua força, a eficácia da sua ação? Em que são enviados por Alguém. Não anunciam uma mensagem própria, mas sim a mensagem de Outro. Aí está a força do cristão quando prega para os outros. Não sou eu que quero fazer com que o outro fique admirado com minhas idéias maravilhosas; sou eu que quero transmitir ao outro a grandeza de Deus, a maravilha de Deus, a experiência de se sentir amado por Deus. Pensemos que esta pregação não é algo exclusivo de umas missões de evangelização. Pregamos com nosso exemplo quando vamos à missa em família, quando consolamos um amigo que está precisando. Pregamos com nosso exemplo quando compartilhamos a alegria de viver, o otimismo diante de uma situação difícil, a vontade de amar aquele que não se sente amado, o entusiasmo por “fazer o bem sem olhar a quem”.
Os doze apóstolos saíram para pregar pelos caminhos e cidades. O Evangelho nos narra que regressaram cheios de gozo, felizes por constatar os frutos de sua missão. É a experiência comum de quem participa de uma missão de evangelização: três ou quatro dias de pregação, de missão, dias de trabalho, cansaço, sacrifício, mas dias que nos enchem o coração de alegria e satisfação, a alegria que só Deus pode dar. Façamos da nossa vida uma missão contínua: missão na família, sendo a peça que une e anima a convivência familiar. Missão no trabalho, com a honestidade, o profissionalismo, o gosto pelas coisas bem feitas. Missão entre nossos amigos e conhecidos, com nosso otimismo diante da vida, nosso testemunho de cristãos alegres, entusiastas, fiéis aos valores do Evangelho e da Igreja.
Pai, ajuda-me a superar toda tentação de acomodar-me, pois, como apóstolo do teu Reino, tenho de estar, continuamente, a caminho.
Fonte Padre BANTU SAYLA

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

FÉ NO ENSINO E PALAVRA DE JESUS SALVA Mc 6,1-6 - 04.02.2015


HOMILIA

Depois de Jesus ter ressuscitado a filha de Jairo em Cafarnaum, hoje no texto segundo Marcos, diferentemente de Mateus e Lucas que contam que Jesus havia nascido em Belém, mas logo mudou para Nazaré, onde viveria sua infância até a idade adulta, Jesus dirigiu-se a Nazaré, sua pátria. O ponto convergente entre ambos é que todos se referem a Nazaré como sendo a pátria de Jesus. E afirmam que Jesus como de costume entrou no templo não para observar quem tinha a roupa bonita, quem, tem o sapato melhor, ver os defeitos dos olhos, falar mal dos outros como as vezes acontecem, infelizmente, com muitos de nós mas sim para ensinar verdades de vida ou de morte para os que crerem e para os que não crerem.  Esta atitude nos leva a perceber que ao longo da narrativa, que enquanto Jesus ensinava na sinagoga, houve muitas murmurações a seu respeito.  Segundo Marcos, Havia, em primeiro lugar, o preconceito de seu povo, já que Jesus era o filho de Maria e José, o filho do carpinteiro e se fosse “o José”, famoso, dono de carpintarias e marcenarias valeria apenas. Mas tratava-se de um tal josé, sem nome no jornal, no Rádio, na Telinha da TV, e na página da Internet. Portanto tratava-se de José pobre e como é dito popularmente: filho de pobre pobre é, Jesus estava condenado a assumir toda herança paterna. Assim se justifica embora erradamente as perguntas: De onde é que este homem consegue tudo isso? De onde vem a sabedoria dele? Como é que faz esses milagres? Por acaso ele não é o carpinteiro, filho de Maria? Não é irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não moram aqui?

Todavia, Jesus, em seu exemplo de humildade e simplicidade, nascido em meio a pobreza, tinha mais sabedoria do que os chefes da sinagoga e os desafia.

Percebemos um segundo ensinamento, quando Jesus pergunta “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”. A verdadeira família é a família espiritual. Podemos notar que Jesus aproveita-se de todos os momentos para ensinar. Porém, o escândalo provocado pela multidão não estava relacionado ao fato de Maria ter ou não outros filhos, o problema fundamental daquele tempo e que Marcos traz à tona é o escândalo da encarnação. Ainda hoje com muita freqüência encontramos pessoas com humanidade de jesus! Quantas quantas teorias esdrúxulas sobre onde Jesus passou os primeiros trinta anos da sua vida, quando a realidade é que Ele os passou como qualquer outro rapaz da sua geração – numa família e comunidade do interior, trabalhando com as mãos e partilhando a dura sorte do seu povo. Mas relutamos para não enxergar a opção real de Deus pelos pobres, marginalizados ou seja excluídos das nossas sociedades através da realidade da encarnação!

Como vivera ali durante toda a sua vida, todos acreditavam que o conheciam bem, e não acreditaram nas suas palavras. Jesus diz, então, que um profeta só não é aceite em sua própria pátria. Pois como vimos até os seus próprios parentes também relutaram para não aceitar a pessoa e a missão de Jesus. Se fosse um fariseu, ou um “doutor” da classe opressora, ele teria sido aceite! Quanta coisa igual hoje – quando preferimos acreditar nas palavras retóricas dos “doutores” e desprezamos a sabedoria popular dos que lutam no meio do povo para um mundo mais justo!

Portanto, o terceiro ensinamento está relacionado à valorização daqueles que estão próximos de nós. Muitas vezes, não reconhecemos as virtudes dos que convivem conosco, dando maior valor àqueles mais distantes. Parece que os de fora são inteligentes, verdadeiros, honestos, justosm, lindos, respeitadores, carinhosos, pacíficos, românticos, têm tudo o que uma pessoa procura numa outra para ser feliz. E se esquecem que o que é nosso é nosso. Ainda que seja um farrapo, vale mais do que um ouro emprestado.

Portanto, a incredulidade do povo de Jesus impossibilitou que Ele realizasse os milagres. Era preciso que o povo tivesse Fé na missão de Jesus para que seus milagres não fossem tidos como produto da magia humana, ou ilusionismo. Era impossível a salvação sem a Fé no poder de Jesus. E Jesus se admirou pela falta de Fé dos seus. Essa admiração pode ser traduzida como uma forma de decepção.

Hoje, meus irmãos, precisamos buscar a Fé em Cristo e na sua palavra. E a única maneira de alcançarmos a verdadeira Fé é através do conhecimento da Verdade. Jesus sempre relacionava a Salvação à Fé. Muitos dos que eram por ele curados, escutavam: “A tua fé te salvou”. E, quando disse Jesus: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. Que Verdade é esta, senão a Sua palavra e os seus exemplos?

Somente com o estudo da Palavra de Jesus, buscando conhecer a Sua Verdade, aprenderemos a ter Fé. Uma Fé raciocinada, lógica. E, aprendendo a ter Fé, estaremos aptos a fazer as escolhas corretas, sabendo distinguir entre os diversos caminhos, em busca da Salvação prometida por Cristo a todos nós, pois a fé, a esperança e confiança no conteúdo do Seu ensino e palavras são a garantia da vida eterna para todos os homens e mulheres. Senhor Jesus, dá-me a graça de permanecer sempre nos vossos ensinamentos, guardando e vivendo tudo o que Vós recomendastes aos Apóstolos para no-lo transmitir, tudo o que a Santa Mãe Igreja ensina aos seus filhos e filhas!

O texto nos desafia para que nos questionemos sobre o Jesus em quem acreditamos! Conseguimos vê-lo nos pequenos e humildes e nas pequenas ações em favor do Reino? Ou o buscamos nos milagres e coisas estrondosas, que muitas vezes podem mascarar uma relutância em assumir o caminho da Cruz? Marcos quer suscitar uma desconfiança na sua comunidade – se nem as autoridades e nem os parentes de Jesus o compreenderam, será que nós o compreendamos? Paulatinamente caminhamos para o Capítulo 8 no qual seremos convidados a responder a pergunta fundamental da nossa fé: quem é Jesus para mim hoje?
Fonte Canção Nova